sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Continuamos quietos ?



1. Um militante do PCP e um militante do PSD, assumiram a sua veste de dirigentes sindicais, que realmente são, e cometeram um bla, bla, bla previsível, sobre o que decretaram que deve ser feito pela próxima Ministra da Educação.

Falaram grosso, com a força que lhes é dada por muitos e muitos professores socialistas, filiados nos sindicatos dirigidos por cada um deles.

Será destino ou maldição sermos usados por agentes de outras áreas políticas para servirmos de arma contra os nossos próprios governos?

Sabemos que o governo anterior esteve longe de um desempenho satisfatório em matéria de educação. Mas as oposições e os sindicatos limitaram-se, quase sempre, a um assanhamento sectário sem ligação ao futuro. É preciso ir mais além. A moção “Mudar para Mudar” no Congresso Nacional do PS tentou. Não lhe foi dada importância.

2. Pouco a pouco, tenho regressado a uma ideia que me convenceram a congelar há umas décadas atrás: os professores socialistas têm que se organizar autonomamente. Num primeiro tempo, criando uma Associação Nacional dos Professores Socialistas. Depois se verá. Se for preciso, podemos ter que nos organizar sindicalmente, em sindicatos próprios e independentes.

Continuarmos como até agora é que não. Continuarmos a ser massa de manobra para dirigentes do PSD e do PCP usarem os sindicatos a que pertencemos contra os governos do PS; sofrermos ataques de Associações que têm como objectivo nuclear o combate ao PS; ou seja, deixarmos que nos combatam sem que nos defendamos. Não. Já chega.


Por outro lado, a nossa voz dentro do PS é completamente inaudível, a voz de milhares de professores socialistas dentro do partido não conta quase nada. A nossa influência na definição das políticas que têm a ver com a educação é nula.

Consequência: aumenta a probabilidade de políticas educativas erradas, por parte dos governos do PS e de reacções estéreis e politicamente instrumentalizadas, por parte dos sindicatos e associações de professores, acolitados pelas oposições, mas aos quais afinal muitos de nós pertencem.

Não esperemos mais. Criemos uma Associação Nacional dos Professores Socialistas, à qual possam aderir militantes e simpatizantes do PS, eleitores habituais do PS, e quaisquer outros cidadãos que identificando-se no essencial com a identidade histórica do PS não estejam filiados em qualquer outro partido político. A educação e o futuro precisam disso. Comecemos já a pensar nisso, para podermos agir no curto prazo.

O que acham camaradas?

8 comentários:

luis marinho disse...

Força.Vamos a isso!

aminhapele disse...

Como sabes,não sou professor.
Sobre a Associação que propões tenho uma opinião negativa.
Se pretendes uma estrutura para apoiar a política do governo socialista,suponho que essa estrutura já existe dentro do PS.
Se ela é ouvida,ou não,caberá aos militantes socialistas tratarem da questão internamente.
Para um novo Sindicato não me parece boa ideia.
Eles,já existem às dezenas!
Vê só o exemplo de Coimbra.
Desde a CGTP,à UGT,aos independentes,têm múltiplos sindicatos.
Claro que falamos no ensino público e,na generalidade,no básico e secundário.
Tanto no SPRC,como no SPZC,acredito que existem o número suficiente de professores socialistas com capacidade para fazer ouvir a sua voz e influenciar toda uma política sindical.
Por motivos que conhecerás melhor que eu,tal não sucede no superior.
Esta,a minha opinião.

Rui Namorado disse...

1. Sou membro do SNESUP, pensando eu que este sindicato não é um instrumento partidário, mesmo que possa naturalmente não concordar com algumas das suas posições.Mas é o único,na área da educação, na minha opinião (pelo menos entre os mais representativos).

A Associação que preconizo não se destina a defender a política do PS, destina-se a contribuir para que essa política seja a mais adequada possível. E. é claro, que haja uma intervenção harmoniosa dos socialistas no plano polítco e no plano associativo(mais tarde. se necessário. também no plano sindical).

3. De facto, não vejo nenhuma razão para que os socialistas continuem em sindicatos que actuam como apêndices de partidos hostis ao PS, ou como focos directos de hostilidade assumida ao PS.

4. Quando, há mais de vinte anos defendi o que hoje retomei,tendo ficado isolado. Os frutos da posição dominante foram zero. A qualidade dos sindicatos não melhorou, a qualidade da política educativa do PS não melhorou, a instrumentalização política dos sindicatos não diminuiu.

Por isso, volto a defender que os socialistas ( e nem só os professores) devem começar a estudar a hipótese de se organizarem autonomamente no plano sindical. Não apenas para haver uma voz própria dos socialistas no plano sindical, mas para terem uma voz audível e influente(realmente influente ) dentro do PS.

5. Os socialistas não devem esquecer o que aconteceu na recente campanha eleitoral, sob pena de em próximas conjunturas id~enticas continuarem a servir de bombos de festa sem estarem em condições organizativas de responderem.

6. Mas isto sou eu que penso, o que é, seguramente, pouca coisa.

aminhapele disse...

Por mais que tentes,querido amigo,nunca conseguirás pensar pouca coisa.
Insisto:não foi por falta de estruturas foram o "bombo da festa".
Se a que propões avançar,desejo-lhe êxitos sinceros.
Mas,que diabo!
Porque é que não se fazem ouvir no SPRC e no SPZN?!
Será que,noutra estrutura,terão maior voz?!

Unknown disse...

Não sou, nem prof. nem professor! Mas não deixo que as questões da educação me passem ao lado. E se a criação duma associação não iria, para já, evitar a utilização dos profs socialistas contra o seu próprio partido, poderia congregá-los mais para que, nos sindicatos, não fossem tão docemente manipuláveis; além disso poderia, de facto, ser um privilegiado interlocutor do ministério, que muitas vezes neste último governo, andou em busca dum ...sem o encontrar, embora não parecesse( e sei do que falo!).Abraço
Saudações socialistas.
Victor Moura

Rui Namorado disse...

Tens toda a razão.

Mesmo antes de se atingirem os objectivos mais ambiciosos, não deixarão de se colher frutos imediatos de evidente utilidade.

Anónimo disse...

Os professores socialistas não são nem nunca foram contra o PS.
Mas são contra certas "políticas educativas", propagandeadas com pompa e circunstância, cujos efeitos ainda estão longe de poderem ser determinados.
Constato, todavia, que o ambiente nas escolas está diferente, mas para pior.E esse ambiente não contribui certamente para a tão apregoada e ambicionada melhoria de qualidade da educação.
Diz-se que o Ministério andou à procura de um interlocutor e que não o..encontrou!
A ser verdade, isso só vem provar que os destinos do Ministério, logo da Educação, estavam nas "mãos" de gente completamente inapta para assumir e liderar um processo de intervenção no sistema educativo, uma vez que ficou provado à saciedade o seu desconhecimento relativamente a três dos quatro elementos em jogo em qualquer processo de intervenção social, acrescendo, ainda, uma total ignorância relativamente a aspectos estratégicos que devem ser tidos em conta, sob pena de total ineficácia da intervenção nos termos em que a mesma é (foi) desenhada.
Para além de medidas de utilidade mais do que duvidosa, não nos podemos esquecer da peregrina ideia da divisão da carreira docente em duas categorias, aliás, sem qualquer fundamento válido, que considero uma monstruosa aberração político-jurídica, só possível se saída de "mentes" que desconhecem profundamente o ambiente em que actuaram,revelando, por isso mesmo, uma total incapacidade de interacção.
Eu próprio, fui - esta é a realidade que não devo escamotear -humilhado na minha dignidade profissional.
Vejamos: se eu tivesse ficado na minha escola com "horário-zero" teria acedido a professor titular, aliás, ficaria em 1.º lugar no Departamento a cujo concurso seria opositor, mas como decidi leccionar em outra escola não me foi permitido ingressar na nova categoria. Pergunto: Isto faz algum sentido? É esta a justiça socialista? Tendo voltado`para a escola a cujo quadro pertenço, irei agora ser coordenado e avaliado por colegas que obtiveram pontuação inferior à minha no referido concurso? Mas que País é este?
Por que razão não resolvem alterar outras coisas que não fazem qualquer sentido, como por exemplo o facto de os professores bacharéis poderem ter uma graduação profissional superior à dos licenciados? Isto só acontece na educação!
Muito mais teria a referir, mas como sou - e cada vez mais - um completo igorante em matéria de educação, e porque também já me alonguei em demasia,apenas direi, antes de terminar, que a Associação agora proposta só fará sentido se virada ao plano sindical. Se assim for, estarei de "corpo e alma" com o mentor da ideia.
DC

Rui Namorado disse...

A Associação será o que os seus membros quiserem.

O importante é os professores socialistas agirem concertadamente, com dois objectivos centrais:
1º- terem voz própria e audível dentro do PS;
2º- Não serem rebanho de pastores que servem outros partidos, ou têm como objectivo confesso combater o PS.