terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A SOMBRA DAS PALAVRAS


O BP, conhecido oráculo económico com sede em Lisboa, leu a bola de cristal, que tão recatadamente utiliza, e decretou que em 2011 vai haver uma quebra no PIB português de 1,3% e em 2012 um crescimento de 0,6%. São palpites, seguramente doutos, mas que, muito provavelmente, serão, uma e outra vez, revistos em alta ou revistos em baixa. Sim, porque os oráculos económicos nunca reconhecem os erros de previsão em que incorrem, mesmo que repetidos. Na sua qualidade de infalíveis, não erram. Eles limitam-se a rever, em alta ou em baixa, as rigorosas estimativas( afinal, erradas) por eles feitas anteriormente.


Mas nem era disso que eu vinha falar. Vinha, sim, partilhar convosco um elucidativo exemplo de como se pode ser tendencioso sem formalmente se faltar à verdade. Eis o que aconteceu.


Chegaram as notícias numa estação televisiva. Um jornalista fluente debitou num discurso ágil as últimas notícias do carnaval económico em curso. E foi aí que se revelou, falando-nos da significativa quebra de 1,3% anunciada para 2011 pelo BP e da ligeira subida de 0,6, anunciada para 2012. Ou seja, para essa voz imparcial, na presente conjuntura, toda a quebra na economia portuguesa é necessariamente significativa e toda a subida é obrigatoriamente ligeira.

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