As opiniões sobre a política do governo socialista são diversas, indo do amor cego ao ódio cego, com uma vasta zona intermédia variegada e complexa.
As opiniões sobre a estratégia da CGTP, onde assume um relevo incontornável a recente manifestação dos 200 mil, são diversas, indo do amor cego ao ódio cego, com uma vasta zona intermédia variegada e complexa.
O amor e o ódio, em política, não são bons conselheiros, especialmente, quando são necessárias opções estratégicas e comportamentos tácticos que, para atingirem o máximo de eficácia, têm que ser simultaneamente firmes e subtis. Sem firmeza, a subtileza pode descambar em oportunismo; sem subtileza, a firmeza pode converter-se em burrice.
Se o amor e o ódio forem tão fortes que tornem metaforicamente apropriado qualificá-los como cegos, tudo isso se agrava.
E, no entanto, por entre o jardim simbólico dos sentimentos, o peso dos factos políticos centrais da conjuntura impõe inexoravelmente a sua presença.
Estiveram na rua duzentos mil trabalhadores organizados, manifestando uma forte desconfiança quanto à política do governo socialista; entre crispados e desesperados, futuramente mais disponíveis para considerarem que tudo o que vem do Governo é mau, do que para serem justos perante qualquer possível nova medida positiva que seja tomada. E, principalmente, com grandes potencialidades para servirem de rastilho a incêndios mais vastos.
Suponhamos que essa crispação se agrava e se estende, contribuindo para acidentes políticos que conduzam a uma derrota do PS nas próximas eleições. Que governo se formará a seguir ? Um governo que una no mesmo conjunto os partidos que nas eleições tenham exprimido os duzentos mil que estiveram na rua e o PS, acabado de ser derrotado por esses partidos ? Muito improvável, para não dizer impossível.
Se não for esse o governo qual será? Um governo de direita? É a única hipótese, se excluirmos uma coligação da direita com o PS, que sendo improvável, se fosse consumada sempre se traduziria num governo mais desfavorável aos duzentos mil do que o governo actual.
Ou seja, se a crispação actual se acirrar e conduzir a níveis mais amplos e mais fundos de ruptura entre o PS e uma parte da sua base eleitoral de apoio, o cenário mais provável é o de uma derrota do PS nas próximas eleições legislativas e o emergir de um governo que esteja mais longe das aspirações e dos interesses dos duzentos mil do que o governo actual.
Por isso, o que corre o risco de estar em marcha não é apenas um rolo compressor que vá esmagar os sonhos de nova vitória do PS, é um rolo compressor que, além disso, esmagará ainda mais os interesses e as aspirações dos duzentos mil.
As opiniões sobre a estratégia da CGTP, onde assume um relevo incontornável a recente manifestação dos 200 mil, são diversas, indo do amor cego ao ódio cego, com uma vasta zona intermédia variegada e complexa.
O amor e o ódio, em política, não são bons conselheiros, especialmente, quando são necessárias opções estratégicas e comportamentos tácticos que, para atingirem o máximo de eficácia, têm que ser simultaneamente firmes e subtis. Sem firmeza, a subtileza pode descambar em oportunismo; sem subtileza, a firmeza pode converter-se em burrice.
Se o amor e o ódio forem tão fortes que tornem metaforicamente apropriado qualificá-los como cegos, tudo isso se agrava.
E, no entanto, por entre o jardim simbólico dos sentimentos, o peso dos factos políticos centrais da conjuntura impõe inexoravelmente a sua presença.
Estiveram na rua duzentos mil trabalhadores organizados, manifestando uma forte desconfiança quanto à política do governo socialista; entre crispados e desesperados, futuramente mais disponíveis para considerarem que tudo o que vem do Governo é mau, do que para serem justos perante qualquer possível nova medida positiva que seja tomada. E, principalmente, com grandes potencialidades para servirem de rastilho a incêndios mais vastos.
Suponhamos que essa crispação se agrava e se estende, contribuindo para acidentes políticos que conduzam a uma derrota do PS nas próximas eleições. Que governo se formará a seguir ? Um governo que una no mesmo conjunto os partidos que nas eleições tenham exprimido os duzentos mil que estiveram na rua e o PS, acabado de ser derrotado por esses partidos ? Muito improvável, para não dizer impossível.
Se não for esse o governo qual será? Um governo de direita? É a única hipótese, se excluirmos uma coligação da direita com o PS, que sendo improvável, se fosse consumada sempre se traduziria num governo mais desfavorável aos duzentos mil do que o governo actual.
Ou seja, se a crispação actual se acirrar e conduzir a níveis mais amplos e mais fundos de ruptura entre o PS e uma parte da sua base eleitoral de apoio, o cenário mais provável é o de uma derrota do PS nas próximas eleições legislativas e o emergir de um governo que esteja mais longe das aspirações e dos interesses dos duzentos mil do que o governo actual.
Por isso, o que corre o risco de estar em marcha não é apenas um rolo compressor que vá esmagar os sonhos de nova vitória do PS, é um rolo compressor que, além disso, esmagará ainda mais os interesses e as aspirações dos duzentos mil.
Como ficarão os socialistas perante uma liderança que os tenha conduzido a uma derrota em benefício do que de mais retrógrado há no nosso país? Como ficarão os duzentos mil, quando virem que a sua “vitória” frutificou em resultados amargos e numa angústia ainda mais funda ?
A pergunta está escrita nos factos: Se a acrimónia actual parece ser suicida para o governo e para os interesse de uma boa parte dos trabalhadores organizados, porque não procuram negociar, entre si ?
Negociar, não a pequena mercearia do deve e haver quotidianos, mas um verdadeira pacto estratégico. Negociar: isto é, nem uns nem outros conseguirem uma vitória completa, mas talvez ambos ganhando com as cedências em que tenham a inteligência de consentir.
Ou então, há um forte risco que desta pugna saiam ambos derrotados , deixando o país entregue à gula sem limites dos interesse particulares, à girândola predatória dos senhores do dinheiro.
2 comentários:
Sopapos diz:
A esperança não pode morrer dentro do PS. Não podemos atirar este pobre país o colo duma escanzelada, azeda e tenebrosamente inculta personagem que governa o PSD. Há que berrar dentro e fora do PS para que esta sua direcção tome sentido, encontre rumo, saiba discernir e não cultive políticas de avestruz que nada querem ouvir porque se sentem donos das conveniências estratégicas.
Estes melros que fazem o ninho na sombra do socialismo precisam dum espantalho de outros 200 mil e tantos duzentos mil quantos os necessários para que a praxis política abra uma fenda de esperança, acenda uma vela de confiança e deixe de ser surda perante os "arruídos" que trovejam no horizonte...
Sopapos
RN em diálogo:
Sopapos mostra o ponto de partida: sem inconformismo e sem esperança, tudo se fecha.
No que diz projecta-se depois um outro pressuposto importante:um governo de esquerda com políticas erradas é negativo; se essas políticas sendo erradas parecem próximas do que faria um governo de direita, é ainda pior; mas um governo de direita representa um cenário global qualitativamente pior do que aquele em que se traduz um mau governo de esquerda.
Por isso, quer dentro, quer fora do PS, aqueles que têm uma perspectiva mais ou menos crítica quanto ao actual governo têm que calibrar bem o seu combate, de modo a que não se tornem agentes objectivos da substituição deste governo de esquerda por um governo de direita.
Os partidos que, em Portugal, partilham a esquerda com o PS não parecem ser capazes, a curto prazo, de projectarem a sua energia política numa participação governamental(e não é provável que sózinhos consigam uma maioria).
Mais uma razão para que a esquerda crítica interna não caia na mesma situação. Até ao momento, dispersa e pouco mais do que protestativa, é mais um estado de espírito do que uma especicifidade consistente no interior do partido.
Para bem dela própria, do PS e do país, precisa sair do limitado registo a que se tem confinado, ganhando um verdadeiro protagonismo estratégico, que exprima adequadamente a parte dos 40% do eleitorado socialista que com ela se identifica. Sem isso, pode tornar-se inoperante e meramente simbólica.
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