O clamor cresce. Pedem-se coisas à Sr.ª Merkl, pedem-se
coisas ao FMI, pedem-se coisas ao BCE.
A loiraça teutónica
rosna com animosidade crescente contra a
malandragem do Sul.
No sul os anafados acham que sim, que a loiraça tem razão. Estão
rodeados por uma enorme malandragem, pobre é certo, mas malandragem. Não é aos
seus ferraris que a sereia gorda alemã se refere. Os magros do sul, mês após mês
inventando novos buracos nos cintos para os apertarem mais, olham-se ao espelho
esquálidos e não compreendem que consumismo desembestado tenham praticado para
merecerem os raios implacáveis da deusa germânica. Não percebem, mas
desconfia-se que a própria deusa também não compreende o sentido último do que
diz. Diz o que se recearia que dissesse e desse modo mostra-se prussiana e nórdica, como se esperava.
Os alquimistas do fetichismo economicista alimentam
diligentemente essa e outros deuses, cada vez mais convencidos que a realidade
social tem algo de errado que contraria a eficácia das suas mezinhas. Mas uma
coisa denodadamente não fazem : admitir, por um instante que seja, que o
defeito está na qualidade do que receitam e não numa modesta realidade social
que se limite a ser ela própria, sem estados de alma.
O clamor cresce. Pedem-se coisas à Sr.ª Merkl, pedem-se
coisas ao FMI, pedem-se coisas ao BCE. É estranho. [E aqui peço licença para me
repetir]: Se eu olhasse para essa plantação de inesperados cromos como se
fossem um prosaico laranjal, esse clamor equivaleria a pedir-lhe que nos desse
maçãs, que nos desse maçãs. Acham provável que as dê?
Confesso-me céptico: eu não acho!
E é por isso que, cada vez mais, me convenço que se queremos
realmente maçãs será mais acertado plantar macieiras do que continuar
pateticamente a instar os laranjais para que produzam maçãs.
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