Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC
- Ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais-
-11 de Dezembro - 5ª Sessão -
[na Faculdade de Economia, à tarde ]
[no Teatro Académico Gil Vicente, à noite]
“Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais”.
Mais uma vez recebi do Júlio Mota o texto que a seguir se reproduz:
"Caros Amigos
O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador (com a colaboração dos estudantes do Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia) do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC vem com a presente informar que irá decorrer, a 11 de Dezembro, a quinta sessão do ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais, na Faculdade de Economia, à tarde, e no Teatro Académico Gil Vicente, à noite.
A quinta sessão deste Ciclo enquadra-se na problemática Economia global e mercadorização versus interesses Colectivos e tem como tema central “Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais”. A análise deste tema já era claramente pertinente quando o Ciclo foi programado, há mais de um ano, pois pretendia-se discutir os custos à escala nacional, europeia e mundial dos vectores dominantes do modelo neoliberal, assente na trilogia: privatizar, flexibilizar, desregulamentar. Se era pertinente na altura, muito mais o é agora, face à crise avassaladora gerada no interior do próprio modelo, crise por que passam as economias nacionais, as economias regionais, a economia mundial, e em que, a acreditar no economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, “o pior ainda está para vir”.
Três verbos preencheram o discurso dominante dos nossos políticos e dos nossos decisores durante 30 anos, três verbos de declinação simples determinaram as decisões de política económica destas últimas três décadas. Os mercados tornaram-se globais e desregulamentados, os Estados foram minimizados, desconstruídos, foram “privatizados” como estruturas organizativas e produtivas; os serviços públicos tornaram-se serviços mercantis, os direitos universais passaram a ser entendidos apenas como necessidades económicas, transformaram-nos em bens e serviços mercantis que, portanto, se expressam em lucros ou dividendos, quer se fale do direito à água, do direito à saúde, do direito, em suma, aos bens e serviços básicos. É essa realidade e as suas consequências que são vistas através de um documentário, Tudo está à venda, do cineasta alemão Florian Opitz. Trata-se de um périplo pelo mundo das privatizações até ao limite de tudo o que é produto/e ou serviço público. Fala-se neste filme, dos transportes da Inglaterra que, com a sua privatização, se tornaram os piores da Europa; da privatização dos serviços de saúde nas Filipinas, onde passou a ser o dinheiro o garante do direito à saúde; fala-se da privatização dos serviços de água na Bolívia, onde até a “água da chuva se privatizou”, o que está em consonância com um conselheiro do Banco Mundial, John Briscoe, ao afirmar que a água “deve ser gerida como um produto económico” e não como um direito humano; fala-se da privatização das empresas produtoras e distribuidoras de electricidade na África do Sul. Se a sessão já era pertinente há um ano, agora, na data em que a sessão se realiza, os acontecimentos já ultrapassaram o que o cineasta pretendeu criticar e também tudo aquilo que a equipa organizadora do Ciclo pensou questionar. A crise económica existe, a sua duração é imprevisível, a extensão e a profundidade dos resultados ainda não se conhecem na totalidade. É verdade que já é visível a aceleração do desemprego, o encerramento de empresas ou a redução do seu nível de produção, no entanto, não se vislumbra que o trabalho, ou o trabalhador, seja o elemento de protecção principal a ter em conta. Em vez disto, baixam-se as taxas de juro, aumenta-se a liquidez, os Bancos Centrais devem conduzir as suas taxas de juro centrais para perto de zero, segundo ainda o economista-chefe do FMI e isto sem tocar nas estruturas e funcionamento dos diversos mercados que conduziram a esta situação. Continua a permitir-se, por exemplo, que numa manhã, a família Porsche, na Bolsa de Frankfurt, ganhe qualquer coisa situada entre os 9 e 12 mil milhões de euros, num jogo de força alavancada pelos especuladores, agentes que, curiosamente, continuaram a ser permitidos, apesar de se estar numa economia real embalada fortemente na crise. Mais perto de nós, a um nível muito mais pequeno, relata o jornal Le Parisien que jovens traders, eventualmente corresponsáveis pelo prejuízo de 5 mil milhões de euros na Societé Genérale, foram despedidos com indemnizações de 500 mil euros cada, com uma cláusula no acordo, “à ne pas révéler le contenu du présent accord», ou seja, uma cláusula de silêncio!
Para nos falar dos custos das políticas neoliberais e da crise, teremos connosco e o economista americano Gerald Epstein, do Economics Department and Political Economy Research Institute (PERI), da Universidade de Massachusetts Amherst, dos Estados Unidos da América, João Ferreira do Amaral (ISEG), João Cravinho (BERD), João Sousa Andrade (FEUC). Gerald Epstein fará uma conferência que tem como tema “A crise Financeira Global: A prevenção contra a Grande Depressão e o fim de um ciclo destrutivo” e na mesma linha teremos a conferência de João Ferreira do Amaral que nos vem falar de “A falência das políticas neoliberais”.
O programa detalhado desta sessão é o seguinte:
O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador (com a colaboração dos estudantes do Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia) do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC vem com a presente informar que irá decorrer, a 11 de Dezembro, a quinta sessão do ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais, na Faculdade de Economia, à tarde, e no Teatro Académico Gil Vicente, à noite.
A quinta sessão deste Ciclo enquadra-se na problemática Economia global e mercadorização versus interesses Colectivos e tem como tema central “Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais”. A análise deste tema já era claramente pertinente quando o Ciclo foi programado, há mais de um ano, pois pretendia-se discutir os custos à escala nacional, europeia e mundial dos vectores dominantes do modelo neoliberal, assente na trilogia: privatizar, flexibilizar, desregulamentar. Se era pertinente na altura, muito mais o é agora, face à crise avassaladora gerada no interior do próprio modelo, crise por que passam as economias nacionais, as economias regionais, a economia mundial, e em que, a acreditar no economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, “o pior ainda está para vir”.
Três verbos preencheram o discurso dominante dos nossos políticos e dos nossos decisores durante 30 anos, três verbos de declinação simples determinaram as decisões de política económica destas últimas três décadas. Os mercados tornaram-se globais e desregulamentados, os Estados foram minimizados, desconstruídos, foram “privatizados” como estruturas organizativas e produtivas; os serviços públicos tornaram-se serviços mercantis, os direitos universais passaram a ser entendidos apenas como necessidades económicas, transformaram-nos em bens e serviços mercantis que, portanto, se expressam em lucros ou dividendos, quer se fale do direito à água, do direito à saúde, do direito, em suma, aos bens e serviços básicos. É essa realidade e as suas consequências que são vistas através de um documentário, Tudo está à venda, do cineasta alemão Florian Opitz. Trata-se de um périplo pelo mundo das privatizações até ao limite de tudo o que é produto/e ou serviço público. Fala-se neste filme, dos transportes da Inglaterra que, com a sua privatização, se tornaram os piores da Europa; da privatização dos serviços de saúde nas Filipinas, onde passou a ser o dinheiro o garante do direito à saúde; fala-se da privatização dos serviços de água na Bolívia, onde até a “água da chuva se privatizou”, o que está em consonância com um conselheiro do Banco Mundial, John Briscoe, ao afirmar que a água “deve ser gerida como um produto económico” e não como um direito humano; fala-se da privatização das empresas produtoras e distribuidoras de electricidade na África do Sul. Se a sessão já era pertinente há um ano, agora, na data em que a sessão se realiza, os acontecimentos já ultrapassaram o que o cineasta pretendeu criticar e também tudo aquilo que a equipa organizadora do Ciclo pensou questionar. A crise económica existe, a sua duração é imprevisível, a extensão e a profundidade dos resultados ainda não se conhecem na totalidade. É verdade que já é visível a aceleração do desemprego, o encerramento de empresas ou a redução do seu nível de produção, no entanto, não se vislumbra que o trabalho, ou o trabalhador, seja o elemento de protecção principal a ter em conta. Em vez disto, baixam-se as taxas de juro, aumenta-se a liquidez, os Bancos Centrais devem conduzir as suas taxas de juro centrais para perto de zero, segundo ainda o economista-chefe do FMI e isto sem tocar nas estruturas e funcionamento dos diversos mercados que conduziram a esta situação. Continua a permitir-se, por exemplo, que numa manhã, a família Porsche, na Bolsa de Frankfurt, ganhe qualquer coisa situada entre os 9 e 12 mil milhões de euros, num jogo de força alavancada pelos especuladores, agentes que, curiosamente, continuaram a ser permitidos, apesar de se estar numa economia real embalada fortemente na crise. Mais perto de nós, a um nível muito mais pequeno, relata o jornal Le Parisien que jovens traders, eventualmente corresponsáveis pelo prejuízo de 5 mil milhões de euros na Societé Genérale, foram despedidos com indemnizações de 500 mil euros cada, com uma cláusula no acordo, “à ne pas révéler le contenu du présent accord», ou seja, uma cláusula de silêncio!
Para nos falar dos custos das políticas neoliberais e da crise, teremos connosco e o economista americano Gerald Epstein, do Economics Department and Political Economy Research Institute (PERI), da Universidade de Massachusetts Amherst, dos Estados Unidos da América, João Ferreira do Amaral (ISEG), João Cravinho (BERD), João Sousa Andrade (FEUC). Gerald Epstein fará uma conferência que tem como tema “A crise Financeira Global: A prevenção contra a Grande Depressão e o fim de um ciclo destrutivo” e na mesma linha teremos a conferência de João Ferreira do Amaral que nos vem falar de “A falência das políticas neoliberais”.
O programa detalhado desta sessão é o seguinte:
Local: Sala Keynes da Faculdade de Economia
Conferências:
Gerald Epstein (PERI-Massuchets)
João Ferreira do Amaral (ISEG, Lisboa)
Comentários:
João Sousa Andrade (FEUC)
João Cravinho (BERD, Londres)
Hora: 21:15
Local: Teatro Académico de Gil Vicente
Filme/Documentário:
Tudo está à venda
Florian Opitz
Comentários:
Gerald Epstein
João Cravinho
João Ferreira do Amaral
Moderador:
João Sousa Andrade
Debate
O filme Tudo está à venda, de Florian Opitz, foi premiado nalguns dos mais importantes festivais do filme documentário entre os quais Berlim, Hot Docs no Canadá, Festival du Réel, França, Chicago e muitos outros, em finais de 2006 e 2007.
No Teatro Académico Gil Vicente, será distribuída gratuitamente uma brochura em que, por um lado, se procura explicar a base teórica dos modelos de política económica sob os quais se conduziu a economia global à crise actual e, por outro lado, se procura analisar o resultado dessas políticas, desse modelo, através de análises sectoriais, tomando como referência os exemplos do documentário, ou seja, a saúde, os transportes, a electricidade e a distribuição de água. Com a organização desta brochura e com estas análises sectoriais a Organização do Ciclo pretende dar a sua perspectiva sobre o que se está a passar na nossa economia mundo e nalguns dos seus principais sectores estratégicos.
Informamos que a estrutura de todo o ciclo até agora estabelecido para este novo ano lectivo assim como os textos que neste âmbito irão sendo produzidos estão disponíveis no site http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/index.htm.
Sem outro assunto e certos da vossa atenção, que antecipadamente agradecemos, apresentamos os nossos cumprimentos.
Pela Comissão Organizadora
Júlio Marques Mota
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- ANEXO -
Pequena sinopse do filme Big Sellout
O documentário é profundamente esclarecedor, O filme Tudo está à venda , desafia a ortodoxia económica actual quando mostra que o dogmatismo que esta mostra no estabelecimento de relações económicas internacionais, de acordo com as políticas de desenvolvimento neoliberais, não tem nenhum suporte na ciência económica moderna. Mais importante, demonstra dramaticamente como é que a aplicação destas políticas está a ter consequências desastrosas para milhões de pessoas em todo o globo.
Percorrendo quer países desenvolvidos quer países em vias de desenvolvimento o filme Tudo está à venda põe-nos frente face a face com os arquitectos da ordem económica que reina actualmente no mundo, assim como com as populações que sofrem a violência dos efeitos das suas políticas. A película mostra como as instituições financeiras internacionais tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, exigem cortes draconianos nas despesas públicas, exigem a privatização de serviços públicos e a liberalização dos mercados como sendo a único via para o desenvolvimento económico. Então confrontam-se estas exigências com o estudo de caso reais.
Quando o discurso económico a nível nacional e internacional é assente na eficiência crescente e no crescimento económico o filme Tudo está à venda lembra-nos que há pessoas por detrás das estatísticas. O filme levanta questões sérias sobre o credo neoliberal e para este credo a forma do governo melhor servir o interesse público é transformar-se, ele próprio, em empregado das empresas privadas, é ele próprio ser privatizado. Mas os cidadãos corajosos, como aqueles que se mostram neste filme importante, estão de pé e a exigir uma alternativa ao modelo neo-liberal em curso, um modelo que o filme mostra ser tão vazio quanto insustentável.
- ANEXO -
Pequena sinopse do filme Big Sellout
O documentário é profundamente esclarecedor, O filme Tudo está à venda , desafia a ortodoxia económica actual quando mostra que o dogmatismo que esta mostra no estabelecimento de relações económicas internacionais, de acordo com as políticas de desenvolvimento neoliberais, não tem nenhum suporte na ciência económica moderna. Mais importante, demonstra dramaticamente como é que a aplicação destas políticas está a ter consequências desastrosas para milhões de pessoas em todo o globo.
Percorrendo quer países desenvolvidos quer países em vias de desenvolvimento o filme Tudo está à venda põe-nos frente face a face com os arquitectos da ordem económica que reina actualmente no mundo, assim como com as populações que sofrem a violência dos efeitos das suas políticas. A película mostra como as instituições financeiras internacionais tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, exigem cortes draconianos nas despesas públicas, exigem a privatização de serviços públicos e a liberalização dos mercados como sendo a único via para o desenvolvimento económico. Então confrontam-se estas exigências com o estudo de caso reais.
Quando o discurso económico a nível nacional e internacional é assente na eficiência crescente e no crescimento económico o filme Tudo está à venda lembra-nos que há pessoas por detrás das estatísticas. O filme levanta questões sérias sobre o credo neoliberal e para este credo a forma do governo melhor servir o interesse público é transformar-se, ele próprio, em empregado das empresas privadas, é ele próprio ser privatizado. Mas os cidadãos corajosos, como aqueles que se mostram neste filme importante, estão de pé e a exigir uma alternativa ao modelo neo-liberal em curso, um modelo que o filme mostra ser tão vazio quanto insustentável.
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