Não sei se a Comissão Nacional de Eleições vai intervir. Mas devia. Na verdade, um Santo que não consegui identificar, mas que seguramente pertence à Igreja Católica, entrou inopinadamente na campanha para as Eleições Autárquicas de Marco de Canaveses.
Eis o que acabo de ouvir da boca de um dos candidatos, o piedoso Candidato Independente à Presidência da respectiva Câmara Municipal, Ferreira Torres.
Como é sabido, Ferreira Torres, acrisolado temente a Deus, tem uma capela privativa numa quinta de que é proprietário. Vai daí, em data recente, procurando ajuda para que uma sentença do Tribunal Constitucional lhe permitisse candidatar-se, FT orava intensa e recolhidamente na sua Capela.
A decisão estava por pouco, por horas. E, de repente, a luz acendeu-se por si própria, num sinal evidente da cumplicidade do Além. FT ficou com a respiração suspensa, balançando entre a incredulidade e a esperança. Por pouco tempo. Apostado em deixar as coisas bem claras, quanto à efectividade da sua interferência, o Santo não identificado acendeu de novo a luz e voltou a apagá-la. Aí, FT não teve dúvidas: o Santo não identificado fez realmente um milagre, convencendo os circunspectos juízes do Tribunal Constitucional a atenderem a cunhazita metida por FT.
E aqui é que bate o ponto. De facto, ao que parece, nenhum dos outros candidatos tem um Santo à sua disposição, para apoiá-lo. Logo, está introduzida na contenda de Marco de Canaveses, um factor de grande desigualdade entre os candidatos. De um lado, um candidato que pode usar um " Santo", sacramentado e com influência nas mais altas esferas do Além. Do outro, todos os restantes candidatos, aparentemente sem qualquer hipótese de contarem com o apoio de qualquer "Santo".
Não é justo. Esta asfixia não é democrática. Assim, o ungido Ferreira Torres não pode deixar de ganhar.
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