sábado, 16 de fevereiro de 2008

Pixordices 5 - Broncos ou anti-democratas ?


A democracia tece-se também por rotinas de respeito mútuo entre os partidos. E entre essas rotinas algumas delas adquiriram um estatuto simbólico de relevo máximo. Uma destas, respeitada, que me lembre desde o Verão quente de 1975, é a não manifestação contra qualquer partido junto das suas sedes.


É um sinal objectivo de tolerância e convivência democráticas. Nessa medida, a todos os partidos interessa, mas certamente que se compreende que não são os maiores partidos os que mais incómodos terão se, ao invés do que tem acontecido, passar a ser regra que cada partido mande os seus apoiantes apupar os militantes dos outros nas respectivas sedes.


Vem isto a propósito de uma cena deplorável a que acabo de assistir pela televisão. Um bando de arruaceiros, certamente simpatizantes de outros partidos e alegadamente professores, foi para junto da sede nacional do PS apupar o seu secretário-geral que ia participar numa reunião com professores socialistas. Pelo menos, uma jornalista televisiva teve o descoco de interpelar o Secretário-geral do PS como se fosse uma accção natural e legítima a arruaça anti-partidária que ali estava a decorrer e que certamente por acaso tinha ampla cobertura da comunicação social.


É difícil conservar uma democracia robusta e firme, é fácil desqualificá-la nos seus elementos estruturais e fragilizá-la. Mas só os anti-democratas o podem fazer sem, com isso, se estarem a combater a si próprios.


Por isso, o grupo que levou a cabo a habilidade referida ou é um bando afascistado ou é um enxame de idiotas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda que com letra minúscula, que o meu olho alcança com esforço, consegui ler tudo do teu texto.
Sabes que eu tenho ideia que a democracia tem que ser complacente e generosa. não pode impedir o burros de zurrar ou os cães de ladrar. Eu sinto aliás essa como a marca maior do regime democrático... Tu lembras-te, Rui, nós tínhamos quase medo de pensar, concerteza medo de sonhar... medo do estranho, do silêncio... Deixa a algazarra, o frenesim, o gesto vivo e agressivo.deixa que isso faz a festa da democracia....
O pior acontece quando a democracia se cala e faz as pilantrices que uma maioria basbaque e silenciosa, entretida com a fatia, deixa fazer. O alarido é festa.... O silêncio é morte...

Anónimo disse...

RN sem transigências:

Se a retórica tiver como resultado enublar a realidade não temos que ser complacentes com ela.

O teu texto é um texto desculpabilizante, para com um miserável atentado à convivência democrática entre partidos, que nada pode justificar.

A democracia não pode ser complacente para com aqueles que atentam contra ela.

Aliás, aquela arruaça imbecil nada desgastou quem a sofreu, já que verdadeiramente só apoucou os seus autores.

E os estados-maiores que organizaram a arruaça revelaram aliás uma enorme miopia política e dsinformação.
Deram um excelente presente á direcção do PS que se vira forçada a consentir na reunião com professores críticos da política do ME vindos de todo o país.

Relembrando o passado, não me recordo de nada quanto a medos, sonhos ou silêncios. recordo-me sim que já então as contestações burras acabavem sempre por ser apoios involuntários ao que se queria criticar.