terça-feira, 17 de julho de 2012

RELVAS, PASSOS, CRATO - a mesma luta.


Em paralelo com o caso Relvas, cresce a sombra de um caso mais grave: o manto com que os actuais poderes de Estado, sob comando circunstancial mas efectivo do PSD, querem encobrir os contornos mais escandalosos de uma vergonhosa demonstração de menoridade cívica e de desfaçatez moral que através daquele caso se revela.

Hoje, vou falar de duas manifestações ostensivas dessa sombra.

Primeiro, Passos Coelho numa reacção que tentou que parecesse distante, a propósito do seu “não caso” Relvas, recusando dar qualquer relevo ao acontecido, deixou escorrer como se fosse nada uma ideia sem sal: a de que é necessário tornar mais exigente o regime das equivalências. Fatal. Essa anódina ideia teve a involuntária energia de uma verdadeira bomba. Passos Coelho acabava por dizer, mesmo sem o querer, que no seu espírito estava claro que as equivalências do seu “mestre” eram fruto da generosidade excessiva de um critério. Ele tinha, portanto, como absolutamente claro que Relvas objectivamente não tinha mérito suficiente para ser destinatário das equivalências concedidas; ou seja, que Relvas foi drástica e objectivamente favorecido. De outro modo, não teria dito o que disse. Ou seja, Passos Coelho acha que realmente o que deram a Relvas é um donativo escandaloso, mas não teve a verticalidade de o dizer. Mau sinal, quanto à densidade cívica e ética de um primeiro-ministro.

Segundo, o que o Ministro da Educação deixou transparecer, quando revelou recentemente que já estava em marcha uma auditoria à Universidade Lusófona, que daria resultados em poucos meses. De facto, Crato começou por se calar com embaraço. Quando viu que era oneroso prolongar o seu silêncio, deixou escapar que, em breve, como episódio normal da sucessão habitual de auditorias a Universidades privadas, iria ocorrer uma auditoria á Universidade Lusófona. Quando achou que isso era ainda insuficiente, informou que já se tinha iniciado uma auditoria à Universidade Lusófona. Terá pensado que desse modo mataria três coelhos com uma cajadada: não confessava expressamente que o caso Relvas, por si só, tinha contornos que justificassem um inquérito; durante os próximos dois ou três meses teria justificação para ficar em silêncio; as conclusões iriam cair num período em que o caso estaria menos presente na esfera pública. Enganou-se. Não vamos permitir mistificações.Com isso, apenas deixou que ficasse às claras uma tentativa de encobrimento.
Na verdade, todos sabemos que a decisão de mandar fazer esta auditoria resulta em primeira linha do caso Relvas. Pelo que o que devia ter sido ordenado era uma inspecção ao processo de equivalências em si próprio. De facto, concentrando-se a Inspecção no apuramento de um caso concreto, poderia ter resultados rapidamente; mas dispersando-se esforços garante-se que não haverá resultados proximamente. Ou seja, no imediato a decisão de Crato não procura trazer a verdade rapidamente à superfície, mas retardá-la, dando a impressão que se está à procura dela. Paralelamente, Crato diz-nos, de forma indirecta mas inequívoca, que está convencido que, qualquer que seja a verdade apurada quanto ao caso Relvas, ela só lhe pode ser desfavorável. Se estivesse convencido da completa lisura do processo, é lógico que tudo faria para que a verdade se apurasse com o máximo de celeridade.
Ou seja, temos como Ministro da Educação um arauto do rigor nas avaliações que afinal perante um escandalosos caso de favorecimento facilitador de que se aproveitou um ministro do mesmo Governo, se cala enquanto pode e ensaia manobras de diversão para o proteger.

Por isso, podemos afirmar que tendo estado até agora escondido nas brumas subtis de uma ideologia de ocultação, à medida que alguns gestos desastrados de protagonistas seus nos permitem ir percebendo melhor os seus contornos, o perfil esburacado do Estado laranja vai emergindo no horizonte como uma assombração.

3 comentários:

Anónimo disse...

Até que enfim...Me parece que o tal estado laranja deixará de gozar o tabu da sua comodidade critica!?

Só agora!?
Já meu avô, Inocêncio de seu nome próprio me dizia - cuidado filho! Nem tudo que Luze é Ouro, Nem tudo que balança cai..!
A menina que vai à igreja pode ser que seja uma santa mas tasmbém pode ser que não seja.

Trinta e tal anos de governação me parece não ter chegado para perceber as várias estadias governamentais com as variàveis cores disseminadas pelos diversos títeres aureolados de ouro, escudos e euros. Contudo fico com uma dúvida, Quem é ou quem vai ser o títere do Dólar, mas que seja USA?
Vamos lá pensar bem nisto: Quem pensa na penalização do Povão ?
Respeitosamente de "O Catraio"

Anónimo disse...

Sempre atento, sempre misterioso, este Catraio, com o seu punhal de veludo.

Descobrir quem ele é: eis uma tarefa à altura do grande Maigret.

Saudações.

Rui Namorado

Anónimo disse...

Seria bom que todos os doutorados verdadeiros ensinassem o que é de ensinar.

Mas pelos vistos não pode ser..!
Depois de ler durante anos os grandes filosofos, pensei que a humanidade teria ou terá escolha entre o que é bom e o menos bom.
Tenho a certeza de não estar enganado. Não sou utópico!

Acredito somente na verdade

Entretanto a mentira também existe
corroborada e veiculada por filosofos. Suponho que aqui e ali as Universidades o fazem como veículo de mais Ouro.

Entretanto acredito nesta humanidade que um dia nos há-de levar a bom porto!!!

Mas é bom começar já. Hoje há mais escravos que nos tempos do esclavagismo Helénico/Espartaquiano
No entanto os povos vão-se movimentando com lentid-ao, sim, mas movimentando-se...
O Socialismo que tanto desejo como julgando o melhor para o Homem, parece que tarda...mas enexoravelmente ele virá!!!
COM OS DEIDoS Respeitos de "o Catraio"