sexta-feira, 20 de abril de 2018

A direita não é um tigre de papel.




A direita não é um tigre de papel.

Quando a esquerda não está fraca, a direita desdobra-se, para poder atacar  em simultâneo, de frente e de flanco.

Uns vociferam intensamente, diabolizando tudo aquilo que tenha o mais leve perfume de esquerda. Outros, melifluamente, ronronam propostas de aproximação, aliciam com enormíssimos desígnios comuns, untuosamente moderados, procurando insinuar a distinção entre  uma esquerda que seria alegadamente péssima e uma esquerda que confessam dissimuladamente admirar. Uns segregam anátemas implacáveis, outros oferecem generosos conselhos e sussurram luminosos elogios. Cada uma das partes  desempenha o seu papel num perverso teatro de sombras.

Há pois na direita duas pulsões complementares que ela se esforça por esgrimir articuladamente para que a sociedade continue desigual e vigiada. A pulsão “adamastor” que troveja sobre nós como se fôssemos caravelas proibidas  e a pulsão “sereia”  que procura encantar-nos para, deixando-nos sem defesas, nos poder destruir.

Mas o povo de esquerda (e quem quiser representá-lo) não deve esquecer que tanto os “adamastores” como as “sereias” são invólucros contingentes de um sonho recorrente que possui uns e outras. O sonho de reduzir as esquerdas a um simbólico cordeiro sacrificial que a direita sangrará com alegria e volúpia.

Amigos e camaradas, nunca esqueçamos : a direita não é um tigre de papel !

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