O tempo é uma brisa que corrói. Passa como se fosse uma leve carícia, para de súbito nos agarrar de supetão, lembrando-nos bruscamente que passou.
Vem isto a propósito da fotografia que o meu irmão Luís hoje me mostrou, pescada na sua vasta arca de memórias. Foi assim que ele nos viu, nos longínquos anos 70, quando o 25 de abril era ainda um incêndio de esperanças, a mim e ao Adriano Correia de Oliveira. O cálido agosto algarvio oferecia-nos o mar de todas as viagens, mas os barcos aconchegados no remanso das praias hesitavam e resistiam ao perigoso canto das sereias.
Pouco anos depois o Adriano havia de partir na longa viagem de que não se regressa, mas a sua voz continua a procurar-nos como um toque de alvorada.
Porém, naquela tarde, naquele breve momento , os barcos da alegria ousavam a partida como se o oceano coubesse na esperança tranquila que nos envolvia.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
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