sábado, 20 de setembro de 2008

Pixordices 18: Democrácios e humanítricos

1. Quando havia governos de esquerda não legitimados por eleições, os bem-pensantes de serviço exaltavam as eleições como única medida da legitimidade democrática, embora se esquecessem, muitas vezes, de ter o mesmo rigor de julgamento, quanto aos governos de direita, não legitimados por eleições.

Como, actualmente, há muitos governos de esquerda, legitimados por eleições (recorde-se o caso da América do Sul), os mesmos bem-pensantes descobriram que não basta eles terem a maioria eleitoral é preciso também que preencham uma série de requisitos, que vão inventando, de modo a poderem dizer que eles faltam a esse governos de esquerda queridos pela maioria do povo.

Quem deveria governar então? A direita desses países, apoiada apenas por uma parte minoritária do eleitorado ?

São os democratas maioritários: só são a favor da democracia quando ela dá a vitória à direita.

Muito edificante…

2.
Tributária da mesma idiossincrasia, a administração Bush descobriu um caminho esquisito, para se demarcar de governos de outros países que não lhe agradem. Em vez de manifestar as suas divergências políticas, confrontando-os com a correspondente crítica, prefere acusá-los de não participarem com a necessária eficácia no combate à droga.

É que se chama boa fé política, é o que se pode considerar um comportamento impecavelmente marcado pela ética .

3.
Proliferam na actualidade as organizações de defesa dos direitos humanos. Como em tudo, há que separar o trigo do joio. Há que distinguir as que se pautam por regras de imparcialidade política inequívoca, das que são meras entidades mercenárias, que apenas executam uma agenda predeterminada pelos seus financiadores; distinguir as que se batem por um mundo melhor das que são meros agentes de propaganda de uma ideologia ou de um Governo.

Mas o crivo, cujo relevo é decisivo, é o que filtra cuidadosamente os direitos humanos cuja defesa protagoniza, separando-os dos direitos humanos que por completo ignora. É um crivo perverso que marca, inapelavelmente, quem com ele se conformar.

Cada vez mais, uma verdadeira defesa dos direitos humanos não pode deixar na sombra o combate em prol de todos os direitos que estão inscritos na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. Pugnar por uns e esquecer os outros, é uma atitude que inquina , por completo, todos os resultados a que se chegar.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Direita, em particular a mais retrógada e exploradora, entende a Democracia, como se de um regime se tratasse para a servir.