Numa página da internet correspondente à revista Visão pode ler-se o seguinte: "Quando, com 24 anos, foi eleito pela primeira vez deputado para a Assembleia da República, Miguel Relvas declarou, no registo biográfico que todos os parlamentares entregam no início de cada legislatura, que era "estudante universitário, 2.º ano de Direito", conforme apurou o Público. Uma informação que voltou a dar no início da legislatura seguinte.
Só que o atual ministro-adjunto confirmou ao jornal que apenas concluíra, em julho de 1985, uma cadeira do 1º ano de Direito, curso que abandonou para o de História.
À TVI, Miguel Relvas esclareceu, por e-mail, que se tratou de "um lapso", corrigido "há 21 anos", uma vez que ao ser eleito pela terceira vez emendou o seu percurso académico para "frequência dos cursos de Direito e História.
Relvas esteve então matriculado em quatro cursos: Direito, na Universidade Livre, onde fez apenas uma cadeira); História, na mesma Univernidade, onde esteve inscrito em sete cadeiras e não concluiu nenhuma); Relações Internacionais, na Universidade Lusíada, onde não frequentou nenhuma disciplina, e, por último, Ciência Política e Relações Internacionais, na Universidade Lusófona, que iniciou em setembro de 2006 e concluiu em outubro de 2007."
Deste sólido currículo, revelador de uma irreprimível vocação académica, interessa-me hoje chamar a atenção para as falsas declarações prestadas sobre as suas habilitações para efeitos oficiais. Foi um lapso, alegou o ministro com a desenvoltura que o caracteriza. E cada um de nós sabe perfeitamente como é comum que os estudantes de Direito que tenham feito uma simples cadeira do 1º ano se confundam julgando-se no segundo, sendo certo que há ainda o detalhe da matrícula: ninguém frequenta o segundo ano sem se matricular nas respectivas cadeiras, sendo improvável que alguém julgue frequentar uma ano no qual se não matriculou.
Prestar falsas declarações é um acto grave, especialmente quando é praticado por um político. Que não o tenha reptido numa legislatura seguinte impede a reincidência, mas não o desculpa de um comportamento ilícito. Não se devem fechar os olhos a isto, ainda que se deva evitar o aprisionamento do debate político nas malhas dos desmandos de alguns políticos da nossa virtuosa direita.
Mas hoje vou-me fixar na contradição entre o depoimento de uma jornalista que alegou ter sido pressionada e ameaçada por Relvas e o depoimento deste que negou as ameaças e as pressões , embora tivesse confessado um tom agressivo. Já foi estranho que a ERC do grande Magno não tivesse estranhado confessar-se a agressividade de um tom deixando-se no ar a ideia de que em tom agressivo se não tinham dito coisas objectivamente agressivas. Mas agora verifica-se que se tivesse sido Relvas quem mentiu neste recente episódio, não o estaria a fazer pela primeira vez. Pelo menos uma outra vez, em ocasião relevante, é hoje público que mentiu, o que aliás o próprio confessou, embora embrulhando a confissão numa inverosímil acusação de lapso. A sua credibilidade diminiui ainda mais e a da jornalista aumentou.
Por mais que os poderes instituídos se agitem com incomodidade, dia após dia vão aparecendo novos buracos, pelo que é cada vez mais evidente que neste Relvado não podem decorrer jogos oficiais !
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