domingo, 26 de novembro de 2023

O CONGRESSO

 


O  CONGRESSO

Assombração e Silva não desiste de fazer de homem do saco. Julga ele que assusta a esquerda, oferecendo-se como ícone ao que julga serem as legiões da direita.

A direita comove-se com o reaparecimento do fantasma dos seus sonhos perdidos. Ouve entretanto com reserva o alarido que rodeia o modesto salvador que lhe oferecem.

Esperava com ansiedade um robusto galo de combate. Teme que lhe estejam a querer fazer engolir o que os seus adversários possam com verosimilhança considerar um modesto, ainda que pomposo, garnisé.

O bom povo, que eles querem cercar, olha com desconfiança o circo mediático. Das apregoadas glórias do laranjal, recorda-se vagamente. Mas menos como glórias do que como pesadelos.

São também apregoadas legiões de sábios que, em reuniões muito circunspectas, congeminam gravemente os muros com que querem rodear o nosso futuro. No essencial, procuram convencer os explorados que acentuar-se a exploração é o caminho mais seguro (quiçá o único!) para que os pobres tenham a boa sorte de aproveitar o enriquecimento dos ricos para colherem os frutos da sua proverbial generosidade.

O bom povo pensa e torce o nariz. Habituado a migalhas, estranha quando lhe ofereçam banquetes.

Assombração e Silva sai para jantar, na esperança de que a esposa o espere com um petisco.

Os jornalistas e os comentadores, plenos de imparcialidade garantem que o número caváquico foi o sucesso de topo do transcendente conclave

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