domingo, 30 de setembro de 2007
A Hora do Tigre
Permito-me transcrever um poema de Rui Namorado:
A hora do tigre
- poema de homenagem
Foi em vão que esperaste, loucamente,
essa hora do tigre desregrada
que te rasgasse o fundo de ti próprio.
Foi em vão que, sofrendo, imaginaste
essa hora do tigre que inventasse
o gesto de uma audácia ainda pura.
Foi em vão que, sonhando, construíste
uma hora do tigre que salvasse
de misérias, insídias, de traições,
das emboscadas torpes e fatais.
Soltaste, ainda em vão, o voo da águia
que fosse além de todas as montanhas
e nas assas do vento abandonasse
a secreta flor do teu destino.
Estavas preso entre nós, desamparado,
numa angústia sem margens que perdia
suas próprias raízes.
Só o extremo de tudo te bastava
na mais larga ambição de liberdade,
harpa de um sonho, som de violino,
ou asa do rigor de uma palavra.
Abriste cada gesto, em tempestade,
aos mistérios da luz despovoados.
O mundo num poema e em cada verso
o secreto sabor da madrugada.
Foi na hora do tigre que ensinaste
a épica altivez de ser vencido
e num último voo ainda ousaste
o gesto de ir mais longe.
( do livro " Nenhum Lugar e Sempre" )
sábado, 29 de setembro de 2007
PSD - o recipente virtual
A relativa surpresa da eleição de Luís Filipe Menezes para lider do PSD tornou oportunas algumas reflexões.
Já há quem veja neste episódio um verdadeiro regresso do PPD, como se a sombra dessa identidade profunda do Partido sempre tivesse pairado, como fantasma pronto a regressar, sobre o disfarce radicado no marketing político que um dia travestiu o PPD de PSD. De facto, estamos perante um caso limite de inautenticidade política que se traduz no paradoxo de haver um partido oriundo do conservadorismo liberal, aliás actualmente filiado no Partido Popular Europeu, que assume uma nova designação,destinada a sugerir a pertença a uma outra família política europeia (a dos partidos socialistas, trabalhistas e sociais-democrtas europeus, todos eles integrados no Partido Socialista Europeu e na Internacional Socialista). Não se trata de um partido comunista que se esquecesse do comunismo, de um partido socialista que esquecesse o horizonte socialista, de um partido democrata cristão que nada tenha a ver com a doutrina social da igreja. Trata-se de um partido que mantendo os seus valores fundadores, o essencial do seu programa e o seu posicionamento no xadrez político, tomou um nome que o conexiona com outro espaço, outros valores e outros horizontes.Como se, envergonhando-se de ser quem era, tentasse que o chamassem de uma outra meneira.Não cabe aqui tentar compreender o que revela esta ocultação, mas apenas de recordar que esta ambiguidade identitária não pode deixar de suscitar equívocos e tensões na vida interna do PSD.
Compreende-se assim que um politólogo tão insuspeito de desvio esquerdista como é o caso José Adelino Maltez,professor catedrático de Ciência Política, seja citado no Diário de Notícias de hoje como tendo dito, referindo-se ao PSD:
"As directas têm pelo menos a vantagem de permitir uma fotografia exacta do partido. Dessa fotografia ficará a perceber-se que o PSD ficou reduzido a uma federação de caciques e notáveis locais. As bases são uma federação de bolsas de caciques. O partido esvaziou-se em boa parte da sua função. E num partido que não tem função todos ralham e ninguém tem razão. Os principais culpados são os senadores do PSD que lavaram as mãos como Pilatos."
Entretanto, começou já o "discurso-véu" da grande vitalidade do PSD. No entanto, lembremo-nos que apenas uma parte dos militantes se dispôs a ficar em condições de votar e que dessa parcela mais interessada, que terá rondado metade dos membros do partido,houve 40% que se abstiveram, que não se deram ao trabalho de votar. Podemos assim redimensionar muito o tal sinal de vitalidade partidária que supostamente estas eleições revelaram. De facto, dos mais de cento e vinte mil militantes do PSD não chegaram a votar 40.000. Recordo-me que, em noites de eleições autárquicas ou legislativas que lhes correram mal, diversos expoentes do PSD "choraram copiosamente",por causa de níveis de abstenção bem menores.
Ou seja, realmente, nas eleições internas do PSD, o exacerbar dos detalhes e a crispação mediática, distantes de qualquer diferenciação substancial, chamaram a atenção do público para o que se passava no "ring", mas não foram suficientes para levar a votar metade que fosse dos militantes do partido.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Um Observatório de Economia Social em Espanha
Mais uma transcrição do Boletim Imformativo do CIRIEC - España:
José Luis Monzón anuncia la creación en la Universidad de Valencia de un Observatorio Iberoamericano del Empleo y la Economía Social
El presidente del CIRIEC-España, José Luis Monzón, ha anunciado la aprobación, en el seno de la Universidad de Valencia, de un Observatorio Iberoamericano del Empleo y la Economía Social, con el apoyo de la Generalitat Valenciana. El Observatorio será gestionado por el Instituto Universitario de Economía Social y Cooperativa (IUDESCOOP) de la Universidad de Valencia, con la colaboración de la Fundación Iberoamericana de la Economía Social (FUNDIBES), CIRIEC-España y la Universidad de Chile UNIRCOOP.
José Luis Monzón hizo este anuncio en la clausura del IV Coloquio Ibérico de Cooperativismo y Economía Social, que tuvo lugar la pasada semana en Córdoba, organizado por CIRIEC-España, CEPES Andalucía y la Red Portuguesa de Formación del Tercer Sector. Durante dos intensos días, en el Coloquio se debatieron temas tan relevantes como el interés general, interés social y utilidad social de la economía social; el papel de la economía social en el desarrollo local y en la creación de empleo; y el régimen fiscal de las empresas de economía social.
La cita sirvió, asimismo, para la presentación en Córdoba el 27 Congreso Internacional del CIRIEC, principal acontecimiento de la economía pública, social y cooperativa que tendrá lugar justo dentro de un año en Sevilla, concretamente los días 22, 23 y 24 de septiembre de 2008, bajo el lema de "Innovación y management: las respuestas de las empresas públicas, sociales y cooperativas a los grandes desafíos".
La importancia de la investigación en economía social
En la misma sesión de clausura del Coloquio, el vicepresidente de CEPES-Andalucía, Francisco Moreno, destacó la labor de la Escuela Andaluza de la Economía Social, no sólo como centro formativo y para el emprendimiento de esta forma de hacer empresa, sino también como centro de pensamiento y de investigación de la propia economía social.
Por su parte, Rui Namorado, presidente de la Red Portuguesa de Formación del Tercer Sector, y Manuel Canaveira, presidente del INSCOOP portugués, destacaron la oportunidad de este Coloquio, como foro de encuentro entre investigadores universitarios y directivos empresariales, tan necesario en nuestras sociedades globalizadas y demandantes de innovación y competitividad.
Comunicaciones presentadas
En la jornada del viernes, además, tuvo lugar una sesión de presentación de comunicaciones, en las que relevantes investigadores de la economía social española y portuguesa expusieron los 12 trabajos seleccionados por el Comité Científico del Coloquio, de entre 60 comunicaciones recibidas. A continuación se detalla el listado de comunicaciones presentadas:
• De Sousa, M.T.: Economia Social: alternativa ou complemento?
• Sanchís Palacio, J.R. & Campos Climent, V.: El Crédito Cooperativo como instrumento financiero para el fomento del emprendimiento y la inserción sociolaboral en el ámbito del Desarrollo Local
• Alguacil Marí, P.: Los servicios sociales prestados por Entidades de la Economía social como servicios de interés económico general en el ámbito europeo
• Cortés García, F.J.: El buen gobierno y la responsabilidad social en las cooperativas de crédito
• Marcuello Servós, C.: Responsabilidad Social y Organizaciones No Lucrativas desde una perspectiva de capital social
• Fernández, B.; Muñoz, M.J.; de la Cuesta, M.; Fernández, M.A.; Valor, C.; Hristova, I.; Ferrero, I.; Cabrerizo, L.; Yurrebaso, N. & Vázquez, O.: La Responsabilidad Social de las Cooperativas de Crédito: propuesta de un modelo de medición
• Briones Peñalver, A.J. & Laborda Peñalver, F.: Estrategias de innovación y competitividad de las empresas de economía social
• Senent Vidal, M.J.: Perspectiva de género en la responsabilidad social empresarial cooperativa
• Quintao, C.: Nove anos de empresas de inserção em Portugal - revisão dos dados oficiais e de estudos recentes
• Hernández Perlines, F.; Molina Moreno, V. & Carrasco Cogolludo, M.A.: El gobierno corporativo en las cooperativas agrarias
• Faria, J. & Leal, S.: As percepções de responsabilidade social e o empenhamento organizacional: um estudo aplicado a cooperativas em Portugal
• García Campá, S.: ¿Por qué le cuesta al Derecho reconocer la utilidad social de ciertas empresas?
Los organizadores del Coloquio anunciaron la próxima publicación de un CD, recopilatorio de las ponencias presentadas y de las comunicaciones recibidas.
Imagen: Mesa de clausura del IV Coloquio Ibérico. De izquierda a derecha Rui Namorado, presidente de la Red Portuguesa de Formación del Tercer Sector; Gemma Fajardo, profesora de la Universidad de Valencia y coordinadora del Comité Científico del Coloquio; Francisco Moreno, vicepresidente de CEPES Andalucía; José Luis Monzón, presidente de CIRIEC-España, y Manuel Canaveira, presidente del INSCOOP.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
PS - regresso ao futuro
Vale a pena recordar um fragmento da moção, cujo primeiro subscritor foi LUIS MARINHO, apresentada ao mais recente Congresso da Federação Distrital de Coimbra do PS, realizado em 2006. Moção vencida, mas que recolheu um apreciável apoio.
“ Cientes de que vamos iniciar um longo processo de renovação, que necessariamente se terá que desdobrar em múltiplos aspectos, destacaremos três áreas que devem merecer uma atenção imediata.
2.1. Escolha por um colégio eleitoral alargado de todos os candidatos do PS nos diversos tipos de eleições.
Quem tiver observado os sinais que emergem em diversos países de vários continentes, poderá ver que há uma tendência crescente para não entregar exclusivamente à soberania dos aparelhos partidários a escolha dos candidatos dos partidos às eleições a que concorrem. Quem relembrar com atenção o que tem acontecido, no quadro do nosso partido nas eleições mais recentes, poderá verificar que há uma incomodidade crescente, por parte dos militantes e dos simpatizantes, perante o poder irrestrito de escolha dos candidatos, atribuído a alguns órgãos do partido, quando não, a algumas figuras que se arrogam esse direito. Essa incomodidade acaba por minar a legitimidade substancial das escolhas, o que já produziu resultados desastrosos, muito particularmente, nas últimas eleições autárquicas no nosso distrito. Onde, uma interpretação autocrática da avocação retirou às concelhias do partido as suas competências mais elementares.
Por tudo isso, mais cedo ou mais tarde, virão a ser instituídas novas formas de escolha no PS, senão mesmo eleições primárias generalizadas. Se for cedo, seremos pioneiros tranquilos num caminho que poderemos preparar com prudência, se for tarde, acossados por mais algum fracasso dramático ou empurrados por uma lei geral impulsionada por outros, teremos que fazer à pressa o mesmo caminho, sabe-se lá com que custos.
Por isso, defendemos que os candidatos do PS às eleições autárquicas, regionais e legislativas, devem ser escolhidos por um colégio eleitoral amplo que abranja todos os militantes e todos os simpatizantes, compreendidos nas estruturas que correspondam aos universos eleitorais que em cada um desses casos, estiverem em causa. Quanto às europeias e presidenciais deverão os congressos nacionais pôr na sua agenda modelos de escolha que ultrapassem as dificuldades que conhecemos, com alguma dor com o modelo actual.
Aceite este princípio defendemos que devem ser cuidadosamente elaboradas as regras práticas para a sua concretização, sob a égide de uma completa transparência democrática e de uma inequívoca igualdade de tratamento de todos os candidatos, com salvaguarda de um protagonismo adequado e isento dos órgãos do partido.
Quando formos escolhidos para liderar a Federação, promoveremos todas as diligências necessárias à instituição deste sistema nas escolhas dos candidatos do PS que emanem de estruturas abrangidas pela Federação. Procuraremos ainda contribuir para que o PS no seu todo enverede pelo mesmo caminho.
2. Legalidade, limpidez e equidade nas eleições para os órgãos internos.
O PS não pode ser o garante da democracia na sociedade portuguesa, orgulhando-se de assumir por completo o significado mais fundo do 25 de Abril, ao mesmo tempo que transige com a fraude e desigualdade nas eleições disputadas no seu interior. Reconhece-se o esforço que a Direcção Nacional vem fazendo para superar práticas inaceitáveis Mas há ainda um longo caminho a percorrer na reforma de vícios que mancham a democraticidade interna e a convivência.
Deste modo, é indispensável que se interrompa a deriva antidemocrática que tem inquinado com preocupante frequência algumas disputas internas ocorridas nesta federação, embora seja desejável que as regras que preconizamos se apliquem em todo o partido.
Assim, a título de exemplo, no quadro da criação de regras que garantam a plena igualdade de oportunidades a todos os candidatos, defendemos: que todas as sessões de esclarecimento, integradas nas campanhas eleitorais internas, tenham obrigatoriamente a presença de todos os candidatos ou de representantes seus; que todos os envios postais dirigidos aos militantes no âmbito das campanhas internas sejam da responsabilidade directa do partido, não sendo admitidos quaisquer outros e sendo garantido tratamento igual a todos os candidatos.
Não pode continuar a depender da fortuna do candidato, ou da sua arte de angariar fundos, a possibilidade de ser candidato dentro do PS, ou de fazer uma campanha em condições iguais às de outros concorrentes.
Por outro lado, é indispensável que os estatutos do Partido sejam revistos, de modo a tornarem expresso que a prática de fraudes eleitorais nas eleições internas do partido, implica necessariamente a mais grave sanção. É preciso finalmente dar autoridade às instâncias jurisdicionais do partido, entregando-lhes na prática, o controle da legalidade estatutária, não fazendo delas, como hoje, meros órgãos de recurso. A não ser assim, em breve a legalidade estatutária, cairá nas mãos dos tribunais comuns, o que sempre afecta a imagem e credibilidade do partido.
3. Transparência nas relações com o poder económico dos diversos tipos de dirigentes do PS
A Constituição da República Portuguesa consagra como um dos seus princípios estruturantes a independência do poder político em face do poder económico. Esse princípio não pode deter-se à porta do PS. Nos últimos anos têm-se sucedido notícias, indícios e factos que lançam dúvidas quanto à plena conformidade do comportamento de alguns responsáveis do PS com esse princípio.
Por isso nos parece indispensável que, pelo menos aos dirigentes nacionais do PS, bem como aos dirigentes distritais - Presidentes das Federações e das Comissões Políticas Concelhias, seja exigida uma declaração de interesses semelhante à que é exigida aos titulares de cargos políticos, que deveria ser depositada à guarda da Comissão de Jurisdição Nacional, podendo ser consultada por qualquer militante.
De facto, não é salutar permitir que cresça a suspeição de que por detrás de muitas discordâncias e concordâncias, intrapartidárias e interpartidárias, em vez de estar a salutar força das ideias paira a obscura sombra dos negócios.
No mesmo sentido e por tudo isso, procuraremos contribuir para que o partido à escala nacional aprove regras de comportamento dos seus dirigentes que impeçam que alguns dos mais destacados estejam ao serviço de grandes grupos económicos ou sejam protagonistas mais ou menos relevantes de grandes negócios, relativamente aos quais exista alguma interferência do Estado. Devem ter que optar: enquanto forem dirigentes do PS, não podem ser protagonistas de relevo em qualquer grande grupo económico, nem em qualquer grande negócio condicionável pela interferência dos poderes públicos. Este deverá ser o princípio, pressupondo os detalhes uma análise minuciosa que permita uma solução justa e equilibrada. “
O texto transcrito mantém hoje toda a sua actualidade, tendo-se até tornado eventualmente mais urgente. De facto, se o PS continuar a fazer corpo morto perante estas e outras propostas de sentido semelhante, não se augura nada de bom quanto ao seu futuro.
Este é o tempo de serem tomadas medidas preparatórias estratégicas, que potenciem a credibilidade das decisões saídas dos próximos congressos do PS, que prestigiem globalmente os seus candidatos, que tornem transparente a independência dos seus dirigentes. Tem que ficar demonstrado pela sua prática que o PS conta mais do que as carreiras que se teçam dentro dele.
O PSD, nestes últimos tempos, tem dado de si uma imagem muito negativa. O PS tem aqui uma oportunidade de ouro de se demarcar e distinguir dele. Mas para isso não pode deixar de iniciar desde já uma mudança profunda do seu modo de funcionar e de se relacionar com a sociedade, começando pelos três aspectos referidos na Moção acima citada, de modo a entrar no próximo ciclo eleitoral verdadeiramente renovado, mais ágil e mais crível.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
André Gorz, filósofo
Mais uma vez recorro ao "Le Monde", transcrevendo novo texto de Michel Contat.
André Gorz, philosophe
LE MONDE | 26.09.07 | 16h49 • Mis à jour le 26.09.07 | 16h49
Le philosophe André Gorz et sa femme Dorine se sont suicidés ensemble dans leur maison de Vosnon, dans l'Aube. Lui avait 84ans, elle 83 ans, et souffrait d'une maladie évolutive extrêmement douloureuse.
Il avait pris une retraite anticipée du Nouvel Observateur, dont il était l'un des cofondateurs, et quitté Paris afin de mieux l'aider dans tous les actes de leur vie.
Dates
Février 1923
Naissance à Vienne (Autriche).
1946
Rencontre avec Jean-Paul Sartre.
1964
Participe à la fondation du "Nouvel Observateur".
1975
Publication d'"Ecologie et Politique".
24 septembre 2007
Mort à Vosnon (Aube).
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Le succès l'avait surpris pour son dernier livre, Lettre à D. (Galilée), où il disait à Dorine comment il en était venu à reconnaître son amour pour elle et à admettre que ce dernier était ce qui lui avait permis de construire une oeuvre. Cette oeuvre, assignée à la visibilité d'un seul nom, le sien, qui était un pseudonyme, il affirmait qu'elle résultait en réalité du dialogue permanent entretenu avec Dorine depuis qu'il l'avait connue, en 1947, à Lausanne.
Demi-juif autrichien, il s'y était réfugié après l'Anschluss et avait accompli des études de chimie. Elle était de nationalité britannique, ils se sentaient tous deux en Suisse des personnes déplacées, sans attaches autres que celles qu'ils créeraient ensemble dans un esprit de liberté et de fidélité à eux-mêmes.
AUTOANALYSE EXISTENTIELLE
De son vrai nom Gérard Horst, il était né à Vienne en 1923, d'un père marchand, juif, et d'une mère catholique. A Lausanne, il entreprit de se reprendre entièrement à son compte en lisant Paul Valéry et Jean-Paul Sartre essentiellement. Il avait si bien assimilé L'Etre et le Néant que lorsque Sartre vint en tournée de conférences avec Simone de Beauvoir, en 1946, il entama avec lui une discussion qui ne devait jamais cesser.
Il tirait de l'ouvrage sartrien des conclusions plus radicales que Sartre lui-même, concluant à la vanité de toute action. Sartre lui démontra que s'il pensait ainsi, c'était dû à sa situation. Gorz tenait pour une chance d'avoir rencontré avec Sartre une pensée ouverte, car, tenté par les systèmes, il se serait enfermé dans Hegel s'il avait commencé par lui.
Il se mit donc à écrire, dans la continuité de L'Etre et le Néant, un essai philosophique où il s'agissait de fonder une morale existentielle et des raisons d'agir. Encouragé par Sartre, il s'installa à Paris comme journaliste, vivant avec Dorine dans le dénuement et travaillant la nuit à son ouvrage. Elle l'aidait professionnellement en constituant une documentation qui, à Paris-Presse d'abord puis à L'Express de Jean-Jacques Servan-Schreiber et Françoise Giroud, permit à Gorz de prendre, sous le pseudonyme de Michel Bosquet, une place grandissante de journaliste économique.
Le contact avec les réalités sociales, la rencontre aussi avec Pierre Mendès France, lui firent aborder la politique par la voie de l'économie jointe à la philosophie. Sartre méconnut l'originalité de son essai philosophique, Gorz en fut ébranlé, il le rangea (Fondements pour une morale ne fut publié qu'en 1977) et il entreprit de se reprendre à zéro dans une audacieuse tentative d'autoanalyse existentielle. Ce fut Le Traître, en 1958, que Sartre préfaça par un texte éclatant. Le livre changea effectivement la vie d' André Gorz et de Dorine en les socialisant.
UNE AUTRE MONDIALISATION
Pourquoi les hommes acceptent-ils de vivre contre leurs désirs pour satisfaire aux besoins artificiellement suscités par l'économie marchande, au lieu de mettre les échanges au service de leur propre production en tant qu'êtres humains ? Cette question court sous toute la pensée philosophique sociale du XXe siècle et André Gorz la repensa en se fondant sur Marx, celui des Grundrisse, Sartre, celui de la Critique de la raison dialectique, Ivan Illich, celui de La Convivialité, mais aussi sur les travaux de Jean-Marie Vincent et d'intellectuels politiques comme l'Italien Bruno Trentin.
A partir de Stratégie ouvrière et néocapitalisme (1964), il devint une référence pour les syndicalistes indépendants, en Allemagne et dans les pays scandinaves plus qu'en France. Avec Adieux au prolétariat (1980), André Gorz prenait acte de l'invention d'une nouvelle socialité par des gens que la destruction progressive du salariat déclassait et précarisait.
Poursuivant conjointement la critique de la division du travail propre au capitalisme et la destruction de la planète par l'exploitation irrationnelle de ses ressources, il fondait l'écologie politique (Ecologie et politique, 1975 et 1978 ; Ecologie et liberté, 1977 ; Métamorphoses du travail, quête du sens, 1988).
Son dernier ouvrage théorique, L'Immatériel, traitait de l'indifférence de la science et du capital à toute fin humaine, et de la crise que la fissure de cette alliance provoquait.
Il s'intéressait à la nouvelle utopie dessinée par la pratique des "dissidents du capitalisme numérique", les hackers, déclassés volontaires qui mettent gratuitement en réseau leurs inventions libératrices. Se rangeant à l'idée d'un "revenu social garanti, inconditionnel et universel", il le voyait déboucher sur une société où la production de soi dans la convivialité avec les autres passerait avant la production de marchandises globalement déshumanisantes. Penseur d'une autre mondialisation, celle des inventeurs de vie, André Gorz reste un philosophe d'avenir.
Michel Contat
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Colóquio Ibérico
IVº Colóquio Ibérico de Cooperativismo e Economia Social
La utilidad social en la economía social,
a debate en el IV Coloquio Ibérico de Cooperativismo y Economía Social, Córdoba 2007
Esta mañana se ha inaugurado en Córdoba el IV Coloquio Ibérico de Cooperativismo y Economía Social, que bajo el lema de “La economía social, polo de utilidad social”, reúne a 120 personas, entre ellas profesores de 22 universidades de España, Portugal y de Latinoamérica, directivos de empresas de economía social y representantes de distintas administraciones públicas. Organizado por CIRIEC-España, CEPES Andalucía y la Rede Portuguesa de Formaçao para o Terceiro Sector, en las distintas sesiones del Coloquio, ponentes de prestigio de la economía social andaluza, española y portuguesa tratan temas tan relevantes como la creación de empleo en la economía social, su papel en el desarrollo local o el tratamiento fiscal de las empresas de economía social. El Coloquio ha servido, asimismo, para anunciar en Córdoba el 27 Congreso Internacional del CIRIEC, foro de referencia mundial de la economía pública, social y cooperativa que tendrá lugar justo dentro de un año en Sevilla, los días 22, 23 y 24 de septiembre de 2008, bajo la Presidencia de Honor de su Majestad el Rey Don Juan Carlos.
En la mesa inaugural del Coloquio han participado la directora general de Economía Social y Emprendedores de la Junta de Andalucía, Ana Barbeito; el delegado de Presidencia del Ayuntamiento de Córdoba, José Antonio Cabanillas; el presidente de CEPES Andalucía, Antonio Romero; el presidente de CIRIEC-España, José Luis Monzón; el presidente del INSCOOP, Manuel Canaveira, y el presidente de la Rede Portuguesa de Formaçao para o Terceiro Sector, Rui Namorado.
Valores que inciden en la sociedad
Ana Barbeito destacó en su intervención los valores más fundamentales que aporta la economía social a la sociedad. “Una economía diferente” - dijo- “porque en ella confluyen los intereses empresariales con la solidaridad, con la participación y, en definitiva, con la democracia”. Para Barbeito se trata de valores “que inciden en la sociedad y que se comprometen con la humanidad”. Por ello manifestó que la Junta de Andalucía va a continuar “acompañando” a este sector y citó como ejemplo medidas tan relevantes como el “mayor hincapié con el que se trata a la economía social en el nuevo Estatuto de Autonomía de Andalucía”, así como la firma del II Pacto Andaluz de la Economía Social, “que cabe desarrollar en los próximos tres años”. Ana Barbeito propuso como otros retos inmediatos de la economía social la eliminación de trabas para la creación de nuevas empresas, la intercooperación empresarial y la internacionalización: “También tenemos fuerza para salir fuera”, aseguró la directora general de Economía Social y Emprendedores que, en definitiva, se mostró muy orgullosa de los actores de la economía social andaluza.
Por su parte, el presidente de CEPES Andalucía, Antonio Romero, habló de la oportunidad de este coloquio, ya que “necesitamos investigadores que pongan en valor lo que hacemos los prácticos”. En este sentido se refirió al arraigo de las empresas de economía social en el territorio, la sostenibilidad y la mayor calidad del empleo en las empresas de economía social, y la puesta en marcha de iniciativas innovadoras. Romero aportó cifras de la economía social andaluza, compuesta por más de 10.000 empresas, 100.000 empleados y 460.000 socios. Y manifestó que la apuesta es “seguir creciendo, innovando y concentrando”. El presidente de CEPES-A agradeció la colaboración de la Junta de Andalucía al sector, destacando, también por su parte, la firma del II Pacto Andaluz de la Economía: “Se trata de una apuesta del Gobierno andaluz que no ha hecho ninguna otra administración en España”, concluyó.
27 Congreso Internacional del CIRIEC
Por su parte, José Luis Monzón, presidente de CIRIEC-España aprovechó su intervención para anunciar la celebración en Sevilla, del 22 al 24 de septiembre del año que viene, del 27 Congreso Internacional del CIRIEC. En este sentido, el Coloquio que se está celebrando en Córdoba se enmarca en una agenda más amplia que desde hace dos años llevan a cabo conjuntamente CIRIEC-España, CEPES Andalucía y la Junta de Andalucía, con el objetivo de preparar pormenorizadamente el próximo Congreso Internacional. Monzón reiteró que no es casualidad que Andalucía haya sido escogida sede del considerado principal foro internacional de la economía pública, social y cooperativa. Como ejemplo citó el Informe sobre la Economía Social en los 27 países de la Unión Europea, realizado para el Comité Económico y Social Europeo, en el que las experiencias empresariales de la economía social andaluza y su modelo de relaciones con la universidad y los poderes públicos son citados elogiosamente y de forma destacada como ejemplo de “buenas prácticas”.
Los dos representantes portugueses en la mesa, Manuel Canaveira, presidente del Instituto Antonio Sergio del Cooperativismo (INSCOOP), y Rui Namorado, presidente de la Red Portuguesa de Formación del Tercer Sector, coincidieron en destacar los valores de la economía social como instrumento para mejorar la calidad de vida y las relaciones sociales. No obstante, Canaveira advirtió que los objetivos no están conseguidos en su plenitud, “las cooperativas crean riqueza pero sigue siendo insuficiente”. Se refería a las desigualdades sociales y económicas que persisten en distintos países, especialmente en los latinoamericanos y africanos, también en la implantación de la economía social. Por su parte, Rui Namorado afirmó que la economía social portuguesa está atravesando “una etapa de incertidumbre”, debido a la reestructuración del estado que está llevando a cabo el país vecino. “A pesar de que desempeñamos un papel activo, la economía social seguimos siendo una isla. Y no sabemos si el nuevo Estado nos dará la oportunidad de aumentar nuestro desarrollo.”
En representación del ayuntamiento de Córdoba estuvo presente en la mesa inaugural el delegado de la Presidencia, José Antonio Cabanillas, quien manifestó sentirse sensibilizado y comprometido con los movimientos de integración social, entre los cuales están las iniciativas de economía social.
El Coloquio continuará hasta mañana mediodía en el Hotel Córdoba Center. En la jornada del viernes, José Luis Monzón y Rafael Chaves, de la Universidad de Valencia, expondrán el concepto de Economía Social recogido en el Informe del Comité Económico y Social Europeo. Ambos profesores estarán acompañados en esta sesión por Rui Namorado.
La quinta y última sesión estará dedicada al régimen fiscal de las empresas y organizaciones de economía social, con intervenciones de Rafael Calvo Ortega, ex ministro de Trabajo, catedrático de Derecho Financiero y Tributario y presidente de la Fundación Iberoamericana de Economía Social (FUNDIBES); y José Carlos Gomes dos Santos, profesor de la Universidade Técnica de Lisboa
GORZ e DORINE
Excerto do último livro de Gorz, "Lettre à D.- une histoire d'amour":
"Tu viens juste d'avoir quatre-vingt-deux ans. Tu es toujours belle, gracieuse et désirable. Cela fait cinquante-huit ans que nous vivons ensemble et je t'aime plus que jamais. Récemment je suis retombé amoureux de toi une nouvelle fois et je porte de nouveau en moi un vide dévorant que ne comble que ton corps serré contre le mien."
Sobre GORZ : o filósofo e sua mulher
Permito-me transcrever um interessante texto de Michel Contat, publicado no "Le Monde" que se ocupa principalmente do último livro de Gorz, publicado em 2006 ("Lettre à D.- Histoire d'un amour"). As circunstâncias dramáticas da morte de ambos vieram dar uma dimensão trágica a esse texto magnífico do grande pensador contemporâneo, enriquecendo-o de uma tocante dimensão humana.
Entretien
André Gorz, le philosophe et sa femme
LE MONDE DES LIVRES | 26.10.06 | 12h27 • Mis à jour le 24.09.07 | 17h07
Arrivé à un âge où il ne se sent plus la force d'entreprendre un livre de longue haleine, André Gorz se retourne sur sa vie, se rend compte qu'il n'en a jamais écrit l'essentiel, sa relation avec sa femme, et il commence à lui écrire, à elle, directement : "Tu vas avoir quatre-vingt-deux ans. Tu as rapetissé de six centimètres, tu ne pèses que quarante-cinq kilos et tu es toujours belle, gracieuse et désirable. Cela fait cinquante-huit ans que nous vivons ensemble et je t'aime plus que jamais. Je porte de nouveau au creux de ma poitrine un vide dévorant que seule comble la chaleur de ton corps contre le mien."
Très peu de livres accrochent ainsi, en quelques phrases qui donnent le ton, le tempo, la musique et l'émotion, la qualité d'une vie. On lit cette lettre d'amour à une femme vivante, malade et qui souffre et qui va mourir un jour, lointain peut-être encore mais de toute façon trop proche, et cette mort devient aussi inacceptable pour celui qui lit que pour celui qui écrit. Dans les dernières lignes, qui reprennent les premières sur un ton qui étreint le coeur encore plus, cette mort est envisagée. Un tel livre, court, exact, poli comme un galet sans effort apparent, vient rappeler ce que peut la littérature quand elle sonne vraie parce qu'elle sonne juste.
Racontant un amour singulier, il tombe à pic dans un débat encore une fois en cours sur le couple. A un extrême, Sartre et Beauvoir, que Gorz et Dorine ont bien connus : l'expérience de l'ouverture, la fidélité au pacte conclu d'engagement à vie et du tout se dire des autres relations amoureuses que l'on s'autorise sans trahir la relation fondatrice, priorité des priorités. A l'autre extrême, Gorz et Dorine, le même pacte mais cette fois dans l'engagement exclusif, corps et âme, puisque l'âme est le corps vécu. La fidélité devient réciprocité éthique : je ne te fais pas ce que je ne voudrais pas que tu me fasses. Entre ces deux paradigmes, toute la gamme des aménagements possibles, contrats tacites, compromis, mensonges, omissions, frustrations, réussites affichées, échecs cachés, ou l'inverse, arrangements qui sont le lot plus ou moins choisi de tant de couples quand ils durent.
Le magnifique, dans Lettre à D., n'est pas de donner un exemple - Gorz, philosophe du social, ne prétend pas établir une norme à partir d'une entreprise à deux qu'il sait exceptionnelle et en quelque sorte voulue par l'histoire, la grande, celle qui tranche les vies - mais de donner un sens politique à l'amour. Non pas sécession et refuge mais réalisation de quelque chose qui le dépasse en le confirmant et en s'affrontant au monde. En l'occurrence une oeuvre, philosophique, littéraire, journalistique dont l'un et l'autre puissent être fiers ensemble parce qu'elle agit. Ce n'est pas tout de rencontrer l'âme soeur, encore faut-il trouver un projet qui pérennise la rencontre et la rende productive d'autre chose que la relation elle-même. Gorz, quand il rencontre Dorine, écrit un essai philosophique qui doit fonder une hiérarchie des conduites humaines face à la finitude, à la précarité, à la vie collective, à l'histoire, à tout ce que Sartre appelle la "situation".
CONFIANCE SANS FAILLE
Une telle entreprise ne peut se réaliser pratiquement que si quelqu'un la valide en la reprenant à son compte. C'est ce que fait Dorine avec une confiance sans faille. Ils ont connu l'un et l'autre l'expérience fondatrice de l'insécurité ; ils bâtiront ensemble, en se protégeant mutuellement, le socle sur lequel écrire sur l'insécurité qui est la vie même. Ecrire est sa vocation. Elle l'aide, professionnellement aussi, devient sa documentaliste, son interlocutrice, sa première lectrice, sa seule critique, armée d'une capacité de jugement imparable. Galère d'abord, longue, décourageante parfois, pour lui, après l'inaboutissement de l'essai philosophique ; joie partagée, quand Le Traître paraît, de voir leur vie s'ouvrir aux autres et ceux-ci l'accueillir parce qu'à eux deux ils illuminent, affectivement autant qu'intellectuellement. Dorine est sociable, spontanée ; Gorz est intelligent, extrêmement, introverti, rétractile. Il va changer. Dans Lettre à D., il explique l'effet de la publication d'un livre quand celui-ci est reconnu : "Tu as souvent dit que ce livre ( Le Traître) m'a transformé à mesure que je l'écrivais. (...) Ce n'est pas de l'écrire qui m'a permis de changer ; c'est d'avoir produit un texte publiable et de le voir publié. (...) Magie de la littérature : elle me faisait accéder à l'existence en tant même que je m'étais décrit, écrit dans mon refus d'exister. Ce livre était le produit de mon refus, était ce refus et, par sa publication, m'empêchait de persévérer dans ce refus. C'est précisément ce que j'avais espéré et que seule la publication pouvait me permettre d'obtenir : être obligé de m'engager plus avant que je ne le pouvais par ma solitaire volonté, et de me poser des questions, de poursuivre des fins que je n'avais pas définies tout seul."
Ils reçoivent ensemble, dans un village de l'Aube, au seuil de la belle maison simple pour laquelle ils ont quitté Paris dans les années 1980. Du pré d'un hectare autour d'elle, ils ont fait un jardin avec deux cents arbres. Il est comme d'habitude, amical, discret, chaleureux ; elle aussi. Ils ont vieilli, lui moins qu'elle dont la pâleur frappe et les maux se taisent ; lui a pour elle toutes sortes d'attentions ; elle aussi pour lui. Il est en pleine santé, l'air fragile comme il l'a toujours eu, mais le corps mince et musclé, on le devine à sa démarche. Elle est diaphane et souriante, précautionneuse : la douleur
guette un geste de trop pour bondir sur elle. Ils sont accueillants, posent des questions ; on est venu pour leur en poser sans les mettre sur le gril. Elle ne veut pas participer à l'entretien : c'est son livre à lui, il est le peintre, elle le modèle ; c'est lui qu'on est venu voir, dit-elle, pas le sujet du tableau à qui le tableau suffit bien et dans lequel elle ne se reconnaît pas tout à fait, même s'il dit la vérité, sa vérité à lui. Une subjectivité reste une subjectivité.
Celle de Gérard Horst (son vrai nom) est pleinement assumée sous le nom d'auteur d'André Gorz. Quand il a écrit ce texte, au printemps 2006, il n'était pas sûr de le publier, par discrétion à son égard, et puis il se demandait qui il pourrait intéresser. Michel Delorme, son éditeur chez Galilée, n'a pas hésité : il fallait que ce livre paraisse, car c'en est un, à tous les sens du mot, un livre beau, un livre nécessaire, un livre qui délivre. De quoi ? Gorz n'en est pas sûr mais écoute ce qu'on lui en dit : il délivre de la crainte d'exprimer à la première personne des sentiments pour les comprendre en philosophe existentialiste.
"J'avais déjà employé le "tu" dans Le Traître, en m'adressant à moi, pour m'objectiver, me voir tel que je pouvais apparaître à autrui, me décrire dans mes manies, dans cette fuite devant l'existence qui m'avait amené à la pensée théorique et m'y enfermait comme dans une bulle. Le Traître était un travail de libération, mais je n'y donnais aucune place à l'amour, et même je le trahissais. Mais, après avoir pris la mesure de ma position existentielle - singulière comme celle de chacun -, j'ai pu porter ma pensée sur le monde social et y décrypter l'aliénation des producteurs à leur propre produit. Dans cette lettre à Dorine, le "tu" me sert à prendre une vue vraie sur ma vie avec elle. Dans Le Vieillissement déjà, à 38 ans, j'avais compris que, vieillir c'est accepter ce fait d'expérience : on ne fait jamais ce qu'on veut et on ne veut jamais ce qu'on fait. De sorte que chacun est hétéronome. Et pourtant, on fait ce que l'on juge devoir faire parce qu'on se sent et donc se rend capable de le faire. Ainsi s'étend, si peu que ce soit, notre sphère d'autonomie. Il faut donc accepter d'être fini, d'être ici et pas ailleurs, de faire ça et pas autre chose, d'avoir cette vie seulement. LeSocrate de Valéry le disait justement : "Je suis né plusieurs, et je suis mort, un seul. L'enfant qui vient est une foule innombrable, que la vie réduit assez tôt à un seul individu, celui qui se manifeste et meurt." Vivre avec Dorine, l'aimer et aimer notre vie ensemble m'a appris cela, mais je ne le disais pas, car je ne comprenais pas encore combien j'avais besoin d'elle pour écrire, plus qu'elle n'avait besoin de moi pour vivre."
ECOUTER SANS JUGER
Quand on a connu Gorz et Dorine dans les années 1970, rencontré chez eux Ivan Illich, Herbert Marcuse, Rossana Rossanda, William Klein, et des intellectuels plus jeunes et actifs dans le mouvement social comme Marc Kravetz, Tiennot Grumbach, on se souvient de leur façon absolument non mondaine de recevoir des gens qui avaient quelque chose à apprendre les uns des autres et de leur présence discrète à eux, de sa façon à lui de vous interroger sans ambages sur l'essentiel, de sa façon à elle de vous écouter sans juger quand vous aviez des difficultés personnelles. Le monde extérieur
existait très fort chez eux, à Paris. Aujourd'hui leur viennent encore, plus espacées, des visites de jeunes gens que le travail de Gorz inspire dans leur action, syndicale, politique, sociale. Des universitaires aussi qui travaillent sur son oeuvre. Ainsi le monde ne vient-il pas à eux dans leur campagne seulement par les publications qu'il lit assidûment et discute avec elle pour écrire dans des revues comme Multitudes ou EcoRev. Il y publie des articles toujours très clairs, ardus seulement parce qu'ils expriment une pensée radicalement différente de celle qui règne sur l'économie politique.
Votera-t-il pour la présidentielle ? "Probablement, mais sans croire au discours des candidats qui promettent le plein emploi et l'emploi à vie. Tous mentent sur cette question et le pire est que tous le savent. L'avenir ne se joue pas au niveau de la politique d'Etat, il se construit en réalité dans les petites collectivités, au niveau communal, par des comportements sociaux qui rompent avec la logique du profit financier. C'est là que les luttes ont un sens." Sur ce sujet, il peut parler des heures, animé d'une conviction entière. Sa critique radicale du capitalisme n'a pas désarmé. Ses livres la développent de façon de plus en plus fine, acérée. Mais on n'est pas venu pour parler de théorie, il le sait. On a une question sur les lèvres, une fois la Lettre à D. refermée sur ces mots : "Nous aimerions chacun ne pas survivre à la mort de l'autre. Nous nous sommes souvent dit que si, par impossible, nous avions une seconde vie, nous voudrions la vivre ensemble." Un exit commun à la façon d'Arthur Koestler et de sa femme Cynthia ? "Nous avons parlé de ce suicide à deux quand nous l'avons appris. Mais c'était leur histoire, presque leur combat. Je n'y pense pas et elle non plus. Dorine et moi vivons dans l'infini de l'instant en sachant qu'il est fini et c'est très bien ainsi. Pour nous, le présent suffit."
On sourit à leur chance, elle n'est pas donnée à tous ; eux se la sont donnée ; ils l'ont construite. A quel prix ? Elle seule pourrait le dire. Mais rien dans son regard ne trahit le sacrifice, "si démoralisant pour la personne à qui l'on se sacrifie", disait Oscar Wilde. Un beau couple sans enfant mais avec oeuvre, ses livres, et en tout cas celui-ci, qui restera.
Tópicos sobre a vida de GORZ
1923 : naissance à Vienne, père autrichien, juif, mère catholique.
1939-1945 : apatride, en pension à Lausanne, études de chimie, commence L'Essai.
1946 : rencontre Sartre, à Lausanne.
1947 : rencontre Dorine, anglaise, à Lausanne.
1949 : se marie, s'installe à Paris.
1950 : journaliste à Paris-Presse puis à L'Express, sous le pseudonyme de Michel Bosquet.
1954 : naturalisé français grâce à Mendès France.
1955 : achève L'Essai, rejeté par Sartre, commence un écrit autobiographique.
1958 : publie, avec le pseudonyme d'André Gorz, Le Traître, préfacé par Sartre.
1961 : entre au comité des Temps modernes.
1964 : fonde avec Jean Daniel et quelques autres Le Nouvel Observateur.
1964 : Stratégie ouvrière et néo-capitalisme.
1974 : se retire des Temps modernes.
1980 : Adieux au prolétariat (Galilée).
1983 : prend sa retraite du Nouvel Observateur. S'installe à la campagne.
1997 : Métamorphoses du travail, quête du sens.
2003 : L'Immatériel. Connaissance, valeur et capital.
2006 : Lettre à D., Histoire d'un amour (Galilée, 76 p., 13,40 €).
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segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Gorz a pensar
Numa entrevista, dada em 2003 á revista Global, Gorz respondeu assim a uma das perguntas que lhe foi feita :
Global - Em seu novo livro o senhor questiona a sociedade capitalista do saber, chegando mesmo a colocar em dúvida a existência de tal sociedade. Na sua opinião, economia cognitiva e capitalismo são inconciliáveis. Por que motivo?
Gorz - Porque na assim chamada economia cognitiva, os parâmetros econômicos tradicionais não são válidos. A principal força produtiva - o saber - não é quantificável: a atividade laborativa fundada no saber já não pode ser medida por horas de trabalho. E, apesar de todos os possíveis artifícios, a transformação do saber em capital - capital monetário - encontra alguns obstáculos insuperáveis. Dentro em breve, as três categorias fundamentais da economia política - o trabalho, o valor e o capital - não mais poderão ser definidas em termos aritméticos, nem medidas por parâmetros unitários. Além do mais, justamente em função dessa característica de não mensurabilidade, fica cada vez mais difícil aplicar conceitos como mais-valia, sobre-trabalho, valor de troca, produto social bruto. Quando os especialistas em macroeconomia procuram quantificar com os instrumentos tradicionais os resultados econômicos e os padrões de desenvolvimento, estão, na realidade, tateando no escuro. A economia cognitiva representa de fato uma crise de fundo do capitalismo e antecipa uma outra economia, de tipo novo e ainda a ser fundada. E é a esse respeito que se desenvolve o debate mundial sobre o que é de fato a riqueza, e a que critérios deve corresponder. A economia tem sempre mais necessidade de parâmetros qualitativos que quantitativos.
A Obra de André Gorz
* La morale de l'histoire (Seuil, 1959)
* Stratégie ouvrière et néocapitalisme (Seuil, 1964)
* Le traître (Le Seuil, 1957 et Folio Essais, 2005. Dans cette édition se trouve l'Avant-propos de 1967)
* Le socialisme difficile (Seuil, 1967)
* Réforme et révolution (Seuil, 1969)
* Critique du capitalisme quotidien (Galilée, 1973)
* Critique de la division du travail (Seuil, 1973. Ouvrage collectif)
* Écologie et politique (Galilée, 1975)
* Écologie et liberté (Galilée, 1977)
* Fondements pour une morale (Galilée, 1977)
* Adieux au prolétariat (Galilée et Le Seuil, 1980)
* Les Chemins du Paradis (Galilée, 1983)
* Métamorphoses du travail (Galilée, 1988 et Folio Essais, 2004)
* Capitalisme Socialisme Écologie (Galilée, 1991)
* Misères du présent, richesse du possible (Galilée, 1997)
* L’immatériel (Galilée, 2003)
* Lettre à D. Histoire d'un amour (Galilée, 2006)
Morreu André Gorz
Podemos ver no site do Nouvel Observateur a notícia da morte da André Gorz:
André Gorz est mort
NOUVELOBS.COM | 24.09.2007 | 17:10
Le philosophe co-fondateur du Nouvel Observateur s'est donné la mort à l'âge de 84 ans avec sa femme.
Le philosophe André Gorz âgé de 84 ans, s'est suicidé avec sa femme à son domicile de Vosnon (Aube), a-t-on appris lundi 24 septembre auprès de ses proches. Il avait fondé en 1964 Le Nouvel Observateur sous le nom de Michel Bousquet avec Jean Daniel notamment.
Né à Vienne en février 1923, sous le nom de Gerard Horst, André Gorz est considéré comme un penseur de l'écologie politique et de l'anticapitalisme. Il est l'auteur, entre autres, d'"Ecologie et politique" et d'"Ecologie et liberté". Il avait pris sa retraite dans les années 1980 dans une maison à Vosnon, à 35 kilomètres de Troyes avec son épouse, atteinte d'une maladie évolutive depuis plusieurs années.
Une amie a constaté le drame lundi matin. Sur leur porte, des messages indiquaient qu'il fallait "prévenir la gendarmerie". André Gorz et sa femme reposaient côte à côte.
*** *** *** *** ***
Alguns dos estudantes que em Coimbra em 1968 e 1969 procuraram pensar em termos novos as lutas estudantis tiveram como uma das suas referências principais André Gorz. Por mim, não me cansei da sua obra: sempre crítica, sempre livre, sempre exigente, sempre em busca de novos horizontes.
O seu livro mais recente é dedicado à mulher : Lettre à D. ( Histoire d'un amour).
Eis como termina: " Nous nous sommes souvent dit que si, par impossible, nous avions une seconde vie, nous voudrions la passer ensemble".
À procura do Partido Socialista
Com a devida vénia transcrevo um excerto de um texto de Manuel Maria Carrilho, publicado hoje no Diário de Notícias.
"A reconquista da credibilidade dos partidos e dos políticos passa hoje por uma porta estreita, que é a da coerência com que praticam aquilo que proclamam. O PS, talvez porque chegou inesperadamente ao poder em 2005, tem-se socorrido sobretudo de uma cultura, digamos, tecno-ministerial. Mas o que ele agora precisa é de assumir a receita que prescreve para o país: ou seja, de se reformar a si próprio, dando esse exemplo e esse sinal ao País.
Reformar-se, combatendo o conformismo e valorizando internamente a criatividade, a competitividade e a audácia, com um objectivo nuclear: o de aumentar tanto o seu enraizamento popular como a sua capacidade de atracção das elites.
Reformar-se, dinamizando um - pelo menos um! - think-tank de referência e diversos blogs temáticos que promovam o conhecimento sério e estimulem o debate aberto e regular dos problemas do país e do mundo, criando para o efeito estruturas leves, dinâmicas, descentralizadas, lusófonas e internacionais.
Reformar-se, revigorando os seus principais valores diferenciadores, sejam eles a marca ideológica de partido da igualdade ou o seu património histórico de partido da liberdade.
Afirmei há uns anos que corríamos o risco de entrar no séc. XXI com um partido talhado nos moldes do séc. XIX. Foi, infelizmente, o que aconteceu. É isso que está na hora de mudar."
É neste plano que o debate deve ser travado. O Partido Socialista só pode sê-lo se for um partido de socialistas. E não se é socialista se se a nossa Meca for submissão beata às directivas ideológicas do neo-liberalismo oficioso, incrustrado nas grandes instituições financeiras supra-nacionais.
domingo, 23 de setembro de 2007
Ainda a Mesquita de Cordoba
A Mesquita de Córdoba representa, em si própria, uma extaordinária batalha simbólica. Construída no lugar onde estivera antes uma igreja católica, depois da perda da cidade pelos mouros viria a sofrer enxertos de templos cristãos. No mesmo sítio tentaram construir uma catedral cristã. Os séculos foram limpando os resíduos mais circunstanciais e moderando o fogo das paixões.
Hoje, a sobriedade, o rigor geométrico, a grandeza e a beleza exuberante do abstracto árabe, vencem o preciosismo barroco dos acrescentos cristãos, o pietismo figurativo que parece pequeno e mesquinho. Para marcar bem a actualidade da luta surda que os séculos não apagaram por completo, uma gravura de madre Teresa de Calcutá, recorda que a mesquita está sob domínio católico. Apenas o túmulo de D. Luís de Gongora consegue revestir de um pouco de grandeza a presença cristã. Não pela exuberância da sua concepção, mas apenas pela evocação de um grande poeta.
sábado, 22 de setembro de 2007
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Emmanuel Todd : « Kouchner est passé de Médecins du monde à Militaires sans frontières »
Emmanuel Todd vient de publier, avec Youssef Courbage, un ouvrage, Le rendez-vous des civilisations (1), qui tord le cou à la thèse du choc des civilisations. Pour ces deux démographes, la montée de l'islam radical n'est que l'un des signes, nombreux, de la modernisation du monde musulman dont l'aspect démographique est d'ailleurs le plus éclatant. Les sociétés du monde musulman sont entrées dans une transition démographique qui voit progresser l'alphabétisation des hommes puis des femmes, avant que le nombre d'enfants par femme se rapproche de celui de l'occident. Tout cela évoque selon eux une montée de l'individualisme dans ces sociétés. L'analyse démographique les conduit ainsi à rejeter l'idée d'une différence de nature entre les sociétés anciennement chrétiennes et les sociétés musulmanes.
Que penser de la déclaration musclée de Bernard Kouchner sur l'Iran?
Emmnuel Todd : Son intervention ravive une interrogation personnelle qui date de la guerre d'Irak, où il s'était déjà prononcé en faveur de l'intervention américaine : quelle peut être la psychologie d'un médecin qui manifeste une préférence stable pour la guerre? Nous passons trop vite de Médecins du monde à « Militaires sans frontières ».
Plus sérieusement Bernard Kouchner n'a fait qu'exprimer maladroitement la ligne Sarkozy, qui de fait est la ligne de Washington. Avant la présidentielle, j'avais suggéré que les Américains attendaient l'élection de Nicolas Sarkozy pour s'attaquer à l'Iran.
Le Quai d'Orsay propose une autre lecture de cette déclaration : il ne s'agirait pas, en fait, de menacer l'Iran mais de montrer à ses dirigeants actuels le coup économique de leur refus d'obtempérer aux recommandations de la communauté internationale.
On peut dire ce qu'on veut, mais le mot guerre a été prononcé, et le Quai d'Orsay apprendra d'autres nouvelles par la presse.
L'Iran inquiète davantage certains observateurs que l'Irak avant l'intervention américaine.
La question de l'Iran se présente sous la forme d'un flot d'images et de faits difficiles à interpréter vu de France. Il y a les propos absurdes du président Ahmadinejad, les images de femmes couvertes de noir, et l'islamophobie ambiante. Tout cela masque la réalité profonde de l'Iran : une société en développement culturel rapide, dans laquelle les femmes sont plus nombreuses que les hommes à l'université, un pays dans lequel la révolution démographique a ramené le nombre d'enfants par femme à deux, comme en France ou aux Etats-unis. L'Iran est en train de donner naissance à une démocratie pluraliste. C'est un pays où, certes, tout le monde ne peut pas se présenter aux élections, mais où l'on vote régulièrement et où les basculements d'opinion et de majorité sont fréquents. Comme la France, l'Angleterre ou les Etats-unis, l'Iran a vécu une révolution qui se stabilise et où un tempérament démocratique s'épanouit.
Tout cela est à mettre en rapport avec une matrice religieuse dans laquelle la variante chiite de l'islam valorise l'interprétation, le débat et, éventuellement, la révolte.
Pour un simple observateur occidental, l'assimilation du chiisme au protestantisme n'est pas une évidence qui tombe sous le sens.
Il serait absurde de pousser à l'extrême la comparaison. Mais il est clair que de même que le protestantisme a été, dans l'histoire européenne, un accélérateur de progrès et le catholicisme un frein, le chiisme apporte aujourd'hui une contribution positive au développement, notamment dans le domaine du contrôle des naissances : l'Azerbaïdjan, certes postcommuniste, mais également chiite, est à 1,7 de taux de fécondité, les régions alaouites de Syrie rattachées au chiisme, ont terminé leur transition démographique contrairement aux régions majoritairement sunnites. Au Liban, la communauté chiite, base sociale du Hezbollah, était en retard sur le plan éducatif et social, mais elle est en train de rattraper les autres communautés, comme on le voit dans l'évolution du taux de fécondité.
L'Iran est aussi une très grande nation qui manifeste une conscience réaliste de ses intérêts stratégiques dans une région où la majorité de ses voisins possède l'arme nucléaire : le Pakistan, l'Irak et l'Afganistan (via la présence de l'armée américaine), Isräel. Dans ce contexte, l'attitude européenne raisonnable serait d'accompagner l'Iran dans sa transition libérale et démocratique et de comprendre ses préoccupations de sécurité.
Dans votre livre, vous faites l'hypothèse tout à fait surprenante d'une possible laïcisation des sociétés musulmanes.
Dans la mesure où dans les mondes catholique, protestant, orthodoxe et bouddhiste, la baisse de la fécondité a toujours été précédée d'un affaiblissement de la pratique religieuse, on doit se demander si des pays musulmans dans lesquels le nombre d'enfants par femme est égal ou inférieur à 2 ne sont pas en train de vivre aussi, à notre insu – et peut-être même à l'insu de leurs dirigeants – un processus de laïcisation. C'est le cas de l'Iran.
Pourquoi les Américains et Sarkozy ont-ils adopté cette stratégie de confrontation avec l'Iran ?
Les services diplomatiques américains sont parfaitement au fait de la réalité iranienne, de la montée de la démocratie et de la modernisation du pays. Mais ils veulent abattre une puissance régionale qui menace leur contrôle de la zone pétrolière. C'est un pur cynisme utilisant l'incompréhension actuelle du monde musulman. Dans le cas de Sarkozy, je pencherais plus pour l'idée d'incompétence ou de sincère ignorance, qui le conduit néanmoins à amorcer une politique extérieure contraire à la morale et à l'intérêt de la France. D'éventuelles sanctions économiques françaises contre l'Iran feraient rire les Américains qui n'ont plus d'intérêts dans ce pays, et sourire les Allemands, qui ont comme nous en ont beaucoup, mais semblent pour le moment plus réalistes.
(1) Le rendez-vous des civilisations, Emmanuel Todd et Youssef Courbage, Le Seuil, 2007
Este texto foi publicado no semanário francês MARIANNE
Que penser de la déclaration musclée de Bernard Kouchner sur l'Iran?
Emmnuel Todd : Son intervention ravive une interrogation personnelle qui date de la guerre d'Irak, où il s'était déjà prononcé en faveur de l'intervention américaine : quelle peut être la psychologie d'un médecin qui manifeste une préférence stable pour la guerre? Nous passons trop vite de Médecins du monde à « Militaires sans frontières ».
Plus sérieusement Bernard Kouchner n'a fait qu'exprimer maladroitement la ligne Sarkozy, qui de fait est la ligne de Washington. Avant la présidentielle, j'avais suggéré que les Américains attendaient l'élection de Nicolas Sarkozy pour s'attaquer à l'Iran.
Le Quai d'Orsay propose une autre lecture de cette déclaration : il ne s'agirait pas, en fait, de menacer l'Iran mais de montrer à ses dirigeants actuels le coup économique de leur refus d'obtempérer aux recommandations de la communauté internationale.
On peut dire ce qu'on veut, mais le mot guerre a été prononcé, et le Quai d'Orsay apprendra d'autres nouvelles par la presse.
L'Iran inquiète davantage certains observateurs que l'Irak avant l'intervention américaine.
La question de l'Iran se présente sous la forme d'un flot d'images et de faits difficiles à interpréter vu de France. Il y a les propos absurdes du président Ahmadinejad, les images de femmes couvertes de noir, et l'islamophobie ambiante. Tout cela masque la réalité profonde de l'Iran : une société en développement culturel rapide, dans laquelle les femmes sont plus nombreuses que les hommes à l'université, un pays dans lequel la révolution démographique a ramené le nombre d'enfants par femme à deux, comme en France ou aux Etats-unis. L'Iran est en train de donner naissance à une démocratie pluraliste. C'est un pays où, certes, tout le monde ne peut pas se présenter aux élections, mais où l'on vote régulièrement et où les basculements d'opinion et de majorité sont fréquents. Comme la France, l'Angleterre ou les Etats-unis, l'Iran a vécu une révolution qui se stabilise et où un tempérament démocratique s'épanouit.
Tout cela est à mettre en rapport avec une matrice religieuse dans laquelle la variante chiite de l'islam valorise l'interprétation, le débat et, éventuellement, la révolte.
Pour un simple observateur occidental, l'assimilation du chiisme au protestantisme n'est pas une évidence qui tombe sous le sens.
Il serait absurde de pousser à l'extrême la comparaison. Mais il est clair que de même que le protestantisme a été, dans l'histoire européenne, un accélérateur de progrès et le catholicisme un frein, le chiisme apporte aujourd'hui une contribution positive au développement, notamment dans le domaine du contrôle des naissances : l'Azerbaïdjan, certes postcommuniste, mais également chiite, est à 1,7 de taux de fécondité, les régions alaouites de Syrie rattachées au chiisme, ont terminé leur transition démographique contrairement aux régions majoritairement sunnites. Au Liban, la communauté chiite, base sociale du Hezbollah, était en retard sur le plan éducatif et social, mais elle est en train de rattraper les autres communautés, comme on le voit dans l'évolution du taux de fécondité.
L'Iran est aussi une très grande nation qui manifeste une conscience réaliste de ses intérêts stratégiques dans une région où la majorité de ses voisins possède l'arme nucléaire : le Pakistan, l'Irak et l'Afganistan (via la présence de l'armée américaine), Isräel. Dans ce contexte, l'attitude européenne raisonnable serait d'accompagner l'Iran dans sa transition libérale et démocratique et de comprendre ses préoccupations de sécurité.
Dans votre livre, vous faites l'hypothèse tout à fait surprenante d'une possible laïcisation des sociétés musulmanes.
Dans la mesure où dans les mondes catholique, protestant, orthodoxe et bouddhiste, la baisse de la fécondité a toujours été précédée d'un affaiblissement de la pratique religieuse, on doit se demander si des pays musulmans dans lesquels le nombre d'enfants par femme est égal ou inférieur à 2 ne sont pas en train de vivre aussi, à notre insu – et peut-être même à l'insu de leurs dirigeants – un processus de laïcisation. C'est le cas de l'Iran.
Pourquoi les Américains et Sarkozy ont-ils adopté cette stratégie de confrontation avec l'Iran ?
Les services diplomatiques américains sont parfaitement au fait de la réalité iranienne, de la montée de la démocratie et de la modernisation du pays. Mais ils veulent abattre une puissance régionale qui menace leur contrôle de la zone pétrolière. C'est un pur cynisme utilisant l'incompréhension actuelle du monde musulman. Dans le cas de Sarkozy, je pencherais plus pour l'idée d'incompétence ou de sincère ignorance, qui le conduit néanmoins à amorcer une politique extérieure contraire à la morale et à l'intérêt de la France. D'éventuelles sanctions économiques françaises contre l'Iran feraient rire les Américains qui n'ont plus d'intérêts dans ce pays, et sourire les Allemands, qui ont comme nous en ont beaucoup, mais semblent pour le moment plus réalistes.
(1) Le rendez-vous des civilisations, Emmanuel Todd et Youssef Courbage, Le Seuil, 2007
Este texto foi publicado no semanário francês MARIANNE
Eleições legislativas na Grécia : uma derrota da maioria dos eleitores
O Partido da Nova Democracia (ND) ganhou as eleições legislativas realizadas ontem. Segundo dados provisórios obteve 152 lugares num total de 300, tendo chegado aos 41,9 % dos sufrágios. O partido de extrema-direita LAOS, com 3,79 % dos votos entrou pela primeira vez no parlamento.
O PASOK (Partido Socialista Grego) foi o grande derrotado, recuando relativamente às eleições anteriores que já havia perdido e tendo obtido 38,1% dos votos. Ainda à esquerda, o Partido Comunista da Grécia (KKE) atingiu os 8,14 %; e a Coligação de Esquerda Radical (SIRIZA) chegou aos 5, 03 %.
Tendo-se em conta os partidos que obtiveram lugares no parlamento,verifica-se assim que em termos substanciais só a divisão da esquerda vai permitir á direita governar com maioria absoluta de deputados, embora sem maioria de apoio popular em termos de votos. De facto, os dois partidos de direita juntos obtiveram 44,69% dos sufrágios e os três partidos de esquerda tiveram 51,27 %. Ou seja, a metade vencida venceu por mais do 5% dos votos.
Esta circunstância não quebra a legitimidade do governo da ND, mas deve interpelar os partidos de esquerda, pela sua incapacidade em se entenderem.
O PASOK (Partido Socialista Grego) foi o grande derrotado, recuando relativamente às eleições anteriores que já havia perdido e tendo obtido 38,1% dos votos. Ainda à esquerda, o Partido Comunista da Grécia (KKE) atingiu os 8,14 %; e a Coligação de Esquerda Radical (SIRIZA) chegou aos 5, 03 %.
Tendo-se em conta os partidos que obtiveram lugares no parlamento,verifica-se assim que em termos substanciais só a divisão da esquerda vai permitir á direita governar com maioria absoluta de deputados, embora sem maioria de apoio popular em termos de votos. De facto, os dois partidos de direita juntos obtiveram 44,69% dos sufrágios e os três partidos de esquerda tiveram 51,27 %. Ou seja, a metade vencida venceu por mais do 5% dos votos.
Esta circunstância não quebra a legitimidade do governo da ND, mas deve interpelar os partidos de esquerda, pela sua incapacidade em se entenderem.
domingo, 16 de setembro de 2007
Zimbabué, o Expresso e um poeta brasileiro.
Os infaustos acontecimentos do Zimbabué, que parecem perturbar mais a paz europeia do que as velhas proezas do Sr Smith, mas que atingem provavelmente o mesmo tipo de vítimas, tiveram no entanto um resultado extraordinário e feliz.
De facto, segundo nos diz o EXPRESSO através da sua "ÚNICA", vai haver, na quart-feira,uma leitura pública "pela democracia e liberdade de imprensa no Zimbabué", na livraria "Ler Devagar". É uma iniciativa que representa uma resposta ao repto lançado pela Fundação Peter Weiss, tendo respondido a esse repto, segundo o EXPRESSO, o escritor Mia Couto, a cantora Luanda Cozetti e o poeta brasileiro João Cabral de Melo Neto.Ora é neste último que bate o ponto. De facto, gerou-se já uma onda de curiosidade para se ouvir de viva voz de João Cabral, morto em 1999, que mensagens nos traz do além sobre o Zimbabué.Alguns obervadores admitem que o grande poeta brasileiro nos traga um poema, outros dizem que ele virá apenas reler a "Morte e Vida Severina". Consta que a ÚNICA procurou assegurar o exclusivo de uma entrevista.
O Sr. BUSH desconfia dos fundamentalistas islâmicos.
O dente podre
sábado, 15 de setembro de 2007
Viana, a Europa e as pessoas - segundo o Zé
Um velho amigo e camarada fez-me chegar por correio electrónico o texto que abaixo transcrevo, com a devida vénia:
"IMPORTANTE SÃO AS PESSOAS E AS PESSOAS IMPORTANTES Tivemos um senhor Primeiro Ministro que condensou o seu projecto governativo na máxima "primeiro as pessoas". Teve aplausos e palmas, teve um estado de graça até que caiu em desgraça. Neste país, com as maiores assimetrias no contexto europeu, neste jardim ( nem só a Madeira é do Jardim!) onde os pobres são mais pobres e os ricos mais ricos, Guterres enganou-se no projecto. Enganou-se de tal forma que foi tratar dos desamparados do corno de África. Foi chorar com os desprotegidos das guerras étnicas, foi carpir e rezar para as bandas dum qualquer fundamentalismo religioso. Por cá ficou um sábio. Um sábio tão antigo como moderno. Um sábio que se alia aos fortes para dizimar os mais fracos: olha a grande admiração: ver um poderoso imolar um zé ninguém. Os esbirros de Cristo, dizem, eram romanos de escudo e lança, enquanto os ditos apóstolos, não tinham mais que a força das palavras... Pois.... Viana viu tudo isto no último fim de semana. Viu os preparativos, o lavar das ruas, o aspirar das beatas, o gradeamento dos espaços, a pesporrência policial que se guardava na máxima da obediência lacaia dizendo: "eu cumpro ordens" para privar o cidadão de Viana, o cidadão que paga impostos em Viana, o cidadão morador em Viana, o cidadão que dá corpo e alma a Viana limitado nos direitos, privado da satisfação das suas necessidades para que umas quantas "importantes pessoas" pudessem ser aduladas ou mesmo idolatradas... E Tudo isto aconteceu para decidir o óbvio: " que o problema da independência do Kosovo vai ser tratado pela Eslovénia na próxima presidência.... Oh pacóvios, grandes senhores deste pequeno mundo, então vocês não sabem que a Eslovénia fazia parte integrante da antiga Jugoslávia e que nós estamos muito longe de compreender a complexidade inter-étnica-religiosa daquele xadrez balcânico que fez explodir a primeira guerra mundial? Chego a ter pena da imbecilidade... E só não peço misericórdia para tanta burrice porque quem paga tanta parvoíce é sempre o pobre do contribuinte... Lembro-me, todavia, nesta circunstância "democrática," da máxima de ORWEL no "Triunfo dos Porcos": SOMOS TODOS IGUAIS, MAS HÁ UNS MAIS IGUAIS QUE OUTROS..... O Zé "
Publicada por RN em 13:01 0 comentários Hiperligações para esta mensagem
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
A rentrée do PS
O CM informa hoje que um fiscal especializado vai à "rentrée" do PS. Não me tinha ocorrido que essa nova realização mediática das "novas fonteiras" era a única coisa vagamente semelhante a uma "rentrée" realizada este ano pelo PS.
Quando um país, um sonho ou um projecto assumem verdadeiramente o pioneirismo da procura de novas fronteiras, não devem esquecer nunca que essa aventura pode ser apenas uma volatilização lenta se não cuidarem muito bem da sua própria existência.
Ora, o PS tem vindo a definhar como instância de debate político. Na melhor das hipótese, os militantes são convidados para desempenharem o papel de ouvidores de vedetas políticas que na grande maioria dos casos repetem o discurso mediático de propaganda ou distribuem banalidades correntes. As Novas Fronteiras são uma versão agravada desse estilo. Por si sós , pouco significam. Como complemento das acções sistemáticas de um partido vivo teriam alguma utilidade. Como sucedãneo de um partido moribundo, apenas acentuam o ensurdecedor silêncio das estruturas do PS.
Quando um país, um sonho ou um projecto assumem verdadeiramente o pioneirismo da procura de novas fronteiras, não devem esquecer nunca que essa aventura pode ser apenas uma volatilização lenta se não cuidarem muito bem da sua própria existência.
Ora, o PS tem vindo a definhar como instância de debate político. Na melhor das hipótese, os militantes são convidados para desempenharem o papel de ouvidores de vedetas políticas que na grande maioria dos casos repetem o discurso mediático de propaganda ou distribuem banalidades correntes. As Novas Fronteiras são uma versão agravada desse estilo. Por si sós , pouco significam. Como complemento das acções sistemáticas de um partido vivo teriam alguma utilidade. Como sucedãneo de um partido moribundo, apenas acentuam o ensurdecedor silêncio das estruturas do PS.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Um Rato de Estimação
Os destaques mediáticos anunciaram a presença em Portugal de um impessoal director do FMI. Em tese, ele é o rosto e o expoente máximo de uma organização que exprime uma objectividade neutral e científica com a qual assinala o caminho que os governos devem trilhar. São conhecidos casos de fracassos retumbantes de países que seguiram à letra as suas directrizes. Um dos mais graves foi o da Argentina, há já alguns anos. Se o FMI fosse aquilo que ostenta, teria sido dissolvido de imediato. Não o foi, porque de facto ele é um instrumento político da administração norte-americana sob a égide de uma vulgata neo-liberal pesporrente e socialmente predatória. Ora, nesse plano ele não falhou, pelo que continua a ter a benção das forças dominantes do capitalismo mundial e a aquiescência bacoca de uns tantos inocentes úteis..
Aliás, se oferecesse alguma dúvida este tipo de perspectiva, bastava ter ouuvido as considerações do citado director do FMI sobre o que se tem feito e deve fazer em Portugal, em termos económicos, para nela se persistir. É que esse discreto director é o ex-Ministro de Aznar , o Sr. Rato, personagem da direita espanhola que alguns querem ver à frente do PP para tentar derrotar o PSOE nas próximas eleições. O Sr. Rato está muito bem no FMI, quem não o estará será seguramente o SR. DSK expoente dos moderizadores sociais-democratas do PS francês, que se apresta ao que se diz, a pegar no testemunho do Sr. Rato com a devida benção do Presidente Sarkosy.
Por tudo isto o nosso Ministro T.dos Santos devia ter sido menos efusivo na beata confraternização com esse dirigente da direita espanhola a cumprir comissão no FMI.
Aliás, se oferecesse alguma dúvida este tipo de perspectiva, bastava ter ouuvido as considerações do citado director do FMI sobre o que se tem feito e deve fazer em Portugal, em termos económicos, para nela se persistir. É que esse discreto director é o ex-Ministro de Aznar , o Sr. Rato, personagem da direita espanhola que alguns querem ver à frente do PP para tentar derrotar o PSOE nas próximas eleições. O Sr. Rato está muito bem no FMI, quem não o estará será seguramente o SR. DSK expoente dos moderizadores sociais-democratas do PS francês, que se apresta ao que se diz, a pegar no testemunho do Sr. Rato com a devida benção do Presidente Sarkosy.
Por tudo isto o nosso Ministro T.dos Santos devia ter sido menos efusivo na beata confraternização com esse dirigente da direita espanhola a cumprir comissão no FMI.
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