quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Pixordices 4- O mistério das notas falsas


Sabe-se, hoje, que nem o seu próprio autor demorou muito tempo até concluir que era idiota impor taxas moderadoras nas cirurgias. Mas o Governo ficou preso aquilo que sabe ser uma asneira e ainda não se libertou dela. Foi-se embora o ministro, mas a asneira perdura.


Parece estar a repetir-se um episódio semelhante, como se de vez em quando o governo fosse dominado por pulsões suicidas. Desta vez, o Ministério é outro. É o da Educação. De facto, um tonto qualquer ( quiçá na veste de acaciano cientista) inventou a possibilidade de fazer valer na avaliação dos professores as notas que eles próprios dão aos alunos. Se a oposição tivesse podido fazer desaguar uma medida sem nexo numa reforma para a desprestigiar, não teria conseguido sonhar com algo de melhor.


Mostrando que subliminarmente o Primeiro -Ministro sabe que esse índice é uma escolha absurda, a única coisa que conseguiu dizer, no debate de hoje, foi que só valia 6 pontos em 50 possíveis. E assim mostrou que também ele pensa que um tal índice é um disparate, dado que se não fosse esse o caso nunca teria dito o que disse como o disse. Mas ou não quer desautorizar a Ministra ou tem a peregrina ideia de que corrigir um erro é uma fraqueza.


Tudo o que de meritório possa haver neste pacote de medidas vai ficar submerso no risco que cada professor vai passar a correr de ver a sua classificação baixar se der notas fracas.


Estranho, aliás, que os meus camaradas deputados socialistas se disponham a dar a cara por tal dislate, pelo qual em última instância acabarão por ser responsabilizados.


E lembremo-nos sempre que uma medida com efeitos perversos é má e irritante, mas em política talvez nada seja tão insuportável como uma burrice.

9 comentários:

aminhapele disse...

Se "regressarmos" à adivinha,o barco mete água por todos os lados e o "capitão" também flutua sem se dar conta que o barco afunda lentamente...
Será que espera pelos tais submarinos para uma operação de "salvamento"?!

Anónimo disse...

http://abnoxio.weblog.com.pt/arquivo/2008/02/sugestao_de_leitura_4

Anónimo disse...

Alguma coisa está a mudar nO Grande Zoo. Afinal as práticas da governança são de eficácia duvidosa e de muito duvidosa justiça. RElembro o slogam de 75 e seguintes OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE... e hoje por hoje os ricos são em amior número e os pobres muito mais pobres

Zedomar

Anónimo disse...

RN reage á imputação de uma imaginária mudança:



Ou lês com os olhos fechados, ou eu escrevo sem letras.

Anónimo disse...

RN agradece:

Ao Abnóxio ( Ademar), que visito regularmente, com largo proveito, agradeço a referência.

Sou mais leal ao meu partido quando o critico por convicção, do que se o aplaudisse por obrigação.

Anónimo disse...

Meu caro Rui, tens toda a razão; e o que é mais de lamentar é que de facto os deputados do PS se comportem como uma carneirada, entrando mudos e saindo calados e votando como lhes mandam!
António Horta Pinto

Anónimo disse...

Vou circunscrever-me à avaliação.... Alguém veio dizer o que seja avaliação?
Quais os critérios? e avaliar o quê.
? Uma política governativa deve apresentar para cada sector um projecto social palicável que o senhor primeiro ministro deve harmonizar como se fosse o grande maestro. O que vemos nós no nosso partido? palpites avulsos, propostas fragmentárias, comandos, nos diversos serviços vindos de circulares...
O que faz o Parlamento?.
Pelo facto do partido ter a incumbêmcia do governo não pode demitir-se de ser partido. Doutra forma: o que de pior pode acontecer é confundir poder e partido ou partido e poder.... O partido precisa de mais vitalidade de mais atenta responsabilidade perante o seu povo,... exactamente quando é poder. OU não é nesta altura que ele está a decidir, a distinguir o bom do mau, o satisfatório do péssimo?
Zédomar

Anónimo disse...

Confusio entra no debate:

1. Ó Zédomar, mesmo em coisas da Terra, sabes o que dizes.

2. É que o nosso partido não percebeu ainda que se não tiver um horizonte para onde caminhar, acabará por ser levado para onde não quer.

Anónimo disse...

Parabéns pelo post. Gostaria ainda de acrescentar que, para além do disparate de fazer depender a avaliação dos docentes do índice de aproveitamento dos respectivos alunos o Governo prepara-se para atribuir ao poder autárquico o papel da contratação de docentes. Definitivamente, caso tal se confirme, debilitar-se-à a Educação como projecto nacional e reforçar-se-à a mercadoria para satisfação de clientes (e clientelas) locais.

Cristiana Tourais