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A Mesquita de Córdoba representa, em si própria, uma extaordinária batalha simbólica. Construída no lugar onde estivera antes uma igreja católica, depois da perda da cidade pelos mouros viria a sofrer enxertos de templos cristãos. No mesmo sítio tentaram construir uma catedral cristã. Os séculos foram limpando os resíduos mais circunstanciais e moderando o fogo das paixões.
Hoje, a sobriedade, o rigor geométrico, a grandeza e a beleza exuberante do abstracto árabe, vencem o preciosismo barroco dos acrescentos cristãos, o pietismo figurativo que parece pequeno e mesquinho. Para marcar bem a actualidade da luta surda que os séculos não apagaram por completo, uma gravura de madre Teresa de Calcutá, recorda que a mesquita está sob domínio católico. Apenas o túmulo de D. Luís de Gongora consegue revestir de um pouco de grandeza a presença cristã. Não pela exuberância da sua concepção, mas apenas pela evocação de um grande poeta.
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