segunda-feira, 30 de julho de 2012

A LUMINOSA SALVAÇÃO DE UM POVO



 Os economistas verdadeiramente impregnados por um espírito a científico, os funcionários das grandes organizações económico-financeiras internacionais e os tão sacrificados capitalistas, todos eles envolvidos numa fé comum, sabem que há um caminho para Portugal sair do atoleiro em que o despesismo desregrado dos trabalhadores em geral e de todos os pobres em particular os lançou. Um caminho que lhes foi anunciado numa revelação luminosa. Um caminho para uma competitividade verdadeiramente robusta, quiçá avassaladora. Mas um caminho afinal simples, ditado pela ciência e não pelas emoções  fugidias de uma generosidade piegas.

Ei-lo: 1) Reduzir os salários a zero, abolir a taxa social única e acabar com o despesismo da segurança social. 2) Confiar na boa vontade dos patrões e das suas piedosas mulheres (ou das patroas e dos seus piedosos maridos), para salvarem da fome e do sofrimento os trabalhadores [des]assalariados e os pobres em geral.3) Confiar na caridade dos capitalistas para ser aliviado o garrote da miséria que oprimiria  os trabalhadores e todos os pobres.

Assim, todos seriam felizes: os patrões veriam os seus lucros solidamente aumentados ficando mais ricos, para assim poderem ajudar aqueles cujos salários haviam absorvido; os trabalhadores seriam um recipiente dócil da caridade dos que haviam ficado com o dinheiro dos seus salários. Os ricos praticariam a caridade e talvez conquistassem o céu. Os pobres seriam obrigados a uma virtuosa frugalidade e a uma vida de sacrifícios que igualmente os levaria para o céu. Todos viveriam num país mais rico, todos teriam o céu a esperá-los para toda a eternidade. Todos seriam a reincarnação da própria competitividade. O que mais podemos desejar ?

Nenhuma troika jamais voltaria a fiscalizar-nos. Pelo contrário, todas as troikas presentes e futuras fariam romaria rumo a Portugal para aprenderem com aqueles esforçados pioneiros que haviam levado as esclarecidas ideias do troikismo neoliberal às últimas consequências.

7 comentários:

JGama disse...

São todos descendentes diretos de Edmund Burke.

Anónimo disse...

Quando nos entregamos de braços abertos à volupeia do voto falso e ao problema eternamente por resolver das classes médias altas, baixas e tal e coisa, só pode dar nisto: A corrupção é a razão desta degenerescência humana.
bem sabemos da história que em uma política sem moral os resultados são sempre negativos.

Um velhinho cá da terra: Limaceiro, Pescador, Cavador e Pedador entre outras artes que foi
adquirindo ao longo da vida, entendeu construir um "Catraio". Construção essa que durou 15 Anos.
O Tio António Aleixo de seu nome próprio ia dizendo quando lhe perguntavam pelo "Catraio"- Vai para a semana- Ficou vincado na memória do povo desta vila da Moita- o nome do catraio "Vai para a semana".

Tudo tem o seu termo, assim, não definhem na luta por que vai ser nossa a Tal vitória final!!!
De o Catraio, respeitosamente.

Rui Namorado disse...

A culpa é em política uma categoria estéril, para além de ser algo que tendemos a atribuir aos nossos adversários , recusando sempre a sua imputação se recair sobe nós.

Por isso, a melancolia do "eu bem dizia", podendo dar a volúpia de se julgar ter tido razão, de nada adianta.

Por mim, prefiro situar-me na perspetiva de procurara sair realmente de onde estamos, deixando o apuramento rigoroso dos virtuosos e dos pecadores para hipotéticos historiadores do futuro.

Embora saiba , evidentemente, que se não conseguir ainda que mitigadamente, fico sujeito a ser metido no saco dos melancólicos. Não me importo.

Anónimo disse...

Mas havia de importar!
Até por que seremos ou não responsaveis publicos e publicados.
Não tenho como deixar andar o barco à deriva...O Capricho do homem dá no que dá...Não vou nessa embarcação

Assim,só me resta desejarvos uns bons dias nesta crise sistemica porque passamos.
de "O Catraio" respeitosamente!

Rui Namorado disse...

O meu "não me importo" não está isolado.

E significa que prefiro correr o risco de, na prática, por falha minha ou por erro, produzir efeitos idênticos aos dos "melancólicos" do que optar por ser à partida um "melancólico". Prefiro tentar contribuir, por pouco que seja, para sairmos do buraco onde estamos, do que alinhar á partida com os "melancólicos".

Anónimo disse...

AH...A melacolia, com todo o respeito que vos tenho, pela franqueza e seriedade, não vos deixarei descansar...Quero lá saber...nem me importo...Existe é certo! mas não é uma propriedade privada nem tem legislação própria!

Fazem lembrar qaue ao fim de 2600 anos Thales de Mileto virou pai da electreicidazdec Estática e Pitágoras a aprender com os ergipc ios as medições sobre o terreno. E o pior pior é andarem ainda hoje nas escolas a nos fazerem, de castigo lembrar dessa da hipotnusa e outras. Será por ignorância ou castigo quando os povos podendo há 2400 anos utilizar a maquina a vapor e a roda dentada, ou foram por força das forças dominantes que registamos um não progresso?

A melancolia ocorre por via da verificação do foi possivel e não foi feito..!?
Boas Tardes por hoje de "O Catraio"

Rui Namorado disse...

Por aí se vê que nem sempre aquilo que se pensa poder fazer é realmente feito. Por isso, há um difícil caminho a percorrer entre a certeza, quiçá pertinente, sobre o que há a fazer e a capacidade para contaminar com essa certeza uma multidão suficientemente forte para fazer deslocar o sentido em que a sociedade evolui.Esta capacidade para contaminar os espítitos da ânsia de um outro mundo é muitas vezes pudicamente menosprezada, mas na minha opinião é decisiva.