“Hoje, em
muitas partes, reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a
exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será
impossível desarreigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as
populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas
de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais
tarde, há-de provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou
mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas
políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir
indefinidamente a tranquilidade. Isto não acontece apenas porque a desigualdade
social provoca a reacção violenta de quantos são excluídos do sistema, mas
porque o sistema social e económico é injusto na sua raiz. Assim como o bem
tende a difundir-se, assim também o mal consentido, que é a injustiça, tende a
expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer
sistema político e social, por mais sólido que pareça. Se cada acção tem
consequências, um mal embrenhado nas estruturas duma sociedade sempre contém um
potencial de dissolução e de morte. É o mal cristalizado nas estruturas sociais
injustas, a partir do qual não podemos esperar um futuro melhor. Estamos longe
do chamado «fim da história», já que as condições dum desenvolvimento
sustentável e pacífico ainda não estão adequadamente implantadas e realizadas”.
Este texto não foi escrito por um perigoso esquerdista,
ou por um nefelibata sem contacto com a realidade. É apenas um pequeno extracto
da Primeira Exortação
Apostólica de Papa Francisco.
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