A descida da TSU é , na minha opinião, uma decisão
extremamente infeliz do atual Governo.
Mas a mim, mais do que o demérito induzido pela fragilidade
dos argumentos que a sustentam e pela maior consistência da maior parte dos
argumentos que a combatem, preocupa-me a ilusão que envolve o próprio plano em
que a discussão se trava. Uma ilusão radicada numa relativa superficialidade
teórica e doutrinária para a qual as esquerdas têm deslizado, de um modo geral,
nas últimas décadas. Essa superficialidade que não é uniforme nem sequer
idêntica relativamente a todas elas (mas em nenhuma está ausente), torna mais
frágil qualquer entendimento que as congregue e mais incerto chegar-se sequer a
consegui-lo.
Neste caso, para mim, o problema central que envolve a
descida da TSU é o de que verdadeiramente isso significa uma redução
do salário de todos os trabalhadores envolvidos. Na verdade, substancialmente,
os descontos para a segurança social, quer sejam imputados juridicamente aos
patrões quer aos trabalhadores, são salários diferidos. E só a superficialidade mistificatória que ignore isso mesmo, abre a porta a que se possa enveredar por
essa via sem sequer se achar que desse modo se está a cair numa redução salarial.
Não esqueçamos: se deixarmos que as sombras ideológicas projetadas
pelo neoliberalismo nos toldem os
espíritos, dificilmente ficaremos a coberto da sua influência nefasta.
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