terça-feira, 19 de dezembro de 2023

UM COELHO EM EBULIÇÃO

 



UM COELHO EM EBULIÇÃO

Como qualquer Coelho que se preze Passos Coelho tirou-se , a si próprio, da cartola, desabençoando intensamente  António Costa.

Diria mais: mordendo forte e incivilizadamente  as canelas do seu antigo  adversário político.

E a dentada foi tão intensa que o seu admirador confesso e antigo súbdito André Ventura viu-se ingressado na categoria dos “Há piores do que ele”. Apressou-se, aliás, a mostrar que essa descida no ranking dos insuportáveis não o tinha deixado triste.

Pelo contrário, tinha-o iluminado na escolha do primeiro ministro do PSD de que mais gostaria, qual o líder do PSD que mais facilmente o domesticaria, qual o chefe laranja que engolirá  mais facilmente.

O cerco de Montenegro a si próprio foi reforçado por um irrequieto Coelho que o farpeou sem piedade. Na sua emaranhada desfilada, foi tempo de uma pequena dança de regozijo de André Ventura.

Perdida na  sua campanha malabarística, a direita pergunta-se: Afinal, quem devora quem?

A DIREITA EM DISSIPAÇÃO LENTA?

 

A DIREITA EM DISSIPAÇÃO LENTA?

 

Há alguns dias atrás, António Costa resolveu divertir-se um pouco perante um  atento grupo de jornalistas junto da sede nacional do PS. Assim, inquirido sobre a conjuntura concorrencial PS/PSD, afirmou sorrindo que qualquer dos dois (reais) candidatos à liderança do PS dava dez a zero em potencial de liderança ao Dr. Montenegro. Os jornalistas deliraram. Foram a correr pedir uma reacção a Montenegro.

O azougado causídico de Espinho explodiu, garantindo que era muito melhor do que  José Luís Carneiro e muito melhor do que Pedro Nuno Santos. E, logo de seguida, aproveitando o balanço, foi ainda mais longe, garantindo que é                    mesmo melhor do que o Dr. António Costa. Modéstia bonita…

Acredito, que a maioria dos vizinhos da sua rua aceitem com bonomia  tão encomiástica autoimagem. Duvido que para além deles haja alguém que não tenha tido que conter uma discreta gargalhada.

O fogoso candidato a liderar um Governo de direita abriu assim a porta do ridículo.

Quem é o CONSELHEIRO que na verdade o detesta tanto que o empurrou para esta rotunda anedota?

 

 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A DIREITA EM DELÌRIO

 

A DIREITA EM DELÌRIO

A oposição de direita nas suas várias declinações, num registo agressivo afinado pelo diapasão do Chega, demoniza sofregamente o PS, cobrindo-o de depreciações e insultos.

Com a sofreguidão de poder aguçada pelas circunstâncias infaustas que têm vindo a cercar o PS, rebenta as escalas de todos os exageros. A comunicação social, num orfeão pífio de comentadores e jornalistas captados pela direita e excitados contra o PS e o Governo, embrulha a campanha da direita numa aura de legitimidade e de objectividade imerecidas que escandaliza.

Ainda recentemente um reputado Prémio Nobel da Economia (2008), Paul Krugman, numa entrevista a um jornal português, teceu rasgados elogios à política económica seguida por Portugal nos últimos anos, o que é impossível de não levar a crédito do PS e do seu Governo. Algo que contraria expressivamente a algaraviada pessimista da oposição de direita e dos seus acólitos. As instâncias da União Europeia elogiaram também recentemente a política financeira portuguesa, em clara oposição aos megafones que fazem a direita ecoar na nossa praça.

Os inquietos expoentes das várias declinações da direita em Portugal dão da governação do PS que se aproxima do seu termos uma imagem devastadora. Regougam dislates como se fossem arcanjos de um rigor certeiro e implacável que resumam todos os malefícios possíveis da política de um governo naquilo que o PS fez. Insultam assim tacitamente o eleitorado que sucessivamente alcandorou o PS às vitórias como se ele fosse uma a legião de tontos que se deixou endrominar pela matreirice dos socialistas.

Apoplécticos contestam as consequências do tipo de organização económico-social de que são sequazes como se tivesse sido o PS que a inventou. Defendem incondicionalmente o capitalismo e atacam ferozmente as suas mais nítidas consequências. Pugnam na prática pela manutenção da espinha dorsal das desigualdades sociais como sinal estratégico da sua política, trovejando impropérios contra o PS como se tivesse sido ele a inventá-la. De facto, só lhes é possível fazer política escondendo o que realmente são com homilias angélicas que os falsifiquem.

As várias declinações da direita em Portugal sentem-se irresistivelmente atraídas pela atmosfera queirosiana que os leva a colocar: “Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia" .

 

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

AINDA OS VIOLINOS TORCIDOS

 

AINDA OS VIOLINOS TORCIDOS

Eduardo Santa Cruz ofereceu-nos a memória deste meu texto, que abaixo transcrevo, aqui publicado em 7 de Dezembro de 2021, sublinhando a sua atualidade. Só tenho que lhe agradecer. 

Entretanto,  em 30 de Janeiro de 2022 houve eleições legislativas em Portugal, tendo-se assim iniciado a XV Legislatura da Assembleia da República. Como é sabido, foram ganhas pelo PS com maioria absoluta. A tropa fandanga de que falo no meu texto foi portanto desbaratada. Atualmente, estamos em novo período pré-eleitoral, já que o PR interrompeu uma vez mais legislatura que estava a decorrer.


“ OS VIOLINOS TORCIDOS

Pode ler-se numa página virtual do Expresso:

“Entre julho e setembro, face ao segundo trimestre do ano, só a Áustria e a França viram o PIB crescer mais que Portugal. A nível global, as economias da zona euro e da UE cresceram no terceiro trimestre, quer face ao período homólogo quer em cadeia, indica o Eurostat”.

Assim só pode lamentar-se que a realidade esteja tão largamente errada, alheia aos uivos de lamentação tremendista duma larga coligação de inefáveis aveludados, de subtis malandrecos, de rigorosos numerólogos, ou de simples tontos, que tão exuberantemente anunciam, prenunciam e inventam desgraças inenarráveis que espreitam este descuidado país.

É uma tropa fandanga onde se acotovelam fantasmas acavacados e mal passados de natais sofridos, as sereias ingénuas de um liberalismo imaginário, a atamancada ferocidade dos neofascistas, os paulíssimos das boas famílias, os chicões mais aguçados, o maior partido da oposição solidamente no centro da direita e até os pasteis subtis de todas as sedes de moderação.

Toda essa tuna de desafinados, absolutamente rigorosos, tenta desesperadamente apoucar e assustar o povo, na esperança de lhes cair no regaço a legitimidade política para devastarem o país.

Um país espantado por ver estes oráculos pífios garantirem-lhe desgraças no preciso momento em que começam a levantar-se depois duma tempestade que tão devagar se vem atenuando.

Rapaziada da corda, muito cuidado. Estes violinos rombos de melodias inventadas, anunciando-se como ungidos salvadores, mais não conseguirão nunca do que salvarem os seus privilégios e as suas mais ou menos discretas mordomias.

Cuidado rapaziada, por detrás da sua retórica pessimista, a grande aposta desta gente, o seu gritante sonho, é o de conseguiram ser uma espécie de avesso do Robin dos Bosques: tirar aos pobres para dar aos ricos.

Para isso, têm que afastar o PS da governação ou tolhê-lo o mais possível, substituindo-o, se possível, pela anemia crónica mas perigosa da direita.

Felizmente, a realidade tem resistido aos sonhos salteadores.”

 

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domingo, 10 de dezembro de 2023

A SOMBRA DE UMA FRASE HONRADA E JUSTA

 

A SOMBRA DE UMA FRASE HONRADA E JUSTA

A minha opinião sobre uma boa parte das posições políticas táticas assumidas por Mariana Mortágua é negativa. Na verdade, globalmente, ela não é alguém que mereça a minha concordância  política. Dito isto, tem significado acrescido o seguinte. 

Numa entrevista que ela deu recentemente, a jornalista com quem conversava fez uma referência ao seu pai, o conhecido combatente pela liberdade Camilo Mortágua. Caracterizou-o como um “homem polémico”. Na resposta, com serena naturalidade Mariana Mortágua retorquiu: “Não, o meu pai não foi um homem polémico. O meu pai foi um gigante antifascista”.

Há gestos, frases, atitudes que marcam a nossa vida. Explosões de dignidade que nos elevam para sempre. Esta frase de Mariana Mortágua é assim.

Quanto a isso e por isso, não escapa à minha profunda admiração.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

CAVACO

 


CAVACO

Cavaco veio, num destes dias num jornal de referência,  sublinhar uma vez mais o seu ódio ao PS. Exprimiu uma convicção forte. Mas não a soube  envolver em qualquer  acutilância genial .

 Assim,  produziu apenas  uma papa insalubre feita de insultos , de insinuações vagas e torpes, de sapiências apavonadas.

Na verdade, por mais  que se escave na  sua esforçada prosa, não se descobre o brilho de uma ideia original ou a sombra de uma crítica percuciente. Apenas o regougar azedo de um ódio que não cansa.

Perdido, o PSD ostentou-o como um troféu de excelência.  Fê-lo passear pelo seu silêncio, como uma ruidosa orquestra de tambores. Julgou talvez que desfraldava uma bandeira, mas apenas mergulhou numa estéril anedota.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

UMA ESCOLHA NECESSÁRIA

 



UMA  ESCOLHA  NECESSÁRIA

 

Há três candidatos à liderança do PS: Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro e Daniel Adrião. Temos assim três socialistas que se incomodam praticamente com o Partido e com Portugal. Só por isso merecem o nosso reconhecimento e o nosso apreço.

Cabe-nos agora a nós socialistas, membros do Partido Socialista, dizer quem preferimos.

Verdadeiramente, só os dois primeiros são autênticos candidatos a liderar o PS. Daniel Adrião, com total legitimidade, é um militante que gostaria de ver discutidas no Congresso algumas das suas ideias políticas gerais. E os estatutos do PS impõem que só possa promover esse tipo de debate num Congresso do partido quem o fizer no quadro de uma candidatura a secretário-geral. É um aleijão estatutário que há muito nos diminui politicamente. Ter ideias e querer discuti-las no colectivo partidário não pode obrigar a ser-se candidato à liderança do Partido. Mas a realidade deste aleijão não converte Daniel Adrião num candidato com o mínimo de densidade política exigível a quem se abalance a uma disputa deste tipo. Aliás, neste como nos casos anteriores, a formalidade da candidatura enfraqueceu a visibilidade e a relevância das ideias políticas por ele propostas para debate.

Quanto aos dois reais candidatos Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, na minha opinião, a primeira coisa a dizer é que estamos perante dois dirigentes de excelência, dois quadros políticos altamente meritórios, cujo currículo os engrandece. O PS só tem que se regozijar com isso.

Mas trata-se de escolher um deles para liderar o Partido. Não tenho a mínima hesitação: opto por Pedro Nuno Santos.

Desde logo, porque, dentro do espaço socialista, me situo na mesma região de PNS, tendo o mesmo tipo de leitura do socialismo e do essencial do trajecto a percorrer pelo PS. Depois porque o seu perfil político me parece adequado às tarefas que cabem ao PS , na actual conjuntura histórica. Alem disso, tem uma atitude combatente e um carisma liderante indiscutíveis. É crível a sua firmeza e eficácia em garantir a autonomia estratégica do PS perante todos os poderes de facto, bem como na interacção com os outros partidos, sem contudo se deixar anquilosar num isolacionismo estéril.

Por seu lado, José Luís Carneiro tem mostrado ser, não o protagonista de um projecto inovador e diferenciado, de uma maneira própria de encarar a liderança do PS, mas alguém que assumiu o papel de travar a conquista da liderança do PS por Pedro Nuno Santos. É um desígnio modesto que apouca e empobrece o seu perfil político.

Aliás, a sua campanha e, principalmente, o argumentário usado por alguns notáveis para o apoiarem tem roçado a caricatura política involuntária. JLC tem sido mais uma vítima do que um beneficiário do modo como lhe têm sido dados alguns dos apoios que recebeu.

Apoio Pedro Nuno Santos na disputa pela liderança do PS, para que levemos de vencida a soturna  aliança de direita que ostenta desde já a sua incapacidade para compreender o mundo em que vivemos e o país que somos. E terá toda a razão o povo se vir nessa direita mais um risco do que uma esperança.