As primeiras informações que transpiraram acerca da
deliberação da ERC sobre o Caso Relvas deixaram no ar fortes indícios de que o grande Magno, chefe dessa autoridade, corria o risco de
uma preocupante pequenez. Inesperadamente, conhecido o conteúdo da deliberação
e ouvidas as suas espantosas declarações públicas, ficou-se a saber que afinal
Magno não se tornou apenas pequeno. Realmente, ele condenou-se a si próprio a
não ser mais do que minúsculo.
Na verdade, começou por se saber que os dois votos contra
que os três”magnos” do PSD venceram, não foram apenas o resultado de opiniões avisadas sobre um
abuso de poder intolerável. Muito mais do que isso, foram a manifestação de uma recusa mais do que legítima de serem cúmplices de um deliberação empastelada,
atrabiliária e estúpida.
Ora, no deserto lógico que a ERC tanto demorou a tecer, foi semeada uma ameaça de oásis. Por dor de consciência do próprio
Magno, foi introduzido um juízo de valor negativo sobre as reconhecidas
pressões de Relvas à jornalista do Público: elas eram reconhecidas como
inaceitáveis. Inaceitáveis. Mesmo esta menção não libertava a deliberação do dislate de
absolver uma atitude que implicitamente condenava (como se a liberdade de
decisão dos membros da ERC da confiança do PSD acabasse onde começava o
generoso espaço de impunidade do ministro Relvas). Mas essa modesta alusão a uma
óbvia inaceitabilidade do comportamento dele era pelo menos um pálido sinal, um vislumbre de imparcialidade da ERC.
Eis senão quando, mistério dos mistérios, essa ligeira presença de decência da deliberação foi apagada pelo implacável dedo
de um destino inesperado. Aquilo que Magno fizera questão de incluir na
deliberação e que fora expressamente votado, havia desaparecido.
Qualquer jovem
estudante do nosso primeiro ciclo diria: houve um erro, corrija-se. Mas isso,
era qualquer estudante do primeiro ciclo, não Magno. Para este, viu-se com espanto que
mesmo essa modesta acção era para ele uma tarefa hercúlea.
De facto, quando se esperaria que o arguto comentador dos
erros dos políticos desse um enérgico murro na mesa, exigindo que se
corrigisses o erro ou a falsificação e
se apurassem responsabilidades, ei-lo
que ronrona inesperadamente a mirífica ideia de que estando escrita e publicada
uma falsidade não é possível recuperar a verdade. Nem sei se isto é para rir ou
é para chorar. Sei que um presidente de uma autoridade de controle da maior importância
defende que deve valer um texto que deturpa uma decisão tomada e é impossível
corrigi-lo, de modo a que valha o que realmente foi votado. Inenarrável! Em vez
de ter ordenado a imediata correcção de um texto que falseia uma deliberação,
com imediata abertura de um inquérito para que se apure se houve um
involuntário erro grosseiro ou uma deliberada falsificação (o que seria crime),
Magno tornando-se minúsculo, diz que o erro consubstanciado na ausência de uma
menção crítica às pressões de Relvas é agora uma fatalidade irremovível.
Não posso deixar de encontrar em tudo isto uma ironia
objectiva. Aquele Magno enorme que ano após ano reduziu a cinzas a tantos e
tantos políticos, quando tem a oportunidade de deixar o seu sinal de excelência
em funções políticas importantes mostra que afinal terá muito ainda que
progredir para chegar ao nível mais baixo daqueles que tão implacavelmente atacou ano após
ano.
2 comentários:
Rasteiro, como sempre foi.
Eu sou de Tomar, a terra que ele (RELVAS) usou para se tranformar num profissional da traficância - política, de interesses e de influências.
Estou empenhado num combate político e ideológico sem tréguas ao "relvismo" e aos seus procuradores locais.
Se querem conhecer melhor "o bicho e a sua obra, podem ler alguns artigos do meu blogue "TOMAR-que futuro?"
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