São, às vezes, os aspectos implícitos dos acontecimentos políticos que mais significado têm. Um bom exemplo disso foi dado pela recente cimeira de Presidentes sul-americanos, a propósito do que se passa na Bolívia.
Independentemente de terem manifestado apoio sem reservas ao poder democrático de Evo Morales, embora sem renunciarem a um papel pacificador, sempre em conjugação com o Presidente boliviano, um facto objectivo e incontornável foi a ausência dos USA.
Como vai longe o tempo dos regimes-capacho do vizinho do Norte!
Aliás, significativamente, o Embaixador dos USA foi expulso pelo Governo Boliviano, com a alegação que ele impulsionou os rebeldes amotinados. Aliás, foi patética a sua reacção, quando afirmou que terem-no expulsado ia prejudicar o combate ao tráfico de droga. De facto, ficou assim bem claro que, para o "bushismo", esse combate é principalmente uma cortina, que procura esconder ou disfarçar um intervencionismo político, cada vez menos popular entre os seus alvos.
Em conclusão, os Estados sul-americanos juntaram-se, para resolver uma questão de guerra e paz apenas entre si, respeitando um quadro democrático e ouvindo-se uns aos outros, alheados da tutela do "grande irmão" do Norte. Não partilhavam, de início, uma posição única, mas souberam encontrá-la.
Eis um efeito colateral da progressiva viragem à esquerda que tem vindo a ocorrer na América do Sul, na última década. Uma viragem porventura encorajada pela grande "habilidade" política dos "muchachos" do Sr. Bush.
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