quinta-feira, 12 de julho de 2012

SILÊNCIOS


Dois silêncios dia a dia mais pesados:

1º O do Ministro da Educação, feroz cruzado contra o facilitismo em educação, mas que no caso Relvas permanece entupido num silêncio cúmplice, quando até o próprio reitor da Universidade Lusófona já teve que se demitir, perante o escândalo de dezenas de equivalências concedidas  num único processo, objectivamente injustificáveis e realmente injustificadas. Silêncio, quando se teria esperado, pelo menos, o anúncio público da abertura de um inquérito, para apurar a conformidade do processo com a legalidade .

2º O do Ministério Público que, depois de declarar a plena legalidade do processo Relvas de equivalências, logo que estalou o escândalo, esqueceu-se até agora de explicar se na altura já tinha conhecimento do que viria a ser revelado depois ou não. Se o desconhecia, tem que se penitenciar por se ter pronunciado sem conhecimento de causa; se não o desconhecia tem que explicar como pode achar que respeita, sem margem para dúvidas, a legalidade e a ordem constitucional, um processo de equivalências, com essas características.

Fazendo fé no que disse Relvas, se esses dois silêncios são pesados, já a sua consciência ficou leve como uma pena. Mas o seu sorriso televisivo, esse continua amarelo, como se fosse de alguém que foi apanhado com a boca na botija.

5 comentários:

Anónimo disse...

Está tudo muito certo no até agora publicado e com o qual concordo plenamente, MAS...
1-Quem foi o ministro que "permitiu" tudo aquilo com a legislação então oficial?
2-Qual o governo da época? Quem duvida dos facilitismos então oficializados?
3-Quem duvida da "fraqueza" das muitas mentes que por aí vão e que só esperam um "buraco" nas leis para se empanturrarem do que de modo leal,ético e honesto talvez nem cheirassem?
--- Assim, permito-me concluir que o erro básico, primeiro e essencial, está em quem legisla e não fiscaliza porque há muitos "animais bestas" por aí.
Termino dando "razão" por defeito ao Alberto João que diz ir pedir equivlências para quatro licenciaturas, pois penso que com a experiência curricular dele deveria pedir equivalências para bem mais licenciaturas.

Rui Namorado disse...

1. Sempre fui e continuo a ser crítico do modo como foi concebido e levado a cabo o Processo de Bolonha em Portugal. Isso não significa que achasse que a Universidade não carecia de uma reforma.Nem significa que todos os aspectos da reforma de Bolonha sejam negativos. A valorização da experiência profissional e da actuação cívica como elementos de valorização curricular, considerados como qualificantes de um percurso académico,estão entre os que me parecem positivos.Nesse aspecto: mérito (e não demérito) de M.Gago. Mas essa inovação nada tem a ver com o que aconteceu no caso Relvas. O número de créditos atribuído é absurdo em termos absolutos. Isto é, mesmo que Relvas fosse um génio ostensivo, nunca seria esta uma resposta natural e adequada à sua genialidade. Para isso, existem os doutoramentos "honoris causa"; ou a possibilidade de de ele se candidatar a graus superiores. Mas o currículo de Relvas é "pífio". Sem favor, na melhor das hipóteses, justificaria a concessão de equivalências a três ou quatro cadeiras ( e não a mais de trinta).O resto não é consequência da lei, é ilegalidade; e seguramente uma imoralidade com duas faces, uma de quem concede, outra de quem aceita. Por isso,(e por serem públicos vários indícios que sugerem irregularidades processuais)aponto o dedo ao Ministro da Educação, que já devia ter aberto um inquérito a este caso específico, e ao Ministério público que se apressou a branquear o evento, para agora titubear uma intenção de procurar saber o que se passa,(o que é uma confissão de leviandade da primeira posição).

Rui Namorado disse...

"ou a possibilidade de de ele se candidatar a graus superiores".

Esclareço o que escrevi pois pode prestar-se a confusões: "ser admitido em provas de graus superiores".
Não se trata de adquirir um direito a uma passagem administrativa, mas sim de ter a oportunidade de prestar provas públicas e por elas ser avaliado num grau determinado, sem possuir o imediatamente anterior.

aminhapele disse...

Suponho que,no nosso tempo,a licenciatura em "vergonha na cara" se tirava antes da Primária...

Anónimo disse...

Estou a viver o nosso tempo, que saiba no nosso planeta não há outro tempo...A mundividência diz-nos o que queremos ouvir,,,A multifacidade dis-nos o que queremos escolher...A sociedade obriga-nos a viver socialmente por força da crição humana.
Reparai nos Lirios do Campo "A Natureza não é ingénua"! Nós somos e modificamos os ststus, mas transformá-los em meras aberrações só por conta do contraditório...
Definhamos individualmente, certo.Mas a sociedade em si continua vogando como as galaxias na eterna via do infinito/finito.

Embora em desacordo com todos os acordos firmados na Eurolandia, não deixo de dizer que de abstinências está a humanidade cheia.

Enquanto levarmos a vidinha a lembrar e então o outro? Não iremos a lado algum.

É que se chegou a um tal estado de coisas...Eras de reformas, de cima no ensino,ditas "necessárias" me
Fazem lembrar o tal que dizia: que "é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma"

Os factos aí estão, os professores têm os sindicatos que nem da sua classe percebe divididos por forças partidárias, os pais têm as associações divididas por territórios inconcebíveis nos tempos que correm, não mandatados pelos seus associados, mas sim pela corrente política que se serve. Sindicalistas que mais parecem patrões no mau sentido, e, os alunos que se tramem..!

Entrei na Escola primária com oa fotos de Carmona e Salazar. A nos fazerem lembrar o poder instalado, numa outra escola dita de Conde Ferreira tinha mais uma a do cardeal cerejeira. Só por isso não acredito que houvesse alguma vergonha... para mim, isto vai continuar mas cuidado, as massas vivem, mexem e também se irritam..!

Com o AVC que recentemente me derreou a ala esquerda, tenho tido mais dificuldade em escrever, desculpem, mas cá vou andando... com os respeitos de " O Catraio"