1. As pressões feitas sobre o PS para que se entenda com a
direita, impropriamente designadas como apelos a um consenso nacional, visam
apenas enfraquecê-lo e desproteger politicamente ainda mais as vítimas da
deriva neoliberal. Visam construir artificialmente uma legitimação dessa deriva de que tão desesperadamente
carece.
Viram algum desempregado, algum sindicalista, algum pobre, algum
trabalhador, apelar ao PS para que se entendesse com a direita? Não me lembro
de nenhum, mas se vierem a aparecer não serão muitos.
Recordam-se de algum banqueiro ou de algum bonzo da economia
defensor do neoliberalismo que não tenha apelado para que o PS se entenda com a direita? Não me lembro de nenhum, mas se aparecer algum ouçam-no com
atenção.
Ora, se o PS for vencido por ser o partido dos
desempregados, dos sindicalistas, dos pobres, dos trabalhadores, orgulho-me de
ser dentro dele um dos perdedores, certo de que quem perde em defesa dos seus, hoje,
tem todas as condições para ganhar amanhã.
Mas se o PS fosse vencido por ser o partido dos banqueiros, sentir-me-ia humilhado dentro dele e recearia com realismo que quem perde hoje, por se deixar instrumentalizar por aqueles que o combatem, dificilmente terá
amanhã.
2. Esgrimem-se ideias e argumentos, dentro do PS e à sua
volta, sobre a questão das coligações de governo e da política de alianças. Os
dois pré-candidatos, hoje em liça, vão dando sinais, mais ou menos evidentes, da posição que
querem tomar sobre esse aspecto. Os socialistas em geral agitam-se e exprimem
opiniões diversificadas.
Comentadores subtis vão sugerindo que a posição inteligente é
a da ambiguidade, de modo a que em torno de cada candidato se possam aglutinar
quer os que preferem uma coligação à esquerda, quer os que preferem uma coligação
à direita, quer os que não querem ouvir falar disso, conformando-se com o
destino.
Ora, o que realmente acontece é que a simetria de posições, que acima se enuncia, é mais aparente do
que real. De facto, se pensarmos bem, realmente, no essencial há apenas duas
posições: ou se assume o compromisso claro de que se não faz uma coligação com
qualquer dos partidos do governo ou não se assume esse compromisso.
Se for assumido esse compromisso, ficam à disposição do PS todas
as variantes dessa hipótese, passando ou não por outros tipos de coligação, incluindo
ou não acordos de incidência parlamentar. Se for assumida a hipótese de uma
coligação com a direita as coisas serão igualmente claras. Mas, se não for
assumida uma posição clara nesse domínio, isso só quererá dizer que as lideranças, ao não quererem assumir uma posição clara,
têm desde já em mente como possível uma coligação com a direita, mas não o querem confessar com
receio de perderem o apoio dos muitos socialistas que nem querem ouvir falar
numa aliança com a direita.
Penso que seria trágico o PS vir a diluir-se num governo com
a direita, pelo que penso que será muito importante que cada um de nós saiba qual
dos candidatos garante desde já que não
enveredará por esse caminho, se e quando vier a formar e liderar um futuro
governo.
Seria excelente que fossem os dois , seria péssimo que não fosse nenhum,
será muito relevante se só um deles o fizer.
Na verdade, se um governo do PS integrasse ministros pertencentes aos partidos do atual
governo seria como se estivesse a acolher no seu seio um ou vários "cavalos de Tróia".
1 comentário:
"to be or no to be is the question"
Já vi um andar de jumento e outro montado em égua. E ainda outro mergulhar no Tejo poluído.
O que alguns políticos são capazes de fazer para enganar o povo Senhor...
Cabe ao PS militante no seu todo definir o caminho certo ou errado e não a quaisquer lideranças espúrias. Penso que esta classe de políticos pretendem alcançar somente os seus objetivos pessoais e o geral que se dane...
O PS tem de ter força para governar sozinho; enredar os eleitores com seriedade; governar com verdade como só os republicanos são capazes.
Para beneficiar os mais desprotegidos, os trabalhadores por conta de outrem etc. Cabe ao militante PS do SNS, ao PS Socializante propor com honestidade ao povo as suas pretensões de esquerda tal como é.
Respeitosamente de o "Catraio"
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