terça-feira, 16 de setembro de 2008

Um eclipse do Norte


São, às vezes, os aspectos implícitos dos acontecimentos políticos que mais significado têm. Um bom exemplo disso foi dado pela recente cimeira de Presidentes sul-americanos, a propósito do que se passa na Bolívia.

Independentemente de terem manifestado apoio sem reservas ao poder democrático de Evo Morales, embora sem renunciarem a um papel pacificador, sempre em conjugação com o Presidente boliviano, um facto objectivo e incontornável foi a ausência dos USA.

Como vai longe o tempo dos regimes-capacho do vizinho do Norte!
Aliás, significativamente, o Embaixador dos USA foi expulso pelo Governo Boliviano, com a alegação que ele impulsionou os rebeldes amotinados. Aliás, foi patética a sua reacção, quando afirmou que terem-no expulsado ia prejudicar o combate ao tráfico de droga. De facto, ficou assim bem claro que, para o "bushismo", esse combate é principalmente uma cortina, que procura esconder ou disfarçar um intervencionismo político, cada vez menos popular entre os seus alvos.

Em conclusão, os Estados sul-americanos juntaram-se, para resolver uma questão de guerra e paz apenas entre si, respeitando um quadro democrático e ouvindo-se uns aos outros, alheados da tutela do "grande irmão" do Norte. Não partilhavam, de início, uma posição única, mas souberam encontrá-la.
Eis um efeito colateral da progressiva viragem à esquerda que tem vindo a ocorrer na América do Sul, na última década. Uma viragem porventura encorajada pela grande "habilidade" política dos "muchachos" do Sr. Bush.

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