Ao longe, escapa-me o elenco completo dos órgãos nacionais
do PS. Estão agora a ser eleitos.
A experiência sugere-me um distanciamento desconsolado. A
irremediável tentação da esperança leva-me a sonhar com uma Comissão Nacional
composta com critérios objectivos, entre os quais a lucidez política e a
capacidade de intervenção sejam tidas em conta.
Seria uma corrente amarrada às pernas do PS, fazer com que os congressistas
elegessem uma plateia de espectadores, encarregada de aplaudir ou apupar duas ou
três dezenas de artistas, destinados a dizerem periodicamente o esperado. Duas
ou três vozes, escapadas ao crivo da rotina, não fariam a primavera.
Seria na verdade um retrocesso, não se aproveitar a
circunstância para se estruturar a Comissão Nacional, de modo a transformá-la
num órgão de autêntica direcção política, constituída por militantes
experientes, esclarecidos e lutadores. De facto, uma direcção política deve
estar mais próxima de um estado-maior militar do que duma plateia disciplinada
de crentes. Uma direcção política deve ser muito mais parecida com um grupo de
trabalho do que de um feixe de turistas, que vão ouvir, de quando em quando, um
punhado de dirigentes , votando com aprumo favoravelmente as propostas que lhes
fazem.
Enfim, talvez a réstia de esperança que me assaltou afinal
se justifique.
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