A deriva neoliberal tem como uma das componentes, como uma
das suas expressões paradigmáticas, o predomínio do capital financeiro, a proeminência
estrutural da banca.
Hoje, torna-se cada vez mais claro que a chamada crise das
dívidas soberanas, que conduziu à troikização de Portugal, da Irlanda e da Grécia,
pôs a Espanha e Chipre sob tutela e a Itália
sob ameaça, desviou as atenções da culpa da banca no desencadear da crise em
2008, tendo protegido as bancas francesa e alemã duma exposição
excessiva às dívidas desses países.
Também se torna claro que a banca internacional tem
conseguido evitar um acréscimo efectivo de regulação, susceptível de prevenir e
evitar a eclosão de novas crises originadas em operações fraudulentas ou
especulativas.
Em Portugal, a somar-se a casos anteriores bem conhecidos e
de graves consequências para a economia nacional, eclodiu agora o caso Espírito Santo.
Não menosprezo a necessidade de respostas rápidas que travem
qualquer evolução excessivamente dramática para o país. Mas parece-me no mínimo
ingénuo ou imprudente circunscrever o problema a essa dimensão imediatista. Se
o chefe dos chefes da banca portuguesa viu a sua credibilidade derreter-se como manteiga, tudo o que não seja um salto qualitativo no controle da actividade
bancária, deixando claro que o Estado não hesitará em assumir o controle efectivo
e definitivo dos bancos prevaricadores, se for caso disso, não passará de uma
carícia suave ao problema que enfrentamos.
A despeito de muitas promessas e avisos as raposas banqueiras
têm vindo a devastar a capoeira da nossa economia. Vamos confiar nas promessas
de algumas raposas recicladas, continuando a deixá-las à solta entre nós, para que nos vão delapidando patrimónios
e confiscando direitos ?
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