UMA ESCOLHA
NECESSÁRIA
Há três candidatos à liderança do PS: Pedro Nuno Santos,
José Luís Carneiro e Daniel Adrião. Temos assim três socialistas que se
incomodam praticamente com o Partido e com Portugal. Só por isso merecem o
nosso reconhecimento e o nosso apreço.
Cabe-nos agora a nós socialistas, membros do Partido
Socialista, dizer quem preferimos.
Verdadeiramente, só os dois primeiros são autênticos
candidatos a liderar o PS. Daniel Adrião, com total legitimidade, é um
militante que gostaria de ver discutidas no Congresso algumas das suas ideias
políticas gerais. E os estatutos do PS impõem que só possa promover esse tipo
de debate num Congresso do partido quem o fizer no quadro de uma candidatura a
secretário-geral. É um aleijão estatutário que há muito nos diminui
politicamente. Ter ideias e querer discuti-las no colectivo partidário não pode
obrigar a ser-se candidato à liderança do Partido. Mas a realidade deste
aleijão não converte Daniel Adrião num candidato com o mínimo de densidade
política exigível a quem se abalance a uma disputa deste tipo. Aliás, neste
como nos casos anteriores, a formalidade da candidatura enfraqueceu a visibilidade
e a relevância das ideias políticas por ele propostas para debate.
Quanto aos dois reais candidatos Pedro Nuno Santos e José
Luís Carneiro, na minha opinião, a primeira coisa a dizer é que estamos perante
dois dirigentes de excelência, dois quadros políticos altamente meritórios,
cujo currículo os engrandece. O PS só tem que se regozijar com isso.
Mas trata-se de escolher um deles para liderar o Partido.
Não tenho a mínima hesitação: opto por Pedro Nuno Santos.
Desde logo, porque, dentro do espaço socialista, me situo na
mesma região de PNS, tendo o mesmo tipo de leitura do socialismo e do essencial
do trajecto a percorrer pelo PS. Depois porque o seu perfil político me parece
adequado às tarefas que cabem ao PS , na actual conjuntura histórica. Alem
disso, tem uma atitude combatente e um carisma liderante indiscutíveis. É
crível a sua firmeza e eficácia em garantir a autonomia estratégica do PS
perante todos os poderes de facto, bem como na interacção com os outros
partidos, sem contudo se deixar anquilosar num isolacionismo estéril.
Por seu lado, José Luís Carneiro tem mostrado ser, não o
protagonista de um projecto inovador e diferenciado, de uma maneira própria de
encarar a liderança do PS, mas alguém que assumiu o papel de travar a conquista
da liderança do PS por Pedro Nuno Santos. É um desígnio modesto que apouca e
empobrece o seu perfil político.
Aliás, a sua campanha e, principalmente, o argumentário
usado por alguns notáveis para o
apoiarem tem roçado a caricatura política involuntária. JLC tem sido mais uma
vítima do que um beneficiário do modo como lhe têm sido dados alguns dos apoios
que recebeu.
Apoio Pedro Nuno Santos na disputa pela liderança do PS, para
que levemos de vencida a soturna aliança
de direita que ostenta desde já a sua incapacidade para compreender o mundo em
que vivemos e o país que somos. E terá toda a razão o povo se vir nessa direita
mais um risco do que uma esperança.
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