no tempo
dos desertos e das sombras
quando as
manhãs custavam a chegar
fomos o
gesto que não tem fronteiras
com sílabas
sem medo com revolta
no pano
negro que não tinha fim
rasgou-se então
uma pequena luz
e as
noites começaram a murchar
presas na
teia do seu próprio fim
nos pátios
tão augustos dos saberes
sem o
sabermos fomos a semente
do vento
que chamou por outros ventos
[Rui Namorado]
2 comentários:
Como sempre: bem!, muito bem.
Abraço
M.
Belíssimo poema, como sempre!
É uma grande verdade que "o vento chamou por outros ventos", que vieram a tornar-se "ciclónicos" em Abril de 1974.
Só é pena que, aparentemente, esses ventos não tenham chegado até hoje. Custa-me a compreender que os atuais estudantes, com tantas razões de queixa que têm, não sigam o exemplo do 17 de Abril. Ontem protestaram, mas não foram além de uma manifestaçãozita com escassas dezenas de pessoas.
Que é feito das gloriosas tradições democráticas da Academia de Coimbra?
Enviar um comentário