O homem do fato cinzento diz FMI.
O homem do fato
cinzento disse: “Ficámos surpreendidos com os resultados a que chegou a
economia portuguesa”.
O homem do fato
cinzento devia ter dito: “Enganámo-nos nas previsões pessimistas que fizemos
quanto á economia portuguesa.”
O homem do fato
cinzento acrescentou: “Mas devem ser feitas mais reformas estruturais”.
Eu pergunto ao homem de
fato cinzento: “Se te enganaste porque nos dás os mesmos conselhos que darias
se tivesses acertado?”
O homem do fato
cinzento indica, embrulhando-as num economês internacional, quais são as suas
reformas estruturais. Se traduzirmos pacientemente o seu economês internacional
para português corrente, facilmente veremos que se reduzem a três tipos:
prejudicar os trabalhadores, favorecer o capital e enfraquecer o Estado.
Como vemos é muito importante
valorizar o português corrente, já que em economês internacional os portugueses
como todos os povos podem ser enganados, mas em português corrente
os portugueses são muito mais dificilmente
ludibriados. E os políticos-megafone do FMI em Portugal não podem ser tão
desenvoltos como ainda não deixarem de ser, sob pena de correrem o risco de
esqualidez eleitoral.
Duas perguntas me
assaltam incomodativas, em conclusão:
1ª Por que razão
milhares de cérebros sofisticados, pagos regiamente por dinheiros públicos,
espremem a sua inteligência durante anos e anos para acabarem por recomendar no essencial uma dócil obediência aos sonhos
mais primários de qualquer patrão de esquina que esqueça a inteligência
estratégica e a generosidade humana?
2ª Por que razão cabe
aos Estados pagar e credenciar uma burocracia tecnocrática ostensivamente posta
ao serviço do capital financeiro mundial?
Não espero que o homem
do fato cinzento saiba responder.
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