sábado, 12 de julho de 2014

As raposas do nosso descontentamento


A deriva neoliberal tem como uma das componentes, como uma das suas expressões paradigmáticas, o predomínio do capital financeiro, a proeminência estrutural da banca.

Hoje, torna-se cada vez mais claro que a chamada crise das dívidas soberanas, que conduziu à troikização de Portugal, da Irlanda e da Grécia, pôs a Espanha e Chipre sob  tutela e a Itália sob ameaça, desviou as atenções da culpa da banca no desencadear da crise em 2008, tendo  protegido as bancas francesa e alemã duma exposição excessiva  às dívidas desses países.

Também se torna claro que a banca internacional tem conseguido evitar um acréscimo efectivo de regulação, susceptível de prevenir e evitar a eclosão de novas crises originadas em operações fraudulentas ou especulativas.

Em Portugal, a somar-se a casos anteriores bem conhecidos e de graves consequências para a economia nacional, eclodiu agora o caso Espírito Santo.

Não menosprezo a necessidade de respostas rápidas que travem qualquer evolução excessivamente dramática para o país. Mas parece-me no mínimo ingénuo ou imprudente circunscrever o problema a essa dimensão imediatista. Se o chefe dos chefes da banca portuguesa viu a sua credibilidade derreter-se como manteiga, tudo o que não seja um salto qualitativo no controle da actividade bancária, deixando claro que o Estado não hesitará em assumir o controle efectivo e definitivo dos bancos prevaricadores, se for caso disso, não passará de uma carícia suave ao problema que enfrentamos.

A despeito de muitas promessas e avisos as raposas banqueiras têm vindo a devastar a capoeira da nossa economia. Vamos confiar nas promessas de algumas  raposas recicladas, continuando a deixá-las à solta entre nós, para que nos vão delapidando patrimónios e confiscando direitos ?


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