O jornal "Público" resolveu desencadear mais uma campanha contra o actual primeiro-ministro.
Não achou no seu comportamento à frente do Governo, nem em qualquer aspecto da respectiva política, motivos para o criticar ou pontos de apoio para o atacar. O que, diga-se de passagem, só pode basear-se numa de duas razões: 1. Incompetência jornalística; 2. Identificação com o essencial da política governamental. Como não parece ter sentido identificar-se com a política de um Governo e despejar lixo sobre o nome do primeiro-ministro, resta a incompetência.
Investigou, investigou , investigou e finalmente lá conseguiu achar qualquer coisa nos idos anos 80 do século passado. Mastigou os factos encontrados, recheando-os de insinuações e deduções apressadas , revestiu-os com a saliva viscosa da calúnia e projectou-os tonitroantes nas manchetes. Pressurosa a matilha mediática precipitou-se sobre o novo evento e ampliou-o até parecer ensurdecdor.
O visado respondeu a um primeiro evento, o Público inventou um segundo. O visado respondeu ao segundo, o Público achou insuficientes as explicações e continuou a rosnar. A matilha foi uivando.
Se eu estivesse enganado, distorcendo o sentido e as intenções de um natural trabalho jornalístico o natural seria o Público dar a sua versão, noticiar a reacção do visado, bem como todas as outras relevantes e seguir em frente. Não foi isso que aconteceu. O jornal comportou-se como um rafeiro que não larga uma presa, não como quem quisesse dar uma notícia , mas como quem quisesse destruir um inimigo.
Aliás, foi com espanto que verifiquei que pelo menos nos destaques da internete o"Público" não reage dando o braço a torcer ou indicando argumentos contrários a uma notícia do SOL, onde se diz:" O professor catedrático de Direito Paulo Otero disse hoje à agência Lusa que o comportamento de José Sócrates ao acumular o cargo de deputado em regime de exclusividade com actividade profissional no sector privado não comportou «qualquer ilícito legal»".
Pelo contrário, alguém em seu nome veio dizer que, mencionando-se a proibição de actividade profissional não se exclui da proibição mesmo a actividade não remunerada. Isto é tão contrário às práticas correntes e tão idiota, que não precisa de ser contestado. Mas é um sinal sugestivo do nível dos plumitivos investigadores que infestam um jornal que ainda tem um resto de imagem que o faz merecedor de uma melhor qualidade de quem nele escreve.
Por mim, começo a interrogar-me se tem sentido continuar a comprá-lo como compro todos os dias desde que apareceu. Na verdade, se pode ser um espectáculo curioso assistir à tabloidização de uma referência, talvez seja suficinete acompanhar o espectáculo através da internet.
4 comentários:
Também compro o Publico diariamente.
De há algum tempo para cá,leio o P2 e,de quando em vez,alguns comentaristas do P1.
Desde que acabou o Pingue-Pongue,deixei de o começar a ler pela última página.
Hoje até me custa ver o debate televisivo em que Rui Tavares tem como oponente Luís Delgado...
Claro que,na questão que abordas,o que está em causa é toda a trapalhada da licenciatura de Sócrates.
De certo que nunca te aconteceu,ao longo dos anos,utilizares um domingo de Agosto para atribuires grau académico a um aluno...
Esse é que,quanto a mim,continua a ser o motivo de tamanha "fixação".
RN em conversa amena:
Estás enganado.Se a licenciatura do Sócrates não tivesse sido um fogo fátuo, não precisavam de inventar estas novas "chachas".
E quem conhecer o mínimo das burocracias universitárias mesmo bem organizadas, sabe que essa questão das datas não tem o mínimo significado.
Por mim, nunca acompanharei qualquer coro que pretenda atingir um adversário político com intrigas menores.
Sou suficientemente crítico do Sócrates para não querer fazer-lhe um elogio indirecto tão incondicional. Ou seja, reconhecer implicitamente que só tenho razões para o criticar desenterrando factos ocorridos há um quarto de século.
O artigo sobre José Sócrates foi uma claro "ataque pessoal".
Mas o artigo do dia seguinte sobre Telmo Correia foi uma peça puramente jornalística...
RN em conversa:
1. Há uma diferença: no caso do S estavam em causa alegações de factos passados há mais de 20 anos , sem qualquer relação com a sua actividade governamental; no caso do TC, eram alegados factos, ocorridos no exercício das suas funções de Ministro, aquando de uma passagem pelo poder executivo no Governo anterior.
2. Não tenho indícios que para isso apontem, mas não me custa a crer, dentro da lógica do jornal em causa, que o momento escolhido, para a divulgação dos factos imputados a TC, tenha sido escolhido para apagar a ideia de que não houve enviezamento político nas acusações a S:.
3. O ataque a S foi pessoal, não por S ser S, mas por ser o Primeiro-ministro de um governo apoiado pelo PS.
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