O perfume do tempo
inaugura o suave peso das
horas
podemos senti-las na pele
como corcéis de silêncio
ou escrevê-las na parede
da memória
como palavras mortas
ou colhê-las como
pássaros lentos
para sempre interrompidos
O perfume do tempo
agarra-nos pela garganta
arrasta-nos inesperado
pelo prazer da memória
executa em rigor
os rituais da esperança
mostra sem rubor
a espada do desejo
adormecendo enfim
no despedir das tardes
como se nunca
tivesse acontecido
[ Rui Namorado]
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