A esfinge desceu da sua placidez distante. Esqueceu suavemente o seu jardim dos velhos tempos. Esqueceu o sombrio imperador africano que usara como marca, para o que vira de amargo e soturno nas flores de então. E deixou-se inundar pela luz nova.
Em palavras solares, viu no jardim de agora o perfume de todas as flores. E a luz foi tão intensa que o próprio jardim se sentiu atravessado por uma brisa de espanto.
A esfinge subirá de novo o seu silêncio e lá ficará passeando pelos jardins da sua memória entre rosas e espinhos.
2 comentários:
É de facto de se ficar estupefacto com as declarações da Esfinge. Quando se vai a casa de alguém, deve ser-se bem educado, mas não é preciso ir tão longe, ou melhor, descer tão baixo, a ponto de lamber as botas do anfitrião!
Reflexão preciosa. Texto espectacular.
Se a mordacidade corroesse fisicamente, tínhamos, ali, um farrapo.
Claro que quem não quer ser lobo...
jlf
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