1. Os nossos neoliberais que dominam a comunicação social bem-pensante dizem que nos vão oferecer uma visão objectiva do salazarismo. O que subliminarmente sugere que os democratas que o sofreram e combateram, tendo estado na base do 25 de Abril, têm dado uma imagem distorcida do salazarismo. Ou seja, os nossos neoliberais talvez sejam neo-salazaristas que se desconhecem.
2. Os nossos neoliberais engoliram como bom o mau perder de Rajoy, quando disse que tinha subido mais que ninguém em lugares e em percentagem de votos, dando a entender que era isso que importava.
Nos jornais onde mandam lá foram destacando a subida da direita espanhola, como se esquecessem o detalhe insignificante que se traduziu numa nova vitória dos socialistas espanhóis. Como se as eleições fossem uma corrida por etapas em que é importante saber-se com quantos minutos de atraso se perde ou ganha cada etapa.
Aliás, parecem ter-se esquecido que o PSOE, tendo ficado mais perto da maioria absoluta ( antes estava a 12 deputados e agora está a 7) e mantendo a distância em lugares que o separava do PP ( 16 deputados), está numa posição relativamente mais vantajosa do que aquela em que estava.
Ou seja, os nossos neoliberais torcem afinal pelos conservadores espanhóis, que acabam de fazer uma campanha eleitoral ultra-caceteira, em vergonhosa conjunção com o sector dominante e mais reaccionário da Igreja Espanhola, deixando no ar uma atmosfera de crispação. E mostrando-se assim dispostos a tudo, para fazerem o PSOE perder as eleições. A tudo, mesmo a correrem o risco de ressuscitar os sombrios fantasmas do franquismo e da guerra civil.
3. Mas desse modo, ao contrário do que possa parecer, os nossos neoliberais foram coerentes com a lógica mais funda das suas posições.
De facto, a tradução política da lógica economicista neoliberal, se esta fosse levada, verdadeiramente, até às suas últimas consequências, implicaria necessariamente um regime realmente ditatorial , cujo autoritarismo iria seguramente bem mais longe do que aquele que é suscitado espontaneamente por qualquer pseudo-democracia musculada.
Por isso, se apaixonam tão facilmente pelos fantasmas do Salazar e se sentem tão irresistivelmente próximos das pulsões pós-franquistas dos populares espanhóis.
1 comentário:
Boa. O que eles não querem reconhecer é vitória da agenda política de Zapatero. Mas não são só eles, como sabes
http://politeiablogspotcom.blogspot.com/
Enviar um comentário