sexta-feira, 20 de outubro de 2017

RAÍZES ?



Há três grandes vetores implícitos das políticas públicas impostas pela União Europeia a Portugal, como pressupostos para a concessão de apoio, que talvez valha a pena recordar na atual conjuntura.

Primeiro ─ valorização da agricultura empresarial e destruição da pequena agricultura camponesa, subsidiando a atividade da primeira e a inatividade da segunda.

Segundo ─ encorajamento da substituição da atividade  dos serviços públicos por encomendas a entidades privadas dessas atividades.

Terceiro ─ privatização de serviços públicos essenciais, como, por exemplo, as telecomunicações.

Aos membros da União Europeia era dada a pequena liberdade de se moverem no quadro destes e de outros dogmas, esforçadamente inventados por legiões de lobistas que em Bruxelas iam convertendo em  pura ciência económica os prosaicos interesses estratégicos dos seus poderosos clientes. 

À Santa Globalização atribuía-se o poder desse milagre. Um milagre que para muito poucos era paraíso imediato para muitíssimos era um milagre sempre adiado que ainda hoje não lhes chegou.

Os três vetores acima mencionados tiveram consequências: colapso da pequena agricultura, despovoamento e desertificação dos campos, degradação da prestação de serviços públicos essenciais, quebra de confiabilidade nas telecomunicações.

Estes problemas não podem ser esquecidos e não pode ser afastada a hipótese de se reverter  esse tipo de medidas ou de se percorrerem caminhos que nos façam sair da insalubridade das suas consequência.

Se vamos procurar as raízes do que facilitou os dramas humanos e sociais vividos recentemente por causa dos incêndios florestais temos que as buscar até ao fundo, não esquecendo  nenhuma .Embora também o devamos fazer, não podemos limitar-nos a valorizar o que é importante, esquecendo os bloqueios essenciais. Bloqueios ou distorções que são principalmente sistémicos e  só em pequena medida funcionais; bloqueios que as alterações climáticas tendem, cada vez mais, a tingirem das cores negras da tragédia.

Sem comentários: