quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

QUE NOVO ANO PARA O BRASIL ?

1.A vitória de Dilma Rousseff nas recentes eleições presidenciais brasileiras foi um golpe profundo nas aspirações de reversão do surto progressista que tem varrido a América Latina nestes primeiros anos do século XXI.

Na verdade, refletindo a diversidade histórica e sociopolítica dos vários países, diversas esquerdas, diferentes entre si sem deixarem de ser solidárias umas com as outras, ganharam eleições e governam (ou são hegemónicas nos governos de) diversos países. É o que ocorre no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Chile, no Uruguai, no Equador, na Nicarágua e em El Salvador. Governos que se poderiam integrar neste conjunto foram derrubados, ilegal e ilegitimamente pela força, no Paraguai e nas Honduras. A América Latina deixou de ser o quintal dos USA, uma espécie de protetorado simbólico que a guerra fria congelara. Cuba viu assim minorado o seu relativo isolamento na América Latina. Ela, a resistente que os USA sentiam como espinha encravada na garganta, bloqueando-a economicamente, sobrevivendo ao fim da guerra fria, só agora começa a ver no horizonte alguns sinais de normalização.

Se a direita tivesse regressado ao poder no Brasil, ainda que sob a capa de um centro-esquerda moderado, mas que realmente é uma espécie de iceberg heterogéneo na sua aparência, mas bem ancorado no que há  de mais reacionário, o retrocesso em toda a América Latina podia ter sido grande. O fato de integrarem esse iceberg os ex-comunistas do PPS e os socialistas do PSB, não apaga o facto de depois das eleições que perderam terem saído às ruas manifestações de hostilidade ao resultado eleitoral quer incluíram, por diversas vezes, apelos expressos a um golpe militar com regresso à ditadura. O verniz estalou.

2.Dito isto, parece-me plenamente justificado  e claramente útil recorrer mais uma vez à excelente revista brasileira de grande circulação CartaCapital, para do seu site, transcrever  um esclarecedor texto de Roberto Amaral.

Para ilustrar a sua credibilidade e a sua inequívoca autoridade política, vale a pena sublinhar alguns aspetos da sua biografia política.

Nascido em 1939, foi ao longo da sua vida, jornalista, professor e político. Foi presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) até Outubro de 2014, quando renunciou ao cargo por ocasião do apoio dado por esse partido ao então candidato a Presidência da República pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves.

Com o fim da ditadura e a consequente  redemocratização, em 1984 retoma a atividade política legal, transformando-se num dos mais importantes refundadores do Partido Socialista Brasileiro (PSB), em 1985.

Foi seu secretário-geral entre 1985 e 1993 e em seguida vice-presidente, assumindo a Presidência em 2005, quando o histórico  Miguel Arraes morreu.

Em 1994 e 1998, no segundo turno de 2002 e em 2006, representou o PSB na coordenação das campanhas eleitorais de Luís Inácio Lula da Silva. Foi no Governo  Lula e no Governo Dilma Rousseff, representante do PSB no Conselho Político da Presidência da República. Foi ministro de Ciência e Tecnologia de janeiro de 2003 a 2004, no Governo Lula.

No dia 13 de agosto de 2014, passou a ser o novo presidente do PSB, depois da morte do candidato à Presidência da República  Eduardo Campos. Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2014, colocou-se contra o apoio do PSB a Aécio Neves e, após renúncia, foi substituído na presidência do partido.

3. Eis o texto:

Os tempos que virão pela frente não serão fáceis*


As primeiras e mais graves nuvens negras se dissiparam. Vencidas todas as guerras e guerrinhas que compreenderam, até, o arreganho golpista, a presidente foi diplomada e dia 1º de janeiro inicia seu segundo mandato, que pode ser um segundo ciclo no ciclo petista-popular governante desde 2003.  Mas não conta a presidente Dilma com um 'céu de bigadeiro'. Superada uma crise – interna ou exógena, política ou econômica, real ou engendrada-- outras virão e as que não chegarem  naturalmente serão  geradas  ou agravadas, com ou sem base fatual, por uma oposição raivosa comandada por uma imprensa hostil, como jamais se viu neste país, senão nos idos que prepararam o 'Agosto de 1954'.

A oposição – partidária e mediática — derrotada nas eleições e derrotada no intento de  deslegitimar o pronunciamento eleitoral,  recusa-se a   ensarilhar as armas, voltadas agora à tentativa de, fragilizando a presidente, dificultar politica e administrativamente seu governo, e, assim, impedir a continuidade programática. Ou seja, como não foi  possível impedir  nem sua eleição nem a posse (com que ameaçaram JK), tentará a direita impedir seu governo – tornando-o politicamente inviável (Jango) até o limite do golpe, se não for possível impor a presidente à agenda conservadora, em nome da 'governabilidade'.

O cerco está à vista.

Derrotada, e derrotada em pleito que espelhou alto nível de politização do eleitorado, a oposição não se deu por vencida, e vem tentando impor com nomes e modelos a política econômica do governo Dilma e o ponto de partida é a satanização de qualquer política que não seja a velha cartilha do FMI e dos 'chicagos boys' que tanto prejuízo já causaram a este país. A imposição da velha e fracassada política não precisa justificar-se (trata-se de um dogma dos jornalões e isto basta), embora o que prometem já tenha sido visto e vivido por brasileiros, chilenos e argentinos: desemprego, desaceleração econômica e recessão, objetivo, aliás, fácil de alcançar, se considerarmos o desempenho do PIB brasileiro nos últimos dois anos. Por isso e também por isso não se discute a política econômica, senão a partir do mágico 'ajuste fiscal', com o qual nos ameaça o conluio dos capitães da imprensa com os barões  do sistema financeiro, parasita e predador. A Avenida Paulista já festeja a expectativa de aumento continuado de juros, e os jornalões dedicam-se à tarefa de bombardear qualquer discurso desenvolvimentista. Tudo é aceitável, menos a retomada do crescimento que ensejou nos últimos 12 anos o ingresso de mais de 40 milhões de brasileiros — a maioria negros e nordestinos, e todos pobres ou muito pobres— no mercado de consumo. Muitos, milhares, alcançaram, até, o ingresso na universidade, antes exclusividade das chamadas classes médias.

O terreno é promissor para o desastre prometido: crise politica e econômica europeia, crise asiática (recessão japonesa) e  a realização da esperada queda do crescimento do PIB chinês, desaceleração da economia latino-americana, crise no Mercosul e entre os BRICS. E desarranjos em nossa economia, uns reais, outros maximizados pela oposição e todos tonitruados pelos jornalões e pela revistona, e pelos 'economistas' midiáticos do grande canal de tevê.

O caminho será esse senão reagirmos, e a forma mais eficiente de reação é o apoio popular ao governo Dilma.

Tenhamos consciência, todavia, de que a presidente terá de enfrentar esses desafios tendo como retaguarda uma base parlamentar inconfiável e um Congresso (em crise moral, diga-se de passagem) que só lhe tem proporcionado dissabores, dissabores que inevitavelmente crescerão se o governo, como sugerem os dados de hoje, não conseguir controlar a Presidência da Câmara dos Deputados.

Esse é o pano de fundo do quadro político que, pelo menos aparentemente, orientou a composição do Ministério, a saber,  a necessidade de, olhando para 2018, considerar o desempenho do governo pari passu com a 'governabilidade', que se resume em atender aos partidos da base e assegurar maioria no Congresso. As negociações com o poder econômico e outros 'poderes' se dão por outras vias.

Mas o ambiente, lamentavelmente, é este: Congresso conservador, oposição raivosa, imprensa agressivamente hostil e fragilidade parlamentar, a partir da fragilidade de sua própria base partidária, comandada por um PT tímido na ação política e inibido na liderança dos movimentos sociais – sua origem e sua razão de ser.

Falta ao governo Dilma hoje, e poderá faltar ainda mais em função do enfrentamento da crise, o apoio das ruas, aquele que Lula foi buscar em 2005. Mas apoio que não cai do céu como chuva, pois muito depende do discurso presidencial, de suas primeiras e segundas medidas. O apoio e mobilização das massas depende da doação de uma militância ainda retraída, à espera do anúncio dos rumos do governo, e, dessa forma, inconscientemente, renunciando a influir  na sua concepção, talvez certamente mais importante do que a ocupação  dos gabinetes da Esplanada dos Ministérios, com Joaquim ou Manuel, representantes desta ou daquela corrente partidária.  É preciso resolver o impasse, pois a inação só favorece à direita.

Tudo isso o próximo governo terá de enfrentar – em meio a uma ameaçadora instabilidade política que se anuncia para os primeiros meses de 2015--- comandando uma estrutura estatal paralítica, uma burocracia inoperante, uma ordem administrativa absolutamente caótica, a clamar aos céus por uma reforma do modo de operação do Estado.

Ao contrário do que supõem lideranças partidárias e boas cabeças pensantes do Planalto, a reforma política não é panaceia para todos os males de nosso tempo, e a simples prioridade que lhe temos dado é significativa do atraso do processo politico brasileiro que já reclamou reformas estruturais e infraestruturas, as chamadas 'reformas de base' (anos 60) que ainda não realizamos, e que precisamos realizar nos próximos quatro anos: reforma agrária beneficiando o pequeno produtor, reforma do ensino e da universidade incluindo reforma do ensino militar, reforma do Judiciário, reforma fiscal, implicando a taxação das grandes propriedades e das grandes fortunas,  reformas que requerem governo forte, como a regulamentação das empresas de comunicação de massa, que, ademais,  depende de ampla e efetiva mobilização nacional. Tudo o que a direita quer evitar, e pode evitar se a mobilização das massas não for o outro lado do fracasso dos partidos: fracasso como instituições políticas, como instrumento da organização popular, fracasso como projeto de país e de governo. Fracasso que contaminou o movimento sindical partidarizado.

Está na hora de pensar grande, e assim consideramos pensar o amanhã despojado de parti pris. Rever tudo, as organizações partidárias e a crise particular da esquerda socialista e dos partidos de esquerda e os ditos partidos progressistas, rever nossos programas, nossos objetivos, nossos projetos, e buscar alternativas que favoreçam a emergência das massas, e enfrentem as ameaças veladas ou não que se levantam, por enquanto como mera prospeção, ao processo democrático duramente reconquistado pelo povo brasileiro. É fundamental rever o caráter das atuais relações entre partidos de esquerda e os movimentos sociais.

Cabe à esquerda – e nos valemos da expressão grafada por Darcy Ribeiro— passar a limpo o país a partir de  sua própria autocrítica, preparando-se para a mobilização de todas as forças populares em uma grande frente progressista que compreenda parlamentares (independentemente de filiação partidária) que com seus princípios se vejam comprometidos, movimentos sociais, sindicatos e centrais sindicais, lideranças sociais e comunitárias, com o objetivo de fazer frente à ascensão da direita, defender o avanço social, a soberania e a nacionalidade, o Estado e seu papel de indutor do desenvolvimento nacional e, como coroamento, o aprofundamento da democracia.
* Nota: A frase que serve de título é atribuída por Carta Capital (ano XX, nº 830) ao ex-presidente Lula, em passagem recente por Brasília.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O charme discreto da caridade


 Há um vago sabor cinzento na piedosa solidariedade que se ostenta nesta quadra festiva. É uma amargura mansa que paira discretamente sobre a exuberância das alegrias, feitas de luzinhas, de sorrisos e de uma rasgada retórica de uma generosidade forte. E pode muito bem surpreender-se um pequeno grão de hipocrisia e untuosidade refugiado num discreto recanto dos grandes gestos, das grandes festas e dos repetidos presépios, mais centrados na sua alegada autoimportância do que naquele que deviam querer homenagear.

Muitos dos que vampirizam os explorados e excluídos declaram-se, nesta quadra, como irmãos das suas vítimas. Talvez julguem assim iludir os infernos que causam na terra com a ilusão do céu que almejam para a sua própria eternidade. Uma eternidade calafetada e amena que os eleve a uma condição agradável como aquela de que disfrutam na terra.

Os pobres, os excluídos, são agora personagens humilhados de jantares festivos que as televisões devoram numa sofreguidão torpe. Matam a fome com o protagonismo público da sua própria humilhação, para que fique clara aos olhos dos senhores espectadores a generosidade das esposas dos maridos importantes e suas excelsas filhas, sobrinhas e amantes.

Dirão: antes isso do que estoirarem-no todo nas caraíbas do luxo ou em iates de sonho em redor das ilhas gregas. Concordo. Mas certamente me desculparão por preferir uma sociedade que estivesse organizada de uma outra maneira, de modo a que, para um punhado de barrigas flácidas e de pernas elegantes possa sugar a energia do sol  e o sabor epostoflante do champanhe francês numa praia recatada de um qualquer  algarve ou numa ilha brasileira plena de tropicalismo, uns milhões de cidadãos esquecidos  tenham que engolir a sua própria fome, misturando-a com uma pequena coleção de jantares de natal com risco de indigestão.

Claro que do mal, o menos. Por mim, prefiro a suave embriaguez das caridades, necessariamente pias e salvadoras de infernos, do que as bebedeiras homéricas em mansões de luxúria. Aliás, uma luxúria irredutivelmente pecaminosa que pode muito bem afastar  os seus descuidados cultores do almejado paraíso.

Mas certamente compreenderão que, impenitentemente, como socialista, republicano e laico, não ache bem que um punhado  de felizardos, por nascimento ou engenho ladino, compre um repouso de sesta para a sua vida e dos seus, com a simples generosidade de uma bacalhoada regada com um carrascão imbebível e com o envolvimento numa qualquer iniciativa jonética, mesmo que  lucidamente determinada a manter os viciosos pobres bem longe de qualquer  boa bifalhada , ainda que rara.

Tenho mesmo uma impressão vivaz de que os generosos pais do nosso capitalismo e os seus virtuosos pajens e capatazes não ganham  legitimidade para pugnarem pela conservação de um tipo de sociedade em que os pobres  ficam  arquivados na sua má  sorte ( ou são até vítimas da fatalidade de estarem cada vez mais acompanhados), só porque promovem uma festa de caridade pública com arroz doce e aletria à sobremesa, ou mandam uma legião de dondocas das melhores famílias descer aos santuários de consumo das classes médias para minorarem as desgraças que os seus chefes de família impessoalmente criaram pela mão amiga e oculta do dinheiro.

Atrevo-me mesmo a dizer que não é natalício que seja quem for possa colher tranquilamente os frutos da grande fábrica de pobreza que é o sistema que  nos rege, limitando-se a procurar compensar esse egoísmo predador da vida de muitos, sentando-os de quando em quando  à mesa da sua caridade.

Prefiro a caminhada difícil rumo a uma sociedade justa pelos caminhos de uma solidariedade democrática que procura tornar-se supérflua porque é emancipatória, do que uma condenação eterna a uma sociedade de muitos pobres e poucos ricos, em que estes se desculpem a si próprios, procurando compensar e temperar  com a sua caridade a injustiça estrutural de que beneficiam, cuja causa essencial são os seus próprios privilégios, é a sua própria proeminência.

domingo, 14 de dezembro de 2014

O azougado Dr. PORTAS e as eleições

O azougado  Dr. Portas , um dos mais versáteis malabaristas da cena política, acha possível vencer o PS nas próximas eleições. É uma fézada que se respeita. Todas as semanas há muita gente que sonha ganhar o euro-milhões. Talvez tenhamos aliás que nos curvar perante a tocante modéstia desse alegado e piedoso democrata-cristão, especialista em pôr os olhos em alvo, para temperar uma daquelas eloquentes banalidades com que periodicamente nos brinda. De facto, ele não disse que a derrota do PS era certa, nem sequer provável. Modestamente, disse apenas que era possível. Perfeito, mas essa modéstia, na actual conjuntura, objectivamente, é muito menos isso do que uma autêntica soberba. 

Se apenas estivéssemos perante um arrobo de Elvas inquinado pelos ventos de Castela, eu aconselharia os socialistas a dormirem descansados  e a darem ao viajado Ministro a importância que se dá a um puto traquinas que se recusa a comer a sopa.

Mas o piedoso político não dá ponto sem nó. Poderíamos perguntar : Estará o Dr. Portas apenas a dizer que o PS pode não ter maioria absoluta ? Estará o Dr. Portas a dizer que o PS não será o partido mais votado pelo facto de ser superado por um outro ? Por qual ? Pelo CDS ? Pelo PSD ? Pelo BE ? Pelo PCP? Ou decidirá o Dr. Portas que o PS será considerado como derrotado se os dois partidos da  coligação que está a perpetrar este Governo tiverem somados  mais votos do que o PS ?

Não é indiferente optar por uma destas vias. Escolher a última é aliás uma via que tem encontrado um eco significativo na comunicação social. E assim se escamoteia que a competição política  é uma competição entre partidos, não cabendo no mesmo saco competitivo partidos e coligações, sejam elas pré-eleitorais sejam elas pós-eleitorais. 

O partido político vencedor das eleições é aquele que isoladamente conseguir ter um maior número de deputados eleitos, não podendo nunca comparar-se para esse efeito os resultados de um partido com os de uma qualquer coligação.

E não julguemos que a direita  pretende aqui apenas contidamente fazer propaganda ou prevenir o desgaste de prestígio inerente a um desastre eleitoral que  receia. Realmente, que ela procura  preparar  subrepeticiamente é um verdadeiro golpe de estado que ficaria a cargo do PR consumar: ou seja, considerar que a coligação governamental da direita ganha as eleições se em conjunto tiver mais votos do que o PS sozinho; e consequentemente dá-se-lhe primazia na tentativa de formar governo, mesmo que não tenha uma maioria absoluta. Mas, sublinhe-se bem que  isto seria um grosseiro atentado à Constituição e um desrespeito inqualificável pelos resultados eleitorais realmente existentes.

De facto, a legitimidade política e a legalidade jurídico-constitucional  apontam claramente noutro sentido : a actual coligação governamental, apresente-se ela ás eleições em conjunto ou separadamente,  ganha as eleições e poderá formar governo  se tiver maioria absoluta, perde-as, se a não tiver. Cada um dos partidos que a constitui ganha as eleições por maioria relativa se for o mais votado, ganha as eleições por maioria absoluta se tiver metade mais um dos deputados. O mesmo acontece com o PS e com qualquer outro partido. Se o Partido mais votado não tiver maioria absoluta só poderá formar governo se algum os alguns dos partidos vencidos o consentir. Se o partido mais votado não conseguir formar governo por não ter maioria absoluta, poderá caber ao segundo partido tentar encontrar uma solução maioritária, se não for desde logo evidente a impossibilidade disso ocorrer. Se essa impossibilidade se verificar terão que ser convocadas novas eleições. 

É certo que tudo indica que a direita, mesmo metida no mesmo saco, vai ficar atrás do PS sozinho, mas ela sabe que, mesmo sendo longínqua a hipótese contrária, do que ela está absolutamente afastada é de uma maioria absoluta . Daí que tente banalizar a mistificação  institucional acima mencionada. 

O azougado Dr. Portas não dá ponto sem nó, cabe-nos a nós estragar-lhe os cozinhados.

sábado, 13 de dezembro de 2014

As Impressionantes Impressões de dois Impressionados

Os jornais dizem que, segundo as suas fontes, um certo agente do Ministério Público acha que um determinado arguido comprou certos direitos o que recairia em seu desfavor. Os jornais dizem que, segundo as suas fontes, um certo juiz não acredita numa certa generosidade de um arguido, na falta da qual sugere um possível ato ilícito de outro arguido, ou de ambos. Esse agente e esse juiz conjugam-se num processo onde têm sido publicamente notórias as fugas ao segredo de justiça.

Mas as desconfianças e as impressões do agente e do juiz, que não vi desmentidas, embora com a sua verosimilhança ancorada na quebra do segredo de justiça vão muito para além dele. Trata-se de agressões públicas a arguidos perpetradas por intervenientes formais no processo que só podem ser feitas porque os seus autores têm uma posição processual específica inerente às funções que lhes foram confiadas no aparelho judicial.
A quebra da lealdade processual é aqui ostensiva. Se o ocorrido não configura uma falha grave de dois magistrados no exercício das suas funções, não sei que tipo de comportamento a poderá configurar.

Tenho alguma esperança de que os magistrados em causa desmintam o que os jornais disseram, ou que os jornais desmintam como falsas essas notícias.

Mas se assim não for não posso deixar de me escandalizar por duas coisas: 1º por essas ocorrências terem acontecido; 2º pelo facto de não ter havido um levantamento crítico de escândalo e de rejeição na opinião pública.


É que com isto tudo talvez os arguidos visados saiam prejudicados, mas seguramente que o prestígio da máquina judicial sai bastante diminuído.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

SEXTA - FEIRA EM COIMBRA


sábado, 15 de novembro de 2014

Homenagem a Manoel de Barros

 Manoel de Barros, grande poeta de língua portuguesa, brasileiro,  deixou-nos há poucos dias aos 97  anos de idade. Já me referi a ele e à sua poesia neste blog, já aqui transcrevi poemas seus. Hoje, venho prestar-lhe homenagem, publicando alguns poemas seus, escolhidos entre os mais curtos, por razões práticas, mas a meu ver elucidativos quanto à sua poética, tão radicalmente original. As suas palavras são coisas da vida, oriundas do sol e do vento, possuídas pela cor forte das flores e dos rios. E subitamente saem com naturalidade da boca das pessoas, são a voz natural das gentes e o som vivo dos animais. E no entanto as coisas , os animais , as pessoas entram diretamente nos poemas como se sacudissem as palavras que as quereriam ir dizendo. Há nesta poesia uma intimidade extrema entre as palavras, as coisas, as gentes, que nos mostra tudo isso á luz do microscópio mágico que é afinal a voz límpida e livre de um poeta sem margens.

POEMAS de Manoel de Barros
1.

O poema é antes de tudo um inutensílio.

Hora de iniciar algum
convém se vestir roupa de trapo.

Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.

Faz bem uma janela aberta
uma veia aberta.

Para mim é uma coisa que serve de nada o poema
enquanto vida houver.

Ninguém é pai de um poema sem morrer.
                     (do livro  “Arranjos para assobio”)

2.

Eu sou o medo da lucidez.
Choveu na palavra onde eu estava.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.
Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas.
Peguei uma ideias com as mãos ─ como a peixes.
Nem era muito que eu me arrumasse por versos.
Aquele arame do horizonte que separava o morro do céu
            estava rubro.
Um rengo estacionou entre duas frases
Um descor
Quase uma ilação do branco.
Tinha um palor atormentado a hora.
O pato dejetava liquidamente ali.
                        (do livro  “O guardador de águas”)

3.

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.
                        (do livro  “Livro sobre nada”)

4.

Retrato do artista quando coisa: borboletas
Já trocam as árvores por mim.
Insetos me desempenham.
Já posso amar as moscas como a mim mesmo.
Os silêncios me praticam.
De tarde um dom de latas velhas se atraca
em meu olho.
Mas eu tenho predomínio por lírios.
Plantas desejam a minha boca para crescer
por de cima.
Sou livre para o desfrute das aves.
Dou meiguice aos urubus.
Sapos desejam ser-me.
Quero cristianizar as águas.
Já enxergo o cheiro do sol.
                        (do livro  “Retrato do artista quando coisa”)

5.

Deus disse: vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
                        (do livro  “Retrato do artista quando coisa”)

6.
Formigas

Não precisei de ler São Paulo, Santo Agostinho,
São Jerônimo, nem Tomás de Aquino, nem São
Francisco de Assis ─
Para chegar a Deus.
Formigas me mostraram Ele.

( Eu tenho doutorado em formigas.)
            (do livro  “Ensaios fotográficos”)

7.
Sonata ao Luar

Sombra Boa não tinha e-mail.
Escreveu um bilhete:
Maria me espera debaixo do ingazeiro
quando a lua tiver arta.
Amarrou o bilhete no pescoço de cachorro
e atiçou:
Vai, Ramela, passa!
Ramela alcançou a cozinha num átimo
Maria leu e sorriu.
Quando a lua ficou arta Maria estava.
E o amor  se fez
Sob um luar sem defeito de abril.
            (do livro  “Poemas rupestres”)

8.
Garça

A palavra garça em meu perceber é bela.
Não seja só pela elegância da ave.
Há também a beleza letral.
O corpo sônico da palavra
E o corpo níveo da ave
Se comungam.
Não sei se passo por tantã dizendo isso.
Olhando a garça-ave e a palavra garça
Sofro uma espécie de encantamento poético.
             (do livro  “Poemas rupestres”)

Economicismo

Divulgo hoje um texto da autoria  do economista argentino Alfredo Zaiat, publicado no jornal Página/12 (de Buenos Aires). É um texto simples que nos ajuda a compreender algumas das raízes do economicismo dominante, ideologia de ocultação da realidade social e de conservação do capitalismo, expressão da deriva neoliberal. Economistas - é o título do texto. Sigamo-lo.

“ La figura del economista ha adquirido un espacio desproporcionado en la consideración pública como analista, promotor y actor principal de la gestión de políticas. Es una distorsión que inunda de confusiones la interpretación de los acontecimientos económicos y sociales. El origen de esa desviación no se encuentra en la expansión de las finanzas, el desarrollo mediático y la ansiedad social por saber qué va a pasar, sino en la formación del profesional dedicado a estudiar la ciencia económica que luego se desempeña en el sector público y privado. Esa (de)formación no es accidental, sino que es la expresión de las relaciones de poder en un determinado contexto histórico. Es una crisis global sobre cómo se despliega el saber económico. La debacle económica en los países centrales provocó el cuestionamiento a postulados que hasta hace pocos años eran considerados sagrados. Mientras la recesión, el estancamiento y el default sucedían en la periferia del capitalismo, el debate se dispersaba en culpar a gobiernos y políticos, pero cuando alcanzó a Europa y Estados Unidos la critica se orientó también hacia el rol de los economistas y qué se estudia en la universidad. La impugnación adquirió intensidad porque los conocimientos convencionales no brindan herramientas para comprender por qué estalló la crisis en el centro y, en especial, por qué las propuestas tradicionales no sirven para salir del atolladero, sino que lo agudizan.
Desde la irrupción a mediados de año del “Llamamiento internacional de estudiantes de Económicas a favor de una enseñanza pluralista” se han ido sumando hasta totalizar 65 asociaciones de 30 países. El manifiesto suscripto comienza así: “No es sólo la economía mundial que está en crisis. La enseñanza de la economía está en crisis también, y esta crisis tiene consecuencias mucho más allá de los muros universitarios”. La mecha de esta rebelión la encendieron los estudiantes de Economía de la Universidad de Manchester, que crearon una sociedad llamada “Post-Crash Economics” para denunciar que sólo se les enseñaba una visión neoliberal de la economía y exigir cambios en sus planes de estudios. Desde entonces, decenas de asociaciones de estudiantes de todo el mundo se han ido sumando a la iniciativa.
El documento (www.isipe.net/open-letter/) plantea que es el momento de reconsiderar la forma en que se enseña economía, puesto que la falta de diversidad no sólo perjudica la educación y la investigación, sino que limita la capacidad para lidiar con los desafíos del siglo XXI. “El mundo real debe ser traído de nuevo a las clases, así como el debate y un pluralismo de teorías y métodos. Este cambio ayudará a renovar la disciplina y, en última instancia, a crear un espacio en el que las soluciones a los problemas de la sociedad se puedan generar”, indican. Explican que el pluralismo no sólo ayudará a enriquecer la enseñanza y dar un nuevo impulso a la disciplina, sino que conlleva la promesa de traer de vuelta a la economía al servicio de la sociedad. Plantean que tres formas de pluralismo (teórico, metodológico e interdisciplinario) deben estar en el centro de los planes de estudio. El teórico, para ampliar la gama de corrientes de pensamiento representadas en los planes de estudio, alentando el debate y el aprendizaje críticamente de las ideas. Afirman que la uniformidad “es algo inaudito en otros campos; nadie tomaría en serio un programa de grado en Psicología que se centre sólo en Sigmund Freud o un programa de Ciencia política que estudie sólo el socialismo de Estado”. El pluralismo metodológico implica la necesidad de ampliar la gama de herramientas que los economistas emplean para lidiar con cuestiones económicas. Está claro que las matemáticas y las estadísticas son cruciales para esta disciplina. Pero, con demasiada frecuencia, los estudiantes aprenden a dominar los métodos cuantitativos sin tener que discutir por qué deben ser usados, la elección de los supuestos y la aplicabilidad de los resultados. La enseñanza de la economía debe incluir además enfoques interdisciplinarios, puesto que la economía es una ciencia social; y fenómenos económicos complejos rara vez se pueden entender si se presentan en un vacío, separados de sus contextos sociológicos, políticos e históricos.
La insatisfacción ante la labor de los economistas también está presente en la corriente liberal. Uno de sus miembros, el dominicano Frederic Emam–Zadé Gerardino, publicó Los economistas como armas de destrucción masiva. Afirma que “los economistas no sabemos tanto como le hacemos creer a todo el mundo, y no debemos ser tan economicistas en nuestros enfoques y diseños de políticas públicas. Las personas no piensan sólo en términos económicos, ni son tan racionales como supone la mayoría de las teorías económicas, ni la realidad es tan simple como para sintetizarla en unas cuantas ecuaciones, ni siquiera en miles o cientos de miles de ecuaciones”. Observa que “esperar que la realidad vaya a comportarse de la misma manera que los números reaccionan a las variaciones de otros números en una hoja de cálculo en una computadora no tiene fundamento científico y el economista que pretenda que tiene ese conocimiento, es un peligro público”.
Desde otra posición del pensamiento económico, el documento de debate “Enseñanza y ensañamiento del neoliberalismo en la Facultad de Ciencias Económicas-UBA”, elaborado por Andrés Asiain, Rodrigo López y Nicolás Zeolla, también aborda el abuso de las matemáticas en el análisis económico. Calcularon que, en el plan de estudios de esa facultad, el 16 por ciento de la carga horaria de la carrera está compuesta por la enseñanza de matemáticas, y sube a casi el 30 por ciento si se agrega estadísticas y econometría. Comparan ese porcentaje con el destinado a la ciencia política o a la sociología, que no supera en cada caso el 3 por ciento, concluyendo que la utilización excesiva de las matemáticas es el resultado de un proceso que buscó separar a la economía de la política y los conflictos sociales para presentarla como un conjunto de conocimientos científicos presuntamente neutrales. “De esta manera se infunde en el estudiante una formación tecnocrática que elude discutir las implicancias políticas y sociales de las diferentes teorías económicas. Esta prestidigitación fue funcional al avance acrítico de la escuela neoclásica, cuyas recomendaciones de políticas de libre mercado favorables para una determinada minoría de la sociedad global, y en desmedro de las mayorías mundiales, fueron implementadas bajo el disfraz de que se trataba de medidas técnicas que eran el resultado de rigurosos análisis científicos”, señala esa troika de investigadores. Menciona a la vez que la descontextualización entre la realidad económica nacional y la formación que reciben los economistas se evidencia “en hechos insólitos como que la mayor parte de los egresados no haya estudiado la explotación de recursos naturales vitales para el país, como el petróleo y la minería. También se encuentra ausente el estudio de las economías regionales, así como el de las economías latinoamericanas”. El resultado es que el egresado de la carrera carece de elementos para comprender el funcionamiento de la economía argentina, ámbito central donde debería desarrollar su profesión.
Esta controversia de alcance mundial, a partir de la crisis en los países centrales sobre la formación y actuación de los economistas, es un marco conceptual inicial para abordar lo que parece incomprensible: la sucesión de papelones de gran parte de los economistas locales, analizando los diferentes acontecimientos económicos.”


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Contra o Tratado de Comércio Livre Estados Unidos /União Europeia

Extraído da página do jornal espanhol “PÚBLICO”, eis um texto datado de hoje, que contém relevante informação sobre o tratado comercial EU-EEUU que está, há alguns anos, a ser negociado entre os USA e a União Europeia. É importante que aqui em Portugal se acorde, verdadeiramente, para o que está a ser negociado, com riscos para a soberania do nosso país e para a qualidade da nossa democracia. É insuportável qualquer sombra de secretismo que envolva o conteúdo das negociações que fazem recear a legitimação de uma vassalagem estrutural dos estados democráticos às multinacionais e da Europa aos Estados -Unidos.

O texto intitula-se: La Izquierda Europea y Los Verdes protestan contra el tratado comercial UE-EEUU . É seu autor o jornalista Manuel Ruíz Rico. Diz-se : “IU también preguntará al Parlamento Europeo por qué ha declarado secretos los documentos sobre las negociaciones del acuerdo hasta dentro de 30 años, en contra de la normativa comunitária”. Trata-se de um “Acto contra el Tratado de Libre Comercio entre EU y EEUU”. Leia-se pois  com atenção:

“La opacidad sobre el TTIP suele ser total, pero a veces aparecen grietas que permiten arrojar algo de luz sobre el polémico Tratado de Libre Comercio que Bruselas y Washington negocian entre bambalinas. Como respuesta a la petición de decenas de eurodiputados, críticos con el oscurantismo de las negociaciones, la Comisión Europea permitirá este miércoles la lectura de algunos documentos secretos sobre este acuerdo. 
Lo hará en una habitación cerrada, a la que los eurodiputados no podrán acceder con cámaras ni teléfonos móviles, y en la que durante un periodo de tiempo delimitado podrán leer algunos de los documentos sobre este acuerdo.
Hace unos meses, Izquierda Plural pidió al Gobierno que paralizara las negociaciones, pero la mayoría del PP en el Congreso tumbó esta iniciativa
Para protestar contra esta opacidad, evidente incluso en la forma de permitir el acceso a estos documentos, el grupo de la Izquierda Unitaria Europea (GUE/ NGL) -Podemos, Izquierda Plural- y Los Verdes (Equo) han convocado una protesta en el mismo edificio en el que varios eurodiputados podrán dedicar unos minutos a inspeccionar los documentos del TTIP, pasadas las 2 de la tarde. 
"Si llega seguridad, nos desplazaremos educadamente y sin quejas para no hacer peligrar otro tipo de acciones en esta línea", apunta el comunicado del GUE al que ha tenido acceso este diario, en el que piden la utilización del hastag #StopTTIP, para que esta protesta llegue al mayor número de personas posibles, en distintas lenguas.

IU entra en materia

La última y hasta ahora más multitudinaria protesta contra el TTIP en nuestro país tuvo lugar el pasado sábado. Hasta ahora, el polémico tratado que permitirá a las multinacionales demandar a los estados por cifras millonarias de verse afectadas sus inversiones en estos países había pasado casi desapercibido para la opinión pública. Hace unos meses, Izquierda Plural pidió al Gobierno que paralizara las negociaciones, o que crease una comisión para explicar sus posibles efectos sobre los españoles, pero la mayoría del PP en el Congreso tumbó esta iniciativa.
Este martes, Público ha accedido a las preguntas que IU planea formular al Europarlamento para arrojar luz sobre la firma del TTIP, recordando que Bruselas accedió a calificar como secretos parte de los documentos durante tres décadas, o las posibles consecuencias del polémico acuerdo ISDS, que dará luz verde a las multinacionales para demandar a los estados ante paneles de arbitraje, y no ante los tribunales nacionales. 

Pregunta ya formulada por Marina Albiol (7 de octubre)

En una carta titulada Arrangements on TTIP negotiating documents enviada el 5 de julio de 2013 por Ignacio García Bercero a Daniel Mullany, negociadores de la Asociación Transatlántica para el Comercio y la Inversión por parte de la Unión Europea y los EEUU respectivamente, el señor García Bercero asegura a su homólogo estadounidense que las negociaciones del TTIP no se van a regir por la Ley 1049/2001, que permite al público y entidades legales el derecho a solicitar documentos poseidos, transmetidos o recibidos por instituciones de la UE, durante al menos 30 años (la carta puede leerse aquí).
Albiol: "¿Bajo qué amparo legal se sostiene la confidencialidad impuesta sobre toda documentación y negociación relacionada con el TTIP?"
¿Informó el señor García Bercero a la Comisión de que, en nombre de la Unión Europea, iba a garantizar al señor Daniel Mullany algo que es claramente ilegal en la UE? En caso afirmativo, ¿quién dio el visto bueno al señor García Bercero? ¿Bajo qué amparo legal se sostiene la confidencialidad impuesta sobre toda documentación y negociación relacionada con el TTIP?

Pregunta de Ángela Vallina

El Documento secreto de 17 de junio de 2013 del Secretariado General del Consejo Europeo sobre Directivas para la negociación del TTIP entre la Unión Europea y los Estados Unidos de América señala en su punto número 1 que el Acuerdo está basado en los valores comunes que incluyen, entre otros, la protección y promoción de los derechos humanos y la seguridad internacional. En el Preámbulo y Principios Generales, en el punto 6 reafirma esa coincidencia en valores específicamente en las áreas de "derechos humanos, libertades fundamentales, democracia y estado de derecho". ¿Considera la Comisión que el mantenimiento del secreto negociador en materias que tendrán un impacto irreversible en la vida de nuestras sociedades como: trabajo, seguridad alimentaria, medio ambiente etc... es el modo en el que se cumple el Estado de derecho en el ámbito de la Unión Europea?

Pregunta de Javier Couso

El Documento secreto de 17 de junio de 2013 del Secretariado General del Consejo Europeo sobre Directivas para la negociación del TTIP entre la Unión Europea y los Estados Unidos de América señala en su punto número 1 que el Acuerdo está basado en los valores comunes que incluyen, entre otros, la protección y promoción de los derechos humanos y la seguridad internacional. En el Preámbulo y Principios Generales, en el punto 6 reafirma esa coincidencia en valores específicamente en las áreas de "derechos humanos, libertades fundamentales, democracia y estado de derecho".¿Considera la Comisión que privar a la opinión pública del conocimiento sobre las cuestiones que se están debatiendo a propósito primero del Tratado con Canadá y ahora con Estados Unidos, es la manera de cumplir las exigencias de un Estado de Derecho? ¿Considera la Comisión que privar a la opinión pública del conocimiento sobre las cuestiones que se están debatiendo a propósito primero del Tratado con Canadá y ahora con Estados Unidos, es la manera de cumplir las exigencias de un Estado de Derecho?

Pregunta de Paloma López

El Documento secreto de 17 de junio de 2013 del Secretariado General del Consejo Europeo sobre Directivas para la negociación del TTIP entre la Unión Europea y los Estados Unidos de América, señala en su punto número 1 que el Acuerdo está basado en los valores comunes que incluyen, entre otros, la protección y promoción de los derechos humanos y la seguridad internacional.En el Preámbulo y Principios Generales, en el punto 6 reafirma esa coincidencia en valores específicamente en las áreas de "derechos humanos, libertades fundamentales, democracia y estado de derecho".¿Considera la Comisión adecuado el nivel de acceso a la información relacionada con la negociación del TTIP, de manera que las y los diputados del Parlamento Europeo puedan cumplir con sus exigencias de representación pública y política? ¿Cree la Comisión que se satisfacen así las exigencias de un Estado de Derecho en materia de publicidad y transparencia?

Pregunta de Javier Couso

El pasado 27 de septiembre en el contexto de la Cumbre UE-Canadá fue firmado y conocido por primera vez en su integridad, el Acuerdo Económico y Comercial Global (CETA, por sus siglas en inglés). Los textos suman un total de 1.500 páginas que incluyen el texto mismo del acuerdo más los anexos.  El acuerdo trata una muy diversa cantidad de temas e incorpora cuestiones que pueden afectar de manera notable a la capacidad de las instituciones nacionales para realizar políticas públicas en casi todos los ámbitos. ¿Considera la Comisión que este proceder -el conocimiento completo de un texto de tanta relevancia, el mismo día de su firma- es el modo de cumplir las exigencias de transparencia, información y responsabilidad de las instituciones propias del Estado de Derecho?

Pregunta de Paloma López

López: "¿Puede garantizar la comisión que no se presentarán demandas como la realizada por la farmacéutica Achmea contra el gobierno de Eslovaquia por intentar establecer un sistema único de salud pública?"
El pasado 27 de septiembre en el contexto de la Cumbre UE-Canadá fue firmado y conocido por primera vez en su integridad, el Acuerdo Económico y Comercial Global (CETA, por sus siglas en inglés). Los textos suman un total de 1.500 páginas que incluyen el texto mismo del acuerdo más los anexos.  El acuerdo trata una muy diversa cantidad de temas e incorpora cuestiones que pueden afectar de manera notable a la capacidad de las instituciones nacionales para realizar políticas públicas en casi todos los ámbitos.Entre los temas tratados se encuentra una definición de inversión que incluye: compromisos de capital, o de otros recursos, la expectativa de ganancia o beneficio, o la asunción de riesgo, y una determinada duración. ¿Considera la Comisión que esta definición tan amplia de lo que es una inversión protege suficientemente a los estados contra demandas de empresas multinacionales presentadas contra gobiernos legítimos en el ejercicio de sus competencias democráticas? ¿Puede garantizar la comisión que no se presentarán demandas como la realizada por la multinacional farmacéutica Achmea contra el gobierno de Eslovaquia por el intento de este de establecer un sistema único de salud pública?

Pregunta de Ángela Vallina

El pasado 27 de septiembre en el contexto de la Cumbre UE-Canadá fue firmado y conocido por primera vez en su integridad, el Acuerdo Económico y Comercial Global (CETA, por sus siglas en inglés). Los textos suman un total de 1.500 páginas que incluyen el texto mismo del acuerdo más los anexos. El acuerdo trata una muy diversa cantidad de temas e incorpora cuestiones que pueden afectar de manera notable a la capacidad de las instituciones nacionales para realizar políticas públicas en casi todos los ámbitos. El acuerdo incorpora un mecanismo de resolución de las diferencias entre inversores y estados (ISDS por sus siglas en inglés) que está en el centro de las preocupaciones de las instituciones representativas. Por cuanto la experiencia muestra el poder que este tipo de acuerdos ha otorgado a las empresas multinacionales.  ¿Considera la Comisión que las limitaciones y protecciones que forman parte del Acuerdo serán suficientes para asegurar la capacidad de las instituciones democráticas para ejercer sus obligaciones? ¿Qué limitaciones cree la Comisión que estos Acuerdos pueden imponer sobre las políticas públicas que puedan desarrollar en el futuro próximo las instituciones democráticas en materias como salud, seguridad alimentaria y protección del medio ambiente?