Em paralelo com o caso Relvas, cresce a sombra de um caso
mais grave: o manto com que os actuais poderes de Estado, sob comando circunstancial
mas efectivo do PSD, querem encobrir os contornos mais escandalosos de uma
vergonhosa demonstração de menoridade cívica e de desfaçatez moral que através
daquele caso se revela.
Hoje, vou falar de duas manifestações ostensivas dessa
sombra.
Primeiro, Passos Coelho numa reacção que tentou que
parecesse distante, a propósito do seu “não caso” Relvas, recusando dar qualquer
relevo ao acontecido, deixou escorrer como se fosse nada uma ideia sem sal: a de que é
necessário tornar mais exigente o regime das equivalências. Fatal. Essa anódina
ideia teve a involuntária energia de uma verdadeira bomba. Passos Coelho acabava
por dizer, mesmo sem o querer, que no seu espírito estava claro que as
equivalências do seu “mestre” eram fruto da generosidade excessiva de um
critério. Ele tinha, portanto, como absolutamente claro que Relvas
objectivamente não tinha mérito suficiente para ser destinatário das
equivalências concedidas; ou seja, que Relvas foi drástica e objectivamente
favorecido. De outro modo, não teria dito o que disse. Ou seja, Passos Coelho
acha que realmente o que deram a Relvas é um donativo escandaloso, mas não teve
a verticalidade de o dizer. Mau sinal, quanto à densidade cívica e ética de um
primeiro-ministro.
Segundo, o que o Ministro da Educação deixou transparecer,
quando revelou recentemente que já estava em marcha uma auditoria à
Universidade Lusófona, que daria resultados em poucos meses. De facto, Crato
começou por se calar com embaraço. Quando viu que era oneroso prolongar o seu
silêncio, deixou escapar que, em breve, como episódio normal da sucessão
habitual de auditorias a Universidades privadas, iria ocorrer uma auditoria á
Universidade Lusófona. Quando achou que isso era ainda insuficiente, informou
que já se tinha iniciado uma auditoria à Universidade Lusófona. Terá pensado
que desse modo mataria três coelhos com uma cajadada: não confessava
expressamente que o caso Relvas, por si só, tinha contornos que justificassem
um inquérito; durante os próximos dois ou três meses teria justificação para
ficar em silêncio; as conclusões iriam cair num período em que o caso estaria
menos presente na esfera pública. Enganou-se. Não vamos permitir mistificações.Com
isso, apenas deixou que ficasse às claras uma tentativa de encobrimento.
Na verdade, todos sabemos que a decisão de mandar fazer esta
auditoria resulta em primeira linha do caso Relvas. Pelo que o que devia ter
sido ordenado era uma inspecção ao processo de equivalências em si próprio. De
facto, concentrando-se a Inspecção no apuramento de um caso concreto, poderia
ter resultados rapidamente; mas dispersando-se esforços garante-se que não
haverá resultados proximamente. Ou seja, no imediato a decisão de Crato não
procura trazer a verdade rapidamente à superfície, mas retardá-la, dando a
impressão que se está à procura dela. Paralelamente, Crato diz-nos, de forma
indirecta mas inequívoca, que está convencido que, qualquer que seja a verdade
apurada quanto ao caso Relvas, ela só lhe pode ser desfavorável. Se estivesse
convencido da completa lisura do processo, é lógico que tudo faria para que a
verdade se apurasse com o máximo de celeridade.
Ou seja, temos como Ministro da Educação um arauto do rigor
nas avaliações que afinal perante um escandalosos caso de favorecimento
facilitador de que se aproveitou um ministro do mesmo Governo, se cala enquanto
pode e ensaia manobras de diversão para o proteger.
Por isso, podemos afirmar que tendo estado até agora escondido
nas brumas subtis de uma ideologia de ocultação, à medida que alguns gestos
desastrados de protagonistas seus nos permitem ir percebendo melhor os seus
contornos, o perfil esburacado do Estado laranja vai emergindo no horizonte
como uma assombração.
3 comentários:
Até que enfim...Me parece que o tal estado laranja deixará de gozar o tabu da sua comodidade critica!?
Só agora!?
Já meu avô, Inocêncio de seu nome próprio me dizia - cuidado filho! Nem tudo que Luze é Ouro, Nem tudo que balança cai..!
A menina que vai à igreja pode ser que seja uma santa mas tasmbém pode ser que não seja.
Trinta e tal anos de governação me parece não ter chegado para perceber as várias estadias governamentais com as variàveis cores disseminadas pelos diversos títeres aureolados de ouro, escudos e euros. Contudo fico com uma dúvida, Quem é ou quem vai ser o títere do Dólar, mas que seja USA?
Vamos lá pensar bem nisto: Quem pensa na penalização do Povão ?
Respeitosamente de "O Catraio"
Sempre atento, sempre misterioso, este Catraio, com o seu punhal de veludo.
Descobrir quem ele é: eis uma tarefa à altura do grande Maigret.
Saudações.
Rui Namorado
Seria bom que todos os doutorados verdadeiros ensinassem o que é de ensinar.
Mas pelos vistos não pode ser..!
Depois de ler durante anos os grandes filosofos, pensei que a humanidade teria ou terá escolha entre o que é bom e o menos bom.
Tenho a certeza de não estar enganado. Não sou utópico!
Acredito somente na verdade
Entretanto a mentira também existe
corroborada e veiculada por filosofos. Suponho que aqui e ali as Universidades o fazem como veículo de mais Ouro.
Entretanto acredito nesta humanidade que um dia nos há-de levar a bom porto!!!
Mas é bom começar já. Hoje há mais escravos que nos tempos do esclavagismo Helénico/Espartaquiano
No entanto os povos vão-se movimentando com lentid-ao, sim, mas movimentando-se...
O Socialismo que tanto desejo como julgando o melhor para o Homem, parece que tarda...mas enexoravelmente ele virá!!!
COM OS DEIDoS Respeitos de "o Catraio"
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