domingo, 28 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
sábado, 20 de dezembro de 2008
O estranho caso da "gauche moderne"
Tem sido abundantemente anunciada uma recente cisão de esquerda no Partido Socialista Francês, liderada pelo Senador Jean-Luc Melanchon. Eu próprio lhe dei neste blog apreciável destaque.
Mais despercebido tem passado um processo semelhante, embora iniciado há mais tempo, liderado por aquele que era considerado como o mais “blairista” dos socialistas franceses : Jean-Marie Bockel. Este ex-militante do PSF passou-se para a direita, quando aceitou integrar o Governo de Sarkozy, como Secretário de Estado para os Antigos Combatentes.
Há algum tempo atrás, o referido “sarkoziano” e alguns dos seus apoiantes resolveram fundar um novo partido político, que consubstanciasse o seu novo rumo. O Congresso de fundação decorreu com ampla presença de ministros do actual governo francês e de representantes das vários sectores da direita que apoiam Sarkozy.
Em coerência com a auto-imagem do seu trajecto político, Jean-Marie Bockel escolheu um nome sugestivo para a nova força de apoio ao actual Governo francês de direita: “la Gauche moderne”.
Mais despercebido tem passado um processo semelhante, embora iniciado há mais tempo, liderado por aquele que era considerado como o mais “blairista” dos socialistas franceses : Jean-Marie Bockel. Este ex-militante do PSF passou-se para a direita, quando aceitou integrar o Governo de Sarkozy, como Secretário de Estado para os Antigos Combatentes.
Há algum tempo atrás, o referido “sarkoziano” e alguns dos seus apoiantes resolveram fundar um novo partido político, que consubstanciasse o seu novo rumo. O Congresso de fundação decorreu com ampla presença de ministros do actual governo francês e de representantes das vários sectores da direita que apoiam Sarkozy.
Em coerência com a auto-imagem do seu trajecto político, Jean-Marie Bockel escolheu um nome sugestivo para a nova força de apoio ao actual Governo francês de direita: “la Gauche moderne”.
Sugestiva escolha, a de Bockel ! Se calhar, em consonância com o talento ilusionista do seu novo chefe, o ex- socialista Bockel quis dizer-nos que, para ele, de acordo com a sua mundividência “blairista”, o ápice da modernidade da esquerda é deixar de o ser.
Duas faces da mesma moeda
Apreciei a energia com que o Paulo Pedroso se demarcou do risco de uma abertura do PS a uma coligação com o CDS. Mas achei estranho que, quando se esperaria uma energia ainda maior para afastar o risco de uma coligação com o PSD, tivesse tido afinal uma inesperada reacção favorável.
Na verdade, arrasar a hipótese de colaboração com o pequeno partido da direita portuguesa e aceitar generosamente a colaboração com o grande partido da direita portuguesa, não me parece ter grande lógica.
E se eu não conhecesse o Paulo Pedroso, até poderia ser tentado a imaginar que ele apenas se demarcava tão ferozmente da cooperação com o CDS, para mais facilmente legitimar a sua complacência perante a possível abertura ao PSD.
Estou com ele na veemência com que rejeita alianças do nosso Partido com o CDS, mas estendo essa veemência a qualquer aliança com o PSD.
Na verdade, arrasar a hipótese de colaboração com o pequeno partido da direita portuguesa e aceitar generosamente a colaboração com o grande partido da direita portuguesa, não me parece ter grande lógica.
E se eu não conhecesse o Paulo Pedroso, até poderia ser tentado a imaginar que ele apenas se demarcava tão ferozmente da cooperação com o CDS, para mais facilmente legitimar a sua complacência perante a possível abertura ao PSD.
Estou com ele na veemência com que rejeita alianças do nosso Partido com o CDS, mas estendo essa veemência a qualquer aliança com o PSD.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Minha Pátria é a lingua portuguesa.
No jornal brasileiro "Folha de S. Paulo" vem hoje publicado o texto de autoria de Thiago Guimarães sob o título,"Português terá de ser ensinado em todas as escolas argentinas", o qual a seguir se transcreve:
"O ensino do português passará a ser obrigatório na Argentina, em escolas de nível médio e também em escolas primárias de Províncias da região de fronteira com o Brasil.A disciplina será optativa para estudantes de instituições públicas e privadas, mas as escolas deverão ofertá-la de maneira permanente.Projeto de lei sobre o tema foi aprovado por unanimidade anteontem à noite pelo Senado, após ratificação também unânime na Câmara de Deputados. A iniciativa agora vai à sanção da presidente Cristina Kirchner.A Argentina agora se equipara ao Brasil, que tornou obrigatório o ensino de língua espanhola em agosto de 2005, com prazo de cinco anos para implantação da lei.As leis aprovadas são semelhantes. No Brasil, o ensino de língua espanhola também é de oferta obrigatória e matrícula facultativa no ensino médio. A lei brasileira também abre a possibilidade de inclusão da disciplina no ensino fundamental.A norma argentina determina que a lei esteja em plena vigência até 2016, com prioridade para as Províncias da região de fronteira -Misiones, Entre Ríos e Corrientes.A senadora governista Blanca Osuna, presidente da Comissão de Educação do Senado, reconheceu à Folha que haverá dificuldades até que a lei saia do papel. Disse que a capacitação do corpo docente para o ensino do português é desigual nas Províncias e que as regiões de fronteira saem na frente.Osuna disse, contudo, ter sentido disposição favorável do setor de educação e afirmou que a presidente irá sancionar a medida. "Recebi muitas mensagens de pessoas e instituições que manifestavam interesse e satisfação pelo passo que estávamos dando."´
*************************
Esta notícia deve dar-nos que pensar. Comecemos por conjugá-la com a evidência crescente de que a língua de cada povo é um insubstituível recurso cultural, um vector da sua identidade histórica e um elemento nuclear da sua afirmação na cena internacional. Não estamos, por isso, autorizados a esquecer que a língua portuguesa está entre as dez línguas mais faladas do mundo, sendo uma das poucas que é língua oficial em países de mais três continentes, além daquele de que é originária.
Devemos também ponderar a medida em que é indispensável uma maior ambição e uma maior sistematicidade numa política de reforço da difusão e dignificação da língua portuguesa, no mundo, nos areópagos internacionais, mas também em Portugal. De facto, não podemos consentir que um imediatismo tonto esqueça que a nossa língua não é comparável a uma das muitas línguas de outros países europeus que apenas são línguas oficiais em pequenos espaços geográficos de um único Continente.
Por isso, se é certo que é importante difundir o uso de outras línguas, através do sistema de ensino e por outros meios, se é importante o diálogo cultural que só o conhecimento de mais do que uma língua verdadeiramente possibilita, se é compreensível a importância de uma difusão generalizada do uso do inglês, como segunda língua, nunca poderemos admitir que o português em Portugal não seja realmente a língua oficial e a primeira língua.
Como maus exemplos gritantes que devem ser corrigidos, cito o verdadeiro escândalo que representa o facto de, sob um um estranho manto de silêncio mediático e a complacência insólita dos poderes públicos, haver concursos de projectos financiados por dinheiros do Estado e processos de avaliação de entidades sob controle público, integrados apenas por textos redigidos em inglês.
Como podemos querer dar um estatuto internacional mais ambicioso à língua portuguesas, se nem sequer lhe damos a primazia em Portugal? Como é admissível que em instituições públicas portuguesas, situadas em Portugal funcionando principalmente com portugueses para uso de portugueses haja reuniões formais que decorrem sob a égide da língua inglesa ?
O poder político não pode continuar adormecido, permitindo que, por omissão, se estrague, por um lado, o que se constrói, esforçadamente, por outro.
Paralelamente, o exemplo que ressalta da notícia transcrita sugere que, talvez, valha a pena explorar uma via que alguns especialistas aconselham e que se traduz na elaboração de estratégias cooperativas, para a expansão de línguas com grandes afinidades entre si. Seria, por exemplo, o caso do português e do espanhol, que poderiam assim ganhar uma outra capacidade de irradiação mundial. De facto, envolver a Península Ibérica, a América Latina e os PALOPS de outros continentes, numa estratégia global, que potenciasse a difusão de ambas as línguas, sem prejuízo da salvaguarda das respectivas especificidades e da sua diferenciação, poderia criar uma dinâmica que aproximasse este conjunto do relevo que tenderão a ter o inglês e o chinês.
De uma maneira ou de outra, o que parece claro é que uma política de língua é hoje em dia, no caso de línguas como a portuguesa, um elemento estruturante de uma política de cultura, mas também um factor relevante da política internacional, da política económica e da política comercial.
Não se reduz por isso a uma política sectorial, que se possa deixar ao cuidado de um pequeno departamento perdido num qualquer recanto da burocracia estatal. Tem que ser uma política de Estado, um dos aspectos essenciais da política internacional do Estado português, um vector decisivo para que possa ter completo êxito a nossa inserção no projecto europeu .
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Novidade na América Latina
No jornal espanhol "El País" , vem hoje publicado um artigo de SOLEDAD GALLEGO-DÍAZ que merece atenção. É um texto fundamentalmente informativo. No entanto, o acontecimento que refere é um facto de um enorme significado político. Trata-se da criação de uma nova organização congregadora de todos os Estados Latino-Americanos, incluindo Cuba, sem inclusão dos USA. O escrito que abaixo se transcreve, quase na íntegra, destaca os aspectos mais relevantes da reunião que criou a nova entidade. Não interessa, por isso, estar a repeti-los.
Mas, talvez valha a pena sublinhar que o (até então, já relativo) isolamento político de Cuba, na cena americana, se esfumou por completo. E o conclave não foi apenas uma reunião dos países com governos de esquerda, como bem o demonstra o protagonismo do México; nem um mero reflexo, amigável ou hostil, da conexão com os USA. Parece estar-se, sim, perante uma afirmação da vontade de protagonismo autónomo de todo um Continente.
Deste modo, para além das variações políticas, que as eleições podem ir suscitando, parece que a hegemonia conjuntural da esquerda na América Latina, teve mais um efeito estrutural. E O Brasil evidenciou-se como força liderante desse processo, sublinhando mais uma vez o protagonismo internacional do Presidente Lula.
Eis um dado novo que, podendo parecer negativo para os USA, perante a próxima chegada ao poder de uma administração americana impregnada pela novidade, pode revelar-se um impulso positivo para um novo tipo de relações, entre os USA e a América Latina. Eis o texto em questão:
Latinoamérica y el Caribe crearán un órgano sin EE UU
La cumbre de Sauípe pone fin al aislamiento regional de Cuba
SOLEDAD GALLEGO-DÍAZ –
Sauípe - 18/12/2008
"Los países latinoamericanos y del Caribe crearán una organización permanente en la que se subsumirán el actual Grupo de Río y la recién creada Cumbre de América Latina y del Caribe para la Integración y el Desarrollo (CALC). El anuncio fue hecho en la clausura de la megacumbre que se ha celebrado en Sauípe (Brasil) por el presidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, y el mexicano, Felipe Calderón, acompañados por otros seis mandatarios latinoamericanos, entre ellos Hugo Chávez, Evo Morales y Rafael Correa.
La oposición a nombrar a Kirchner deja sin secretario general a Unasur
CALC y el Grupo de Río celebrarán otra cumbre conjunta en 2010 en México. Aún no se sabe el nombre de la nueva organización. Unos proponen que se llame Organización de Estados Latinoamericanos y del Caribe -por oposición a la Organización de Estados Americanos (OEA), impulsada por Washington- y otros desean un nombre más neutro: Unión de Latinoamérica y Caribe. En cualquier caso, sería la primera organización de este tipo, exclusivamente regional, en los 200 años desde la independencia de la mayoría de Estados latinoamericanos.
Lula calificó el encuentro de Sauípe de histórico. "Todos sabemos que esta crisis económica y financiera es una oportunidad para juntarnos y hacer lo que tuvimos que hacer hace mucho tiempo". "Cuanto más juntos estemos", dijo, "más oportunidades tendremos de ser oídos en el concierto mundial y más oportunidades de salir de una crisis que no hemos provocado". Por su parte, Calderón anunció que en el futuro, cada vez que se reúna el G-20, los presidentes de los tres únicos países latinoamericanos miembros de esa organización (México, Argentina y Brasil) celebrarán una reunión previa para coordinar posiciones.
La megacumbre convocada por Brasil se clausuró con la convicción de que, en esta época de profunda crisis económica, es necesario institucionalizar un foro en el que tengan voz exclusivamente los países de la región, sin la presencia de EE UU ni de Europa. Quedó claro también que las relaciones con EE UU siguen siendo muy importantes para la política latinoamericana en su conjunto. El presidente boliviano, Evo Morales, pidió que se exija al nuevo Gobierno de EE UU el levantamiento del embargo a Cuba o que se retire a los embajadores, pero Lula pidió calma. Coincidió en pedir el fin del embargo, pero se mostró prudente. "Esperemos a ver qué señales lanza el nuevo presidente Barack Obama, en el convencimiento de que tiene que darse cuenta de que las cosas han experimentado un cambio formidable", dijo.
Brasil, que llegó a la cumbre con un liderazgo comprometido por sus enfrentamientos bilaterales con Ecuador, Paraguay y Argentina, sale reforzado y con el agradecimiento público de todos los jefes de Estado por sus "grandes esfuerzos para fortalecer a América Latina". El presidente de Ecuador, Rafael Correa, siguió defendiendo el tema de la deuda "ilegítima" con el banco brasileño BDNES, pero expresó sus deseos de que vuelva el embajador que retiró Brasilia.
La megacumbre de Sauípe ha puesto de manifiesto que, pese a las dificultades de integración, ese proceso es una de las herramientas al alcance de los Gobiernos para hacer frente a la profunda crisis económica. Uno de los mecanismos más mencionado fue la creación de una unidad de cuenta latinoamericana que permita el comercio intrarregional sin pasar por el dólar ni el euro, un sistema que ya han puesto en marcha Brasil y Argentina.
Otro éxito de la reunión clausurada ayer es la definitiva recuperación de Cuba como miembro del Grupo de Río y de cualquier foro exclusivamente latinoamericano que se pueda convocar. El protagonismo de América Latina en el futuro de la isla se traducirá en el primer semestre de 2009, en una inusitada y larga lista de visitas de jefes de Estado a la isla. Raúl Castro, estrella de la megacumbre, recibirá a primeros de enero a la presidenta argentina, Cristina Fernández de Kirchner, y poco después a la chilena, Michelle Bachelet. Más adelante acudirá el presidente de México, Felipe Calderón, y ya se buscan fechas para otros jefes de Estado de la región. Se acabó la imagen de una Cuba que prácticamente sólo se relacionaba con Venezuela, Ecuador, Bolivia o Nicaragua.
Fue patente también el deseo, y las dificultades, de consolidar Unasur como foro estrictamente político. No hubo consenso para elegir el secretario general. La argentina Cristina Fernández tendrá que renunciar al nombramiento de su esposo, el ex presidente Néstor Kirchner, con las repercusiones que puede tener en las relaciones entre Argentina y Uruguay, que mantiene su veto.
La cumbre de Sauípe pone fin al aislamiento regional de Cuba
SOLEDAD GALLEGO-DÍAZ –
Sauípe - 18/12/2008
"Los países latinoamericanos y del Caribe crearán una organización permanente en la que se subsumirán el actual Grupo de Río y la recién creada Cumbre de América Latina y del Caribe para la Integración y el Desarrollo (CALC). El anuncio fue hecho en la clausura de la megacumbre que se ha celebrado en Sauípe (Brasil) por el presidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, y el mexicano, Felipe Calderón, acompañados por otros seis mandatarios latinoamericanos, entre ellos Hugo Chávez, Evo Morales y Rafael Correa.
La oposición a nombrar a Kirchner deja sin secretario general a Unasur
CALC y el Grupo de Río celebrarán otra cumbre conjunta en 2010 en México. Aún no se sabe el nombre de la nueva organización. Unos proponen que se llame Organización de Estados Latinoamericanos y del Caribe -por oposición a la Organización de Estados Americanos (OEA), impulsada por Washington- y otros desean un nombre más neutro: Unión de Latinoamérica y Caribe. En cualquier caso, sería la primera organización de este tipo, exclusivamente regional, en los 200 años desde la independencia de la mayoría de Estados latinoamericanos.
Lula calificó el encuentro de Sauípe de histórico. "Todos sabemos que esta crisis económica y financiera es una oportunidad para juntarnos y hacer lo que tuvimos que hacer hace mucho tiempo". "Cuanto más juntos estemos", dijo, "más oportunidades tendremos de ser oídos en el concierto mundial y más oportunidades de salir de una crisis que no hemos provocado". Por su parte, Calderón anunció que en el futuro, cada vez que se reúna el G-20, los presidentes de los tres únicos países latinoamericanos miembros de esa organización (México, Argentina y Brasil) celebrarán una reunión previa para coordinar posiciones.
La megacumbre convocada por Brasil se clausuró con la convicción de que, en esta época de profunda crisis económica, es necesario institucionalizar un foro en el que tengan voz exclusivamente los países de la región, sin la presencia de EE UU ni de Europa. Quedó claro también que las relaciones con EE UU siguen siendo muy importantes para la política latinoamericana en su conjunto. El presidente boliviano, Evo Morales, pidió que se exija al nuevo Gobierno de EE UU el levantamiento del embargo a Cuba o que se retire a los embajadores, pero Lula pidió calma. Coincidió en pedir el fin del embargo, pero se mostró prudente. "Esperemos a ver qué señales lanza el nuevo presidente Barack Obama, en el convencimiento de que tiene que darse cuenta de que las cosas han experimentado un cambio formidable", dijo.
Brasil, que llegó a la cumbre con un liderazgo comprometido por sus enfrentamientos bilaterales con Ecuador, Paraguay y Argentina, sale reforzado y con el agradecimiento público de todos los jefes de Estado por sus "grandes esfuerzos para fortalecer a América Latina". El presidente de Ecuador, Rafael Correa, siguió defendiendo el tema de la deuda "ilegítima" con el banco brasileño BDNES, pero expresó sus deseos de que vuelva el embajador que retiró Brasilia.
La megacumbre de Sauípe ha puesto de manifiesto que, pese a las dificultades de integración, ese proceso es una de las herramientas al alcance de los Gobiernos para hacer frente a la profunda crisis económica. Uno de los mecanismos más mencionado fue la creación de una unidad de cuenta latinoamericana que permita el comercio intrarregional sin pasar por el dólar ni el euro, un sistema que ya han puesto en marcha Brasil y Argentina.
Otro éxito de la reunión clausurada ayer es la definitiva recuperación de Cuba como miembro del Grupo de Río y de cualquier foro exclusivamente latinoamericano que se pueda convocar. El protagonismo de América Latina en el futuro de la isla se traducirá en el primer semestre de 2009, en una inusitada y larga lista de visitas de jefes de Estado a la isla. Raúl Castro, estrella de la megacumbre, recibirá a primeros de enero a la presidenta argentina, Cristina Fernández de Kirchner, y poco después a la chilena, Michelle Bachelet. Más adelante acudirá el presidente de México, Felipe Calderón, y ya se buscan fechas para otros jefes de Estado de la región. Se acabó la imagen de una Cuba que prácticamente sólo se relacionaba con Venezuela, Ecuador, Bolivia o Nicaragua.
Fue patente también el deseo, y las dificultades, de consolidar Unasur como foro estrictamente político. No hubo consenso para elegir el secretario general. La argentina Cristina Fernández tendrá que renunciar al nombramiento de su esposo, el ex presidente Néstor Kirchner, con las repercusiones que puede tener en las relaciones entre Argentina y Uruguay, que mantiene su veto.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Dilemas da esquerda portuguesa.
1. Se a História fosse uma caminhada, mesmo que sofrida, para um futuro que, mais cedo ou mais tarde, sempre viesse a ser radioso, as dificuldades, que hoje a esquerda portuguesa atravessa, talvez causassem igualmente sofrimentos e preocupações, mas não corriam o risco de ser trágicas.
Se o drama vivido actualmente pela esquerda portuguesa fosse apenas uma questão nacional, sem deixarmos de ser responsáveis pelo nosso destino, podíamos talvez confiar que da Europa, mais cedo ou mais tarde, de alguns ou de muitos, nos acabaria por chegar um vento generosos de ajuda.
Mas o determinismo histórico há muito que deixou de ser um certificado de garantia de uma futura felicidade que a todos os povos acabaria por tocar. Mais realista parece ser , pelo contrário, a ideia de que o futuro nos oferece um leque de possibilidades, das quais as mais apetecíveis hão-de depender da extensão do nosso esforço, da sua perenidade, da nossa capacidade de sofrimento, da nossa inteligência individual e, principalmente, da nossa capacidade para gerarmos uma lucidez colectiva nos sujeitos históricos relevantes, que lhes permita moldar o futuro à medida dos seus sonhos. Por outro lado, são muitos os partidos da esquerda europeia de vários países que se debatem com dilemas e bloqueios. Daí podemos talvez esperar a fraternidade nas dificuldades, mas não a possibilidade de uma ajuda.
Está, também a esfumar-se, irreversivelmente, aquele tempo em que, em larga medida, as tendências políticas europeias, quer em particular a socialista, quer as outras partes da esquerda, ao olharem-se a si próprias, era como se estivessem a ver o mundo. Hoje, efectivamente, com realismo a Europa não pode aspirar a ser mais do que um parceiro relevante, num xadrez mundial em mutação. E isto se souber ser fiel a si própria e verdadeiramente ecuménica, de modo a pode vir a ser uma voz determinante num coro de grandes espaços geopolíticos, que aprendam a cooperar num planeta de todos. Mas, se, pelo contrário, continuar a ser, como tem acontecido nas últimas décadas, a sombria ilustração de uma quase vulgata neoliberal, pode acabar, por se deixar reduzir a um simples apêndice museológico de uma Ásia, cujo futuro, nesse caso, lhe escapará por completo.
Por isso, a esquerda portuguesa tem que se deixar impregnar mais profundamente por um protagonismo estratégico efectivo, na luta por uma União Europeia que, autenticamente, se possa vir a cumprir com autonomia num mundo melhor para todos. Sendo, no entanto, claro que se essa esquerda, dentro do seu país, se dissipar como nuvem de desesperança, só em miragem poderá sonhar com qualquer protagonismo europeu.
2. Se procurarmos, friamente, o essencial da fractura que separa as esquerdas portuguesas, não tardaremos a compreender a sua verdadeira natureza. Se desconsiderarmos, provisoriamente, a diversidade, no seio de cada um dos grandes campos através dos quais a esquerda se revela, podemos surpreender uma grande dificuldade genérica para cada um dos seus dois grandes territórios. Dois territórios: um é o que corresponde ao PS e que vale entre 38 a 42 % nas sondagens feitas nos últimos meses; outro é constituído pelo PCP e pelo BE, com as posições relativas oscilantes , mas em que raramente uma das partes se destaca muito da outra e que vale entre 16 e 23 % nas mesmas sondagens. Provavelmente, quanto maior for a soma dos votos nestes dois últimos partidos, mais provável é que o BE seja o mais votado de ambos.
Voltemos às citadas dificuldades. No campo do PS, a sua maior dificuldade é a de ele se ter deixado impregnar pela vertente económica do paradigma neoliberal, assumindo-a como verdade científica, quando, é hoje claro, que nunca passou de uma ilusão ideológica, revestida de uma aparência de cientificidade. Por isso, embora a gravidade da actual crise do capitalismo e os seus contornos tenham revelado o embuste de alguns dos mais ostensivos narizes de cera da vulgata neoliberal, o PS não parece ainda suficientemente ciente, como colectivo, do carácter tóxico de muitas das medidas, dos conceitos e dos indicadores económicos, que até há pouco pareciam revelar uma solidez de ferro.
Se o drama vivido actualmente pela esquerda portuguesa fosse apenas uma questão nacional, sem deixarmos de ser responsáveis pelo nosso destino, podíamos talvez confiar que da Europa, mais cedo ou mais tarde, de alguns ou de muitos, nos acabaria por chegar um vento generosos de ajuda.
Mas o determinismo histórico há muito que deixou de ser um certificado de garantia de uma futura felicidade que a todos os povos acabaria por tocar. Mais realista parece ser , pelo contrário, a ideia de que o futuro nos oferece um leque de possibilidades, das quais as mais apetecíveis hão-de depender da extensão do nosso esforço, da sua perenidade, da nossa capacidade de sofrimento, da nossa inteligência individual e, principalmente, da nossa capacidade para gerarmos uma lucidez colectiva nos sujeitos históricos relevantes, que lhes permita moldar o futuro à medida dos seus sonhos. Por outro lado, são muitos os partidos da esquerda europeia de vários países que se debatem com dilemas e bloqueios. Daí podemos talvez esperar a fraternidade nas dificuldades, mas não a possibilidade de uma ajuda.
Está, também a esfumar-se, irreversivelmente, aquele tempo em que, em larga medida, as tendências políticas europeias, quer em particular a socialista, quer as outras partes da esquerda, ao olharem-se a si próprias, era como se estivessem a ver o mundo. Hoje, efectivamente, com realismo a Europa não pode aspirar a ser mais do que um parceiro relevante, num xadrez mundial em mutação. E isto se souber ser fiel a si própria e verdadeiramente ecuménica, de modo a pode vir a ser uma voz determinante num coro de grandes espaços geopolíticos, que aprendam a cooperar num planeta de todos. Mas, se, pelo contrário, continuar a ser, como tem acontecido nas últimas décadas, a sombria ilustração de uma quase vulgata neoliberal, pode acabar, por se deixar reduzir a um simples apêndice museológico de uma Ásia, cujo futuro, nesse caso, lhe escapará por completo.
Por isso, a esquerda portuguesa tem que se deixar impregnar mais profundamente por um protagonismo estratégico efectivo, na luta por uma União Europeia que, autenticamente, se possa vir a cumprir com autonomia num mundo melhor para todos. Sendo, no entanto, claro que se essa esquerda, dentro do seu país, se dissipar como nuvem de desesperança, só em miragem poderá sonhar com qualquer protagonismo europeu.
2. Se procurarmos, friamente, o essencial da fractura que separa as esquerdas portuguesas, não tardaremos a compreender a sua verdadeira natureza. Se desconsiderarmos, provisoriamente, a diversidade, no seio de cada um dos grandes campos através dos quais a esquerda se revela, podemos surpreender uma grande dificuldade genérica para cada um dos seus dois grandes territórios. Dois territórios: um é o que corresponde ao PS e que vale entre 38 a 42 % nas sondagens feitas nos últimos meses; outro é constituído pelo PCP e pelo BE, com as posições relativas oscilantes , mas em que raramente uma das partes se destaca muito da outra e que vale entre 16 e 23 % nas mesmas sondagens. Provavelmente, quanto maior for a soma dos votos nestes dois últimos partidos, mais provável é que o BE seja o mais votado de ambos.
Voltemos às citadas dificuldades. No campo do PS, a sua maior dificuldade é a de ele se ter deixado impregnar pela vertente económica do paradigma neoliberal, assumindo-a como verdade científica, quando, é hoje claro, que nunca passou de uma ilusão ideológica, revestida de uma aparência de cientificidade. Por isso, embora a gravidade da actual crise do capitalismo e os seus contornos tenham revelado o embuste de alguns dos mais ostensivos narizes de cera da vulgata neoliberal, o PS não parece ainda suficientemente ciente, como colectivo, do carácter tóxico de muitas das medidas, dos conceitos e dos indicadores económicos, que até há pouco pareciam revelar uma solidez de ferro.
Deste modo, o PS parece sensibilizado para a proeminência dos valores solidários e da luta contra o desemprego, subalternizando-lhes a sofreguidão lucrativista. Parece consciente de que um Estado forte, competente, ágil e limpo é uma condição irrenunciável para qualquer caminho de esperança que um país queira percorrer. Todavia, parece não ter ainda organizado uma visão alternativa que seja um contraponto estruturado ao neoliberalismo, capaz de o proteger dos alçapões que sempre hão-de existir em qualquer caminho onde nos aventuremos com mapas alheios.
A outra parte da esquerda, renunciou, pelo menos, na prática e nos pressupostos das suas políticas, à opção revolucionária, entendendo-se esta como tomada do poder pela força, ao arrepio das regras democráticas, para impor um programa de transformação rápida a partir apenas do aparelho de Estado. Mas não assumiu ainda o reformismo como um modo de ser da sua actividade política. O resultado é o de se ter vindo a reduzir a uma esquerda de protesto, a um colectivo de porta-vozes de alguns explorados e oprimidos, o que, podendo ser eticamente elogiável e estimável, é politicamente insuficiente. E é este bloqueio que explica que muitas das críticas feitas ao Governo do PS sejam susceptíveis de ser acompanhadas por toda a direita, o que, podendo ser um sinal do desnorte desta, pode também ser um sintoma do carácter asséptico das próprias críticas.
A outra parte da esquerda, renunciou, pelo menos, na prática e nos pressupostos das suas políticas, à opção revolucionária, entendendo-se esta como tomada do poder pela força, ao arrepio das regras democráticas, para impor um programa de transformação rápida a partir apenas do aparelho de Estado. Mas não assumiu ainda o reformismo como um modo de ser da sua actividade política. O resultado é o de se ter vindo a reduzir a uma esquerda de protesto, a um colectivo de porta-vozes de alguns explorados e oprimidos, o que, podendo ser eticamente elogiável e estimável, é politicamente insuficiente. E é este bloqueio que explica que muitas das críticas feitas ao Governo do PS sejam susceptíveis de ser acompanhadas por toda a direita, o que, podendo ser um sinal do desnorte desta, pode também ser um sintoma do carácter asséptico das próprias críticas.
Embora tenham deixado de sonhar com assaltos a “palácios de inverno”, não encontraram ainda uma épica alternativa que verdadeiramente os entusiasmasse. Por isso, caiem por vezes no imediatismo de uma santificadora demonização dos ricos e dos poderosos, que, podendo agitar as multidões desesperadas, dificilmente as ajudará a conquistar um novo tempo, aproximando-se de um populismo, cujas fronteiras com o justicialismo mais primário são por vezes bem ténues.
O drama da esquerda portuguesa está assim à vista, não se afastando muito do que atinge a esquerda europeia: se o capitalismo não é eterno, havendo seguramente num futuro algo que há-de ser, por definição, um pós-capitalismo, a esquerda só pode querer que esse pós-capitalismo espelhe os seus próprios horizontes, porque se assim não for é imenso o risco de que o pós-capitalismo seja um colapso civilizacional e não um tempo de humanização radical das civilizações humanas.
Por isso, ao PS cabe dotar-se de uma capacidade reformista efectiva que ajude a abreviar a eclosão de um pós-capitalismo que espelhe um horizonte socialista, de modo a que aprenda a conjugar a sua gestão das sociedades capitalistas tais como elas são, com o imperativo de as ir transformando através de um processo de transição cuja pilotagem lhe cabe.
Nós, socialistas, temos muito que aprender nesse campo, mas o ponto de partido para o caminho que nos espera é a tomada de consciência de que não é possível, sem graves riscos sistémicos, continuar conformados com o predomínio das visões conservadoras de apologia histórica do capitalismo. De facto, persistirmos na passividade perante a truncagem da nossa própria identidade, é corrermos o risco histórico do desaparecimento.
A outra parte da esquerda será, portanto, muito útil no debate a propósito dessa possível transição entre o capitalismo e um pós-capitalismo emancipatório e solidário. E, nesse quadro, uma boa parte das crispações actuais, e até de algumas crispações históricas entre as duas partes, vão certamente assumir aspectos diferentes ou até perder de todo o sentido, uma vez que os problemas serão outros e até talvez a forma de os resolver possa não ser a mesma. Novas crispações poderão surgir, mas se isso acontecesse, nesse novo contexto, pouca probabilidade haveria de serem estéreis.
Na verdade, o combate ideológico e político, sobre aspectos estruturantes do devir social, tende a ser um factor de enriquecimento e de robustecimento das mentes, das ideias, das organizações e das propostas, mas o exacerbar paroxístico das lutas, por pequenos detalhes da política, ou em torno de episódios menores, mais ou menos infelizes, do quotidiano deste ou daquele, mais não são do que inútil desperdício. Desperdício cultural e factores de cansaço e desprestígio de pessoas e organizações, com a perversa consequência de, muitas vezes, pouca diferença prática fazer o facto de a vitória nessas minúsculas refregas se inclinar para um lado ou para o outro.
3. Já se vê que, se uns e outros continuarem a percorrer as actuais trajectórias, sem tocarem no essencial do seu comportamento, apenas teremos como certo, para o futuro próximo, a incerteza política.
De facto, se o PS nas sondagens tem sempre rondado os 40%, também é verdade que raramente se tem aproximado dos valores que lhe garantem a maioria absoluta. E se tiver maioria relativa, por que solução optará? Em função da actual conjuntura, admitir qualquer tipo de aliança à direita seria um enorme risco político, podendo traduzir-se em graves consequências eleitorais, política e mesmo organizacionais.
E alianças à esquerda? Os possíveis parceiros parecem ter feito questão recentemente de fecharem estrepitosamente a porta a essa hipótese, parecendo querer tornar objectiva para o PS a impossibilidade de alianças à esquerda. Este tipo de pressão sobre o PS não tem grande lógica, do ponto de vista desses partidos, podendo transformar-se num travão à perda de eleitorado do PS, para eles.
Se a direcção do PS souber perspectivar no médio prazo a condução do Partido, demarcando-se globalmente da lógica do sistema capitalista, sem prejuízo do gradualismo reformista que o deve continuar a caracterizar, os outros partidos de esquerda podem vir a ser inesperadamente redimensionados e reconduzidos ao seu eleitorado de há quatro anos. Se continuar vivendo as suas rotinas, já atrás disse o que penso que pode acontecer.
4. E é aqui que entra o factor “Manuel Alegre”. Pelo que atrás disse, pode ver-se que as suas hesitações e a sensação que está em cada momento perante uma bifurcação decisiva, acabando por não escolher nenhuma das hipótese, devem-se muito mais ao panorama actual das esquerdas portuguesas, do que a qualquer limitação ideológica ou política que o diminuam.
A situação é objectivamente difícil: se caminhar para um novo partido não impulsionará com isso qualquer dinâmica de unidade à esquerda, pois em graus diferentes acabará por seguir um caminho que os três partidos actuais da esquerda parlamentar sentirão como risco de amputação de uma parte do respectivo eleitorado; se optar por agir como grupo de pressão dentro do PS, uma parte dos seus apoiantes, que agora o seguem, e ainda o PCP e o BE, podem pensar no fundo, desse modo, estará apenas a beneficiar eleitoralmente o PS, travando uma possível hemorragia eleitoral que beneficiaria esses partidos.
E o seu dilema é tanto mais sufocante, quanto o essencial do seu combate político tem predominantemente seguido a agenda mediática, estando, por isso longe das questões que acima identifiquei. Talvez seja esse o preço a pagar pelas necessidades de poder suscitar apoios ostensivos imediatos, mas não deixa de ser um factor de bloqueio na procura de uma superação do contexto limitado no seio do qual se têm travado os debates dentro da esquerda portuguesa.
Em síntese, Manuel Alegre parece ter à sua frente como caminho potencialmente mais fecundo, sem deixar de ser difícil, um caminho para o qual não tem considerado prioritário preparar-se. Isto é, quando parece querer ser um congregador de esquerdas o seu caminho colide com o trajecto dos principais partidos de todas elas; quando se lhe oferece como a hipótese mais lógica, ainda que extremamente apertada, a de promover um partido diferente de todos os outros, parece não se ter querido preparar para ela. Deste modo, arrisca-se: ou a naufragar nas hesitações para que a realidade política o empurra; ou a desencadear uma tempestade política de resultados imprevisíveis que vá muito para além da sua própria vontade.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Reunião da Margem Esquerda
Ontem, em Coimbra, decorreu mais uma reunião nacional do clube político "Margem Esquerda", com a presença de membros do clube oriundos dos distritos de Viana do Castelo,Porto, Coimbra, Lisboa e Setúbal.
O objecto principal da reunião foi o de dar continuidade ao processo de elaboração de uma Moção de Orientação Política, para submeter à apreciação do próximo Congresso Nacional do PS.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais
Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC
- Ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais-
-11 de Dezembro - 5ª Sessão -
[na Faculdade de Economia, à tarde ]
[no Teatro Académico Gil Vicente, à noite]
“Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais”.
Mais uma vez recebi do Júlio Mota o texto que a seguir se reproduz:
"Caros Amigos
O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador (com a colaboração dos estudantes do Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia) do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC vem com a presente informar que irá decorrer, a 11 de Dezembro, a quinta sessão do ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais, na Faculdade de Economia, à tarde, e no Teatro Académico Gil Vicente, à noite.
A quinta sessão deste Ciclo enquadra-se na problemática Economia global e mercadorização versus interesses Colectivos e tem como tema central “Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais”. A análise deste tema já era claramente pertinente quando o Ciclo foi programado, há mais de um ano, pois pretendia-se discutir os custos à escala nacional, europeia e mundial dos vectores dominantes do modelo neoliberal, assente na trilogia: privatizar, flexibilizar, desregulamentar. Se era pertinente na altura, muito mais o é agora, face à crise avassaladora gerada no interior do próprio modelo, crise por que passam as economias nacionais, as economias regionais, a economia mundial, e em que, a acreditar no economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, “o pior ainda está para vir”.
Três verbos preencheram o discurso dominante dos nossos políticos e dos nossos decisores durante 30 anos, três verbos de declinação simples determinaram as decisões de política económica destas últimas três décadas. Os mercados tornaram-se globais e desregulamentados, os Estados foram minimizados, desconstruídos, foram “privatizados” como estruturas organizativas e produtivas; os serviços públicos tornaram-se serviços mercantis, os direitos universais passaram a ser entendidos apenas como necessidades económicas, transformaram-nos em bens e serviços mercantis que, portanto, se expressam em lucros ou dividendos, quer se fale do direito à água, do direito à saúde, do direito, em suma, aos bens e serviços básicos. É essa realidade e as suas consequências que são vistas através de um documentário, Tudo está à venda, do cineasta alemão Florian Opitz. Trata-se de um périplo pelo mundo das privatizações até ao limite de tudo o que é produto/e ou serviço público. Fala-se neste filme, dos transportes da Inglaterra que, com a sua privatização, se tornaram os piores da Europa; da privatização dos serviços de saúde nas Filipinas, onde passou a ser o dinheiro o garante do direito à saúde; fala-se da privatização dos serviços de água na Bolívia, onde até a “água da chuva se privatizou”, o que está em consonância com um conselheiro do Banco Mundial, John Briscoe, ao afirmar que a água “deve ser gerida como um produto económico” e não como um direito humano; fala-se da privatização das empresas produtoras e distribuidoras de electricidade na África do Sul. Se a sessão já era pertinente há um ano, agora, na data em que a sessão se realiza, os acontecimentos já ultrapassaram o que o cineasta pretendeu criticar e também tudo aquilo que a equipa organizadora do Ciclo pensou questionar. A crise económica existe, a sua duração é imprevisível, a extensão e a profundidade dos resultados ainda não se conhecem na totalidade. É verdade que já é visível a aceleração do desemprego, o encerramento de empresas ou a redução do seu nível de produção, no entanto, não se vislumbra que o trabalho, ou o trabalhador, seja o elemento de protecção principal a ter em conta. Em vez disto, baixam-se as taxas de juro, aumenta-se a liquidez, os Bancos Centrais devem conduzir as suas taxas de juro centrais para perto de zero, segundo ainda o economista-chefe do FMI e isto sem tocar nas estruturas e funcionamento dos diversos mercados que conduziram a esta situação. Continua a permitir-se, por exemplo, que numa manhã, a família Porsche, na Bolsa de Frankfurt, ganhe qualquer coisa situada entre os 9 e 12 mil milhões de euros, num jogo de força alavancada pelos especuladores, agentes que, curiosamente, continuaram a ser permitidos, apesar de se estar numa economia real embalada fortemente na crise. Mais perto de nós, a um nível muito mais pequeno, relata o jornal Le Parisien que jovens traders, eventualmente corresponsáveis pelo prejuízo de 5 mil milhões de euros na Societé Genérale, foram despedidos com indemnizações de 500 mil euros cada, com uma cláusula no acordo, “à ne pas révéler le contenu du présent accord», ou seja, uma cláusula de silêncio!
Para nos falar dos custos das políticas neoliberais e da crise, teremos connosco e o economista americano Gerald Epstein, do Economics Department and Political Economy Research Institute (PERI), da Universidade de Massachusetts Amherst, dos Estados Unidos da América, João Ferreira do Amaral (ISEG), João Cravinho (BERD), João Sousa Andrade (FEUC). Gerald Epstein fará uma conferência que tem como tema “A crise Financeira Global: A prevenção contra a Grande Depressão e o fim de um ciclo destrutivo” e na mesma linha teremos a conferência de João Ferreira do Amaral que nos vem falar de “A falência das políticas neoliberais”.
O programa detalhado desta sessão é o seguinte:
O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador (com a colaboração dos estudantes do Núcleo de Estudantes de Economia da FEUC e com o apoio da Coordenação do Núcleo de Economia) do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC vem com a presente informar que irá decorrer, a 11 de Dezembro, a quinta sessão do ciclo temático Economia Global, Mercadorização e Interesses Colectivos: Pessoas, Mercadorias, Ambiente e Paraísos Fiscais, na Faculdade de Economia, à tarde, e no Teatro Académico Gil Vicente, à noite.
A quinta sessão deste Ciclo enquadra-se na problemática Economia global e mercadorização versus interesses Colectivos e tem como tema central “Os Custos Sociais das Políticas Neoliberais”. A análise deste tema já era claramente pertinente quando o Ciclo foi programado, há mais de um ano, pois pretendia-se discutir os custos à escala nacional, europeia e mundial dos vectores dominantes do modelo neoliberal, assente na trilogia: privatizar, flexibilizar, desregulamentar. Se era pertinente na altura, muito mais o é agora, face à crise avassaladora gerada no interior do próprio modelo, crise por que passam as economias nacionais, as economias regionais, a economia mundial, e em que, a acreditar no economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, “o pior ainda está para vir”.
Três verbos preencheram o discurso dominante dos nossos políticos e dos nossos decisores durante 30 anos, três verbos de declinação simples determinaram as decisões de política económica destas últimas três décadas. Os mercados tornaram-se globais e desregulamentados, os Estados foram minimizados, desconstruídos, foram “privatizados” como estruturas organizativas e produtivas; os serviços públicos tornaram-se serviços mercantis, os direitos universais passaram a ser entendidos apenas como necessidades económicas, transformaram-nos em bens e serviços mercantis que, portanto, se expressam em lucros ou dividendos, quer se fale do direito à água, do direito à saúde, do direito, em suma, aos bens e serviços básicos. É essa realidade e as suas consequências que são vistas através de um documentário, Tudo está à venda, do cineasta alemão Florian Opitz. Trata-se de um périplo pelo mundo das privatizações até ao limite de tudo o que é produto/e ou serviço público. Fala-se neste filme, dos transportes da Inglaterra que, com a sua privatização, se tornaram os piores da Europa; da privatização dos serviços de saúde nas Filipinas, onde passou a ser o dinheiro o garante do direito à saúde; fala-se da privatização dos serviços de água na Bolívia, onde até a “água da chuva se privatizou”, o que está em consonância com um conselheiro do Banco Mundial, John Briscoe, ao afirmar que a água “deve ser gerida como um produto económico” e não como um direito humano; fala-se da privatização das empresas produtoras e distribuidoras de electricidade na África do Sul. Se a sessão já era pertinente há um ano, agora, na data em que a sessão se realiza, os acontecimentos já ultrapassaram o que o cineasta pretendeu criticar e também tudo aquilo que a equipa organizadora do Ciclo pensou questionar. A crise económica existe, a sua duração é imprevisível, a extensão e a profundidade dos resultados ainda não se conhecem na totalidade. É verdade que já é visível a aceleração do desemprego, o encerramento de empresas ou a redução do seu nível de produção, no entanto, não se vislumbra que o trabalho, ou o trabalhador, seja o elemento de protecção principal a ter em conta. Em vez disto, baixam-se as taxas de juro, aumenta-se a liquidez, os Bancos Centrais devem conduzir as suas taxas de juro centrais para perto de zero, segundo ainda o economista-chefe do FMI e isto sem tocar nas estruturas e funcionamento dos diversos mercados que conduziram a esta situação. Continua a permitir-se, por exemplo, que numa manhã, a família Porsche, na Bolsa de Frankfurt, ganhe qualquer coisa situada entre os 9 e 12 mil milhões de euros, num jogo de força alavancada pelos especuladores, agentes que, curiosamente, continuaram a ser permitidos, apesar de se estar numa economia real embalada fortemente na crise. Mais perto de nós, a um nível muito mais pequeno, relata o jornal Le Parisien que jovens traders, eventualmente corresponsáveis pelo prejuízo de 5 mil milhões de euros na Societé Genérale, foram despedidos com indemnizações de 500 mil euros cada, com uma cláusula no acordo, “à ne pas révéler le contenu du présent accord», ou seja, uma cláusula de silêncio!
Para nos falar dos custos das políticas neoliberais e da crise, teremos connosco e o economista americano Gerald Epstein, do Economics Department and Political Economy Research Institute (PERI), da Universidade de Massachusetts Amherst, dos Estados Unidos da América, João Ferreira do Amaral (ISEG), João Cravinho (BERD), João Sousa Andrade (FEUC). Gerald Epstein fará uma conferência que tem como tema “A crise Financeira Global: A prevenção contra a Grande Depressão e o fim de um ciclo destrutivo” e na mesma linha teremos a conferência de João Ferreira do Amaral que nos vem falar de “A falência das políticas neoliberais”.
O programa detalhado desta sessão é o seguinte:
Local: Sala Keynes da Faculdade de Economia
Conferências:
Gerald Epstein (PERI-Massuchets)
João Ferreira do Amaral (ISEG, Lisboa)
Comentários:
João Sousa Andrade (FEUC)
João Cravinho (BERD, Londres)
Hora: 21:15
Local: Teatro Académico de Gil Vicente
Filme/Documentário:
Tudo está à venda
Florian Opitz
Comentários:
Gerald Epstein
João Cravinho
João Ferreira do Amaral
Moderador:
João Sousa Andrade
Debate
O filme Tudo está à venda, de Florian Opitz, foi premiado nalguns dos mais importantes festivais do filme documentário entre os quais Berlim, Hot Docs no Canadá, Festival du Réel, França, Chicago e muitos outros, em finais de 2006 e 2007.
No Teatro Académico Gil Vicente, será distribuída gratuitamente uma brochura em que, por um lado, se procura explicar a base teórica dos modelos de política económica sob os quais se conduziu a economia global à crise actual e, por outro lado, se procura analisar o resultado dessas políticas, desse modelo, através de análises sectoriais, tomando como referência os exemplos do documentário, ou seja, a saúde, os transportes, a electricidade e a distribuição de água. Com a organização desta brochura e com estas análises sectoriais a Organização do Ciclo pretende dar a sua perspectiva sobre o que se está a passar na nossa economia mundo e nalguns dos seus principais sectores estratégicos.
Informamos que a estrutura de todo o ciclo até agora estabelecido para este novo ano lectivo assim como os textos que neste âmbito irão sendo produzidos estão disponíveis no site http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/index.htm.
Sem outro assunto e certos da vossa atenção, que antecipadamente agradecemos, apresentamos os nossos cumprimentos.
Pela Comissão Organizadora
Júlio Marques Mota
***************************
- ANEXO -
Pequena sinopse do filme Big Sellout
O documentário é profundamente esclarecedor, O filme Tudo está à venda , desafia a ortodoxia económica actual quando mostra que o dogmatismo que esta mostra no estabelecimento de relações económicas internacionais, de acordo com as políticas de desenvolvimento neoliberais, não tem nenhum suporte na ciência económica moderna. Mais importante, demonstra dramaticamente como é que a aplicação destas políticas está a ter consequências desastrosas para milhões de pessoas em todo o globo.
Percorrendo quer países desenvolvidos quer países em vias de desenvolvimento o filme Tudo está à venda põe-nos frente face a face com os arquitectos da ordem económica que reina actualmente no mundo, assim como com as populações que sofrem a violência dos efeitos das suas políticas. A película mostra como as instituições financeiras internacionais tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, exigem cortes draconianos nas despesas públicas, exigem a privatização de serviços públicos e a liberalização dos mercados como sendo a único via para o desenvolvimento económico. Então confrontam-se estas exigências com o estudo de caso reais.
Quando o discurso económico a nível nacional e internacional é assente na eficiência crescente e no crescimento económico o filme Tudo está à venda lembra-nos que há pessoas por detrás das estatísticas. O filme levanta questões sérias sobre o credo neoliberal e para este credo a forma do governo melhor servir o interesse público é transformar-se, ele próprio, em empregado das empresas privadas, é ele próprio ser privatizado. Mas os cidadãos corajosos, como aqueles que se mostram neste filme importante, estão de pé e a exigir uma alternativa ao modelo neo-liberal em curso, um modelo que o filme mostra ser tão vazio quanto insustentável.
- ANEXO -
Pequena sinopse do filme Big Sellout
O documentário é profundamente esclarecedor, O filme Tudo está à venda , desafia a ortodoxia económica actual quando mostra que o dogmatismo que esta mostra no estabelecimento de relações económicas internacionais, de acordo com as políticas de desenvolvimento neoliberais, não tem nenhum suporte na ciência económica moderna. Mais importante, demonstra dramaticamente como é que a aplicação destas políticas está a ter consequências desastrosas para milhões de pessoas em todo o globo.
Percorrendo quer países desenvolvidos quer países em vias de desenvolvimento o filme Tudo está à venda põe-nos frente face a face com os arquitectos da ordem económica que reina actualmente no mundo, assim como com as populações que sofrem a violência dos efeitos das suas políticas. A película mostra como as instituições financeiras internacionais tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, exigem cortes draconianos nas despesas públicas, exigem a privatização de serviços públicos e a liberalização dos mercados como sendo a único via para o desenvolvimento económico. Então confrontam-se estas exigências com o estudo de caso reais.
Quando o discurso económico a nível nacional e internacional é assente na eficiência crescente e no crescimento económico o filme Tudo está à venda lembra-nos que há pessoas por detrás das estatísticas. O filme levanta questões sérias sobre o credo neoliberal e para este credo a forma do governo melhor servir o interesse público é transformar-se, ele próprio, em empregado das empresas privadas, é ele próprio ser privatizado. Mas os cidadãos corajosos, como aqueles que se mostram neste filme importante, estão de pé e a exigir uma alternativa ao modelo neo-liberal em curso, um modelo que o filme mostra ser tão vazio quanto insustentável.
Sobre as Universidades
Vou transcrever um texto sobre a Universidade, que hoje me foi mostrado pelo João Clímaco.
Um grande escritor sul-africano, J.M.Coetzee, Prémio Nobel da Literatura, em 2003, foi quem o escreveu.
Em Portugal, as Universidades públicas têm vindo a ser sufocadas financeiramente, ao mesmo tempo que, possuídos por uma sanha salvífica, alguns reformadores iluminados naufragam lentamente nos problemas que vão criando. Mas com eles naufraga a própria Univerisdade. O texto , por isso, também se lhes aplica. Ei-lo:
Sobre as Universidades
Na época em que a Polónia se encontrava sob o regime comunista, havia dissidentes que davam aulas nocturnas em sua casa, que dirigiam seminários sobre escritores ou filósofos excluídos do cânone oficial (Platão, por exemplo). Não havia dinheiro a passar de umas mãos para outras, embora possa ter havido outras formas de pagamento. Para que o espírito da universidade sobreviva, pode ser preciso que surja qualquer coisa deste género nos países onde o ensino superior foi completamente subordinado aos princípios empresariais. Por outras palavras, a verdadeira universidade pode ter de se transferir para casa das pessoas e conferir licenciaturas cujo único apoio sejam os nomes dos académicos que assinam os certificados”
[J.M.Coetzee, in Diário de Um Mau Ano ]
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Recuperar a identidade ou perder o Norte
Em tempo de Congresso, é bom que a direcção do PS tome consciência de que o próximo Congresso Nacional não deve reduzir-se a uma combinação, mais ou menos habilidosa, de rotinas mediáticas correntes com uma série subtil de almoços privados, mediaticamente explorada.
Para além da poeira da conjuntura que, sem perder o relevo circunstancial a que se não pode fugir, não pode ser tudo, é indispensável dar resposta aos desafios de médio prazo que agora se começam a decidir, bem como tomar-se consciência dos riscos acrescidos de uma deriva de fragmentação da esquerda e de uma mudança de relação de forças no seu interior, que actualmente se correm.
Para aprendermos a valorizar adequadamente os riscos da conjuntura, ajudará certamente o conhecimento do que se vai passando, no campo da esquerda, noutros países. Por isso, resolvi transcrever neste blog um artigo difundifo hoje pelo pelo prestigiado diário francês"Le Monde", da autoria de Patrick Jarreau.
La crise du PS crée un espace sur sa gauche
"Il faut un GPS perfectionné pour trouver son chemin à gauche. Au Parti socialiste, les défenseurs des positions traditionnelles l'ont emporté, autour de Martine Aubry, mais certains pourfendeurs de la "dérive libéral" qui a affecté ce parti, selon eux, au cours des dernières années, ont quand même préféré le quitter. Ils devraient s'allier avec les communistes aux élections européennes de juin 2009. Pendant ce temps, les trotskistes de la Ligue communiste révolutionnaire travaillent au lancement de leur nouveau parti, tandis que les Verts appuient un rassemblement des écologistes de tous bords.
La vérité est que la gauche est déboussolée par la crise dans laquelle sont entrées les économies occidentales et par les réponses que lui apportent des gouvernements de droite. Nicolas Sarkozy entreprend de relancer l'activité par la dépense publique sans trop se soucier des critères européens. Ses adversaires lui reprochent de ne pas aider davantage les ménages, mais, pour l'essentiel, cet investissement de l'Etat dans l'économie, après son engagement auprès des banques, leur rend difficile d'emboucher les trompettes de l'anti-libéralisme.
C'est pourtant sur ce terrain que la concurrence s'aiguise à gauche. L'idée de base est que la crise financière et, maintenant, la crise économique consacrent la faillite du système qui s'est développé dans les années 1980 et 1990. Le moment est propice pour réveiller une critique qui était moins convaincante quand la croissance tirait l'emploi et le pouvoir d'achat, même si cette prospérité relative se payait de délocalisations et de précarisation.
Comme le PS cherche toujours un compromis entre le réalisme économique et le progrès social, les concessions qu'il a faites à l'économie de marché sont retenues contre lui sur sa gauche, où on lui reproche d'être trop conciliant avec le capitalisme. Au centre, il est accusé de chercher à ménager les électeurs de l'extrême gauche, qui lui ont fait perdre la présidentielle de 2002 et dont il a besoin pour gagner en 2012. Pour résumer, Olivier Besancenot et François Bayrou n'ont pas grand-chose en commun, sinon de vouloir tous les deux "plumer la volaille socialiste", selon la vieille expression communiste.
Ils ne sont pas les seuls. Jean-Luc Mélenchon, sénateur de l'Essonne, et Marc Dolez, député du Nord, ont claqué la porte du PS pour créer une nouvelle formation, le Parti de gauche (PG), dont le congrès fondateur est fixé à février 2009. En 2005, le sénateur Mélenchon avait fait campagne pour le non au référendum sur le traité constitutionnel européen. Il espérait devenir ainsi le candidat de la "gauche de la gauche" à la présidentielle de 2007, mais il n'avait pas réussi à convaincre ses partenaires communistes, trotskistes ou altermondialistes de le suivre. Aujourd'hui, il veut les rassembler sur des listes communes aux élections européennes.
Les seuls à envisager un accord avec le PG sont les communistes. Marie-George Buffet s'est prononcée pour un "front commun" avec l'élu de l'Essonne qui, depuis qu'il est sorti du PS, s'est inscrit au groupe communiste, républicain et citoyen du Sénat. Pour la secrétaire nationale du PCF (1,93% à l'élection présidentielle), tout élargissement de ses listes aux élections européennes est le bienvenu. Mais elle a déjà fort à faire avec son propre parti, dont le 34e congrès s'ouvre, jeudi, à la Défense (Hauts-de-Seine). Alors que la députée de Seine-Saint-Denis veut mettre en place une direction collégiale au sein de laquelle Pierre Laurent, ancien rédacteur en chef de L'Humanité, se préparerait à lui succéder, Robert Hue, ancien dirigeant du PCF, s'oppose à elle, et Jean-Claude Gayssot, son ancien collègue du gouvernement Jospin, l'accuse de faire la chasse aux opposants.
La Ligue communiste révolutionnaire, revendiquant 10 000 adhérents pour le Nouveau Parti anticapitaliste (NPA) qui sera fondé en janvier, a refusé la main tendue par Jean-luc Mélenchon. Olivier Besancenot se prépare à diriger sa propre campagne aux européennes. Quant aux écologistes et aux altermondialistes, ils ont décidé de se réunir derrière Daniel Cohn-Bendit, José Bové, l'ancienne juge d'instruction Eva Joly et un proche de Nicolas Hulot, Jean-Paul Besset. Même des écologistes adeptes du "ni gauche, ni droite", comme Antoine Waechter, soutiennent ce regroupement. L'affaiblissement du PS libère les initiatives, engagées les unes au nom de la "vraie" gauche, les autres au nom de l'écologie. "
"Il faut un GPS perfectionné pour trouver son chemin à gauche. Au Parti socialiste, les défenseurs des positions traditionnelles l'ont emporté, autour de Martine Aubry, mais certains pourfendeurs de la "dérive libéral" qui a affecté ce parti, selon eux, au cours des dernières années, ont quand même préféré le quitter. Ils devraient s'allier avec les communistes aux élections européennes de juin 2009. Pendant ce temps, les trotskistes de la Ligue communiste révolutionnaire travaillent au lancement de leur nouveau parti, tandis que les Verts appuient un rassemblement des écologistes de tous bords.
La vérité est que la gauche est déboussolée par la crise dans laquelle sont entrées les économies occidentales et par les réponses que lui apportent des gouvernements de droite. Nicolas Sarkozy entreprend de relancer l'activité par la dépense publique sans trop se soucier des critères européens. Ses adversaires lui reprochent de ne pas aider davantage les ménages, mais, pour l'essentiel, cet investissement de l'Etat dans l'économie, après son engagement auprès des banques, leur rend difficile d'emboucher les trompettes de l'anti-libéralisme.
C'est pourtant sur ce terrain que la concurrence s'aiguise à gauche. L'idée de base est que la crise financière et, maintenant, la crise économique consacrent la faillite du système qui s'est développé dans les années 1980 et 1990. Le moment est propice pour réveiller une critique qui était moins convaincante quand la croissance tirait l'emploi et le pouvoir d'achat, même si cette prospérité relative se payait de délocalisations et de précarisation.
Comme le PS cherche toujours un compromis entre le réalisme économique et le progrès social, les concessions qu'il a faites à l'économie de marché sont retenues contre lui sur sa gauche, où on lui reproche d'être trop conciliant avec le capitalisme. Au centre, il est accusé de chercher à ménager les électeurs de l'extrême gauche, qui lui ont fait perdre la présidentielle de 2002 et dont il a besoin pour gagner en 2012. Pour résumer, Olivier Besancenot et François Bayrou n'ont pas grand-chose en commun, sinon de vouloir tous les deux "plumer la volaille socialiste", selon la vieille expression communiste.
Ils ne sont pas les seuls. Jean-Luc Mélenchon, sénateur de l'Essonne, et Marc Dolez, député du Nord, ont claqué la porte du PS pour créer une nouvelle formation, le Parti de gauche (PG), dont le congrès fondateur est fixé à février 2009. En 2005, le sénateur Mélenchon avait fait campagne pour le non au référendum sur le traité constitutionnel européen. Il espérait devenir ainsi le candidat de la "gauche de la gauche" à la présidentielle de 2007, mais il n'avait pas réussi à convaincre ses partenaires communistes, trotskistes ou altermondialistes de le suivre. Aujourd'hui, il veut les rassembler sur des listes communes aux élections européennes.
Les seuls à envisager un accord avec le PG sont les communistes. Marie-George Buffet s'est prononcée pour un "front commun" avec l'élu de l'Essonne qui, depuis qu'il est sorti du PS, s'est inscrit au groupe communiste, républicain et citoyen du Sénat. Pour la secrétaire nationale du PCF (1,93% à l'élection présidentielle), tout élargissement de ses listes aux élections européennes est le bienvenu. Mais elle a déjà fort à faire avec son propre parti, dont le 34e congrès s'ouvre, jeudi, à la Défense (Hauts-de-Seine). Alors que la députée de Seine-Saint-Denis veut mettre en place une direction collégiale au sein de laquelle Pierre Laurent, ancien rédacteur en chef de L'Humanité, se préparerait à lui succéder, Robert Hue, ancien dirigeant du PCF, s'oppose à elle, et Jean-Claude Gayssot, son ancien collègue du gouvernement Jospin, l'accuse de faire la chasse aux opposants.
La Ligue communiste révolutionnaire, revendiquant 10 000 adhérents pour le Nouveau Parti anticapitaliste (NPA) qui sera fondé en janvier, a refusé la main tendue par Jean-luc Mélenchon. Olivier Besancenot se prépare à diriger sa propre campagne aux européennes. Quant aux écologistes et aux altermondialistes, ils ont décidé de se réunir derrière Daniel Cohn-Bendit, José Bové, l'ancienne juge d'instruction Eva Joly et un proche de Nicolas Hulot, Jean-Paul Besset. Même des écologistes adeptes du "ni gauche, ni droite", comme Antoine Waechter, soutiennent ce regroupement. L'affaiblissement du PS libère les initiatives, engagées les unes au nom de la "vraie" gauche, les autres au nom de l'écologie. "
[Patrick Jarreau]
domingo, 7 de dezembro de 2008
Pensar a esquerda
Apenas ontem consegui encontrar o livro do Celso Cruzeiro. Ainda só li as primeiras páginas. Uma opinião há-de vir depois de o ler, com atenção.
Falou-me uma ou duas vezes no seu empreendimento. Empreendimento ambicioso. Mas, tal como então percebi e agora pude confirmar, passando os olhos pela temática do livro, pelo seu índice, por uma ou outra página com a brevidade de uma leitura em diagonal, a sua ambição era a de querer compreender, esperanças e fracassos. É essa uma das poucas ambições virtuosas.
Pelo que vi do livro, num primeiro relance, vou discordar de algumas coisas, vou concordar com outras; em ambos os casos, vou aprender com a leitura que já comecei.
Um percurso como o deste livro merece que quem o faz seja felicitado. Mas relativamente a um pequeno punhado de amigos, com os quais partilhámos os tempos luminosos de algumas lutas juvenis, antes de sentirmos o imperativo de os felicitar, não conseguimos deixar de sentir uma enorme alegria por aquilo que vão conseguindo conquistar. É com esse duplo sentimento que encaro esta chegada a bom porto da virtuosa ambição do Celso Cruzeiro.
Falou-me uma ou duas vezes no seu empreendimento. Empreendimento ambicioso. Mas, tal como então percebi e agora pude confirmar, passando os olhos pela temática do livro, pelo seu índice, por uma ou outra página com a brevidade de uma leitura em diagonal, a sua ambição era a de querer compreender, esperanças e fracassos. É essa uma das poucas ambições virtuosas.
Pelo que vi do livro, num primeiro relance, vou discordar de algumas coisas, vou concordar com outras; em ambos os casos, vou aprender com a leitura que já comecei.
Um percurso como o deste livro merece que quem o faz seja felicitado. Mas relativamente a um pequeno punhado de amigos, com os quais partilhámos os tempos luminosos de algumas lutas juvenis, antes de sentirmos o imperativo de os felicitar, não conseguimos deixar de sentir uma enorme alegria por aquilo que vão conseguindo conquistar. É com esse duplo sentimento que encaro esta chegada a bom porto da virtuosa ambição do Celso Cruzeiro.
sábado, 6 de dezembro de 2008
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Pixordices 21 - Bombeiro incendiário ?
Escreveu-se o seguinte no DN de hoje:
"O porta-voz do partido, Vitalino Canas, rejeitou alianças com o PSD, PCP e BE nas legislativas. Já um acordo com o partido de Portas não foi considerado inviável."
Se de facto VC disse isto, revelou uma grande irresponsabilidade. Aliás, se o PS é dos seus militantes talvez fosse bom perguntar-lhes primeiro o que querem, antes de serem trazidas para a praça pública as preferências íntimas deste ou daquele dirigente.
Ou será que VC acha que interessa ao PS uma cisão nas suas fileiras, tendo resolvido deitar gasolina na fogueira que já está publicamente acesa?
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