Na
página virtual da revista brasileira de grande circulação CartaCapital , acaba de
ser publicado o texto que a seguir transcrevo, cujo conteúdo fala por si. Para além
disso, vê-se a que vozes portuguesas é atribuída credibilidade no Brasil. Em
título destacado, sublinha-se que o “Sociólogo português diz que Europa criará
"Estado de Mal-Estar" “ . Logo de seguida, ainda em texto destacado, continua-se: “Boaventura de Sousa Santos, diz que o continente está virando “um miniatura
do mundo, com países de primeiro, segundo e terceiro mundos” .
Boaventura de Sousa Santos, em imagem de 2007. Foto: Agência Brasil
Após a fotogafia que acima se reproduz, segue-se o seguinte texto:
“A crise econômica está fazendo a Europa deixar de ser
o continente em que as políticas sociais diminuem os efeitos das desigualdades
econômicas e permitem uma boa qualidade de vida ao conjunto da população.
“Querem criar o Estado de Mal-Estar na Europa”, critica Boaventura de Sousa
Santos, o sociólogo português mais conhecido no Brasil, fazendo referência ao
antigo Welfare State [Estado de Bem-Estar] criado na Europa, a partir do final
da 2ª Guerra Mundial (1945).
Segundo Boaventura, a Europa está deixando de ser um
continente de primeiro mundo para tornar-se “um miniatura do mundo, com países
de primeiro, segundo e terceiro mundos”. Ele se refere ao empobrecimento de
alguns países e a falta de proteção aos cidadãos, como acontece em Portugal, na
Espanha e na Grécia, mas com reflexos em todo o continente.
Para o sociólogo, o modelo de governança da União
Europeia esvaziou-se e o projeto está desfeito de forma irreversível. Ele
atribui ao “neoliberalismo” os problemas enfrentados pelo continente, como o
desemprego. “Esta crise foi criada para destruir o trabalho e o valor do
trabalho”, disse, ao encerrar em Lisboa um colóquio sobre mobilidade social e
desigualdades.
Conforme os dados do Eurostat, há 26,5 milhões de pessoas
desempregadas nos 27 países – contingente superior a toda a população na Região
Sul do Brasil (Censo 2010). Para o sociólogo, parte das demissões ocorre por
alterações nas regras de contratação. “Mudam os contratos de trabalho, mas não
mudam os contratos das PPPs”, disse se referindo às parcerias público-privadas
contratadas entre governos e companhias particulares para a exploração de
serviços como concessionários ou de infraestrutura.
Além da inflexão na economia e no plano social,
Boaventura assinala transformações políticas, como o esvaziamento do poder
decisório dos parlamentos, e dos lugares de “concertação social”, como os
portugueses chamam os conselhos e pactos criados para diminuir conflitos entre
empresários, trabalhadores e governo. Na opinião do sociólogo, em vez dessas
instâncias, se impõe a vontade dos credores externos, como acontece em
Portugal, segundo ele, por causa da Troika (formada pelo Fundo Monetário
Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia).
Boaventura Sousa Santos diz que a ação direta da
Troika leva à imobilidade do governo e questiona a racionalidade dos cortes dos
gastos sociais que estão sendo feitos. Na Assembleia da República, o
primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, disse que haverá convergência das
pensões e aposentadorias de ex-funcionários públicos e ex-empregados privados.
O chefe do Executivo português afirmou que não é uma opção ajustar a economia e
mudar direitos adquiridos. “O país tem que ajustar”, defendeu
A oposição critica, diz que a medida é
inconstitucional, e reclama do governo por tratar a austeridade como
inevitável. De acordo com o secretário-geral do Partido Socialista, António
José Seguro, em menos de dois anos de mandato de Passos Coelho 459 mil empregos
foram cortados - quase a metade dos 952,2 mil desempregados contabilizados em
março.”
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