Há três grandes vetores
implícitos das políticas públicas impostas pela União Europeia a Portugal, como
pressupostos para a concessão de apoio, que talvez valha a pena recordar na
atual conjuntura.
Primeiro ─ valorização
da agricultura empresarial e destruição da pequena agricultura camponesa,
subsidiando a atividade da primeira e a inatividade da segunda.
Segundo ─ encorajamento
da substituição da atividade dos
serviços públicos por encomendas a entidades privadas dessas atividades.
Terceiro ─ privatização
de serviços públicos essenciais, como, por exemplo, as telecomunicações.
Aos membros da União
Europeia era dada a pequena liberdade de se moverem no quadro destes e de
outros dogmas, esforçadamente inventados por legiões de lobistas que em
Bruxelas iam convertendo em pura ciência
económica os prosaicos interesses estratégicos dos seus poderosos
clientes.
À Santa Globalização
atribuía-se o poder desse milagre. Um milagre que para muito poucos era paraíso
imediato para muitíssimos era um milagre sempre adiado que ainda hoje não lhes
chegou.
Os três vetores acima
mencionados tiveram consequências: colapso da pequena agricultura,
despovoamento e desertificação dos campos, degradação da prestação de serviços
públicos essenciais, quebra de confiabilidade nas telecomunicações.
Estes problemas não
podem ser esquecidos e não pode ser afastada a hipótese de se reverter esse tipo de medidas ou de se percorrerem
caminhos que nos façam sair da insalubridade das suas consequência.
Se vamos procurar as
raízes do que facilitou os dramas humanos e sociais vividos recentemente por
causa dos incêndios florestais temos que as buscar até ao fundo, não esquecendo
nenhuma .Embora também o devamos fazer,
não podemos limitar-nos a valorizar o que é importante, esquecendo os bloqueios
essenciais. Bloqueios ou distorções que são principalmente sistémicos e só em pequena medida funcionais; bloqueios que
as alterações climáticas tendem, cada vez mais, a tingirem das cores negras da
tragédia.
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