Saudação a Nelson
Mandela
Primeiro ser leão
na desregrada cólera
e um enorme irmão dos oprimidos
ser a águia
que inventa a liberdade
no seu imenso voo
ser o braço
do povo que resiste
inteiro e limpo
ser a ideia
vinda do futuro
sempre em riste
na prisão
olhar o que há-de vir
como se fosse já a sua vida
e quando o povo
sinta os seus grilhões
numa dor infinita
ser a brisa de esperança
que não passa
Depois subir a pulso
o rio da história
como se fosse o coração do povo
e ser então o rosto que faltava
da África da esperança
para que o mundo possa descobrir-se
sem limites
Por fim a paz
inofensiva pomba
sem humilhados
só então a paz
quando o vento da cólera
mais justa
rugiu como leão
e nas asas da águia descobriu
um pouco mais de luz
só então a paz
quando a porta fechada
foi aberta
e há caminhos mais justos por abrir
O tempo continua
imenso e sujo
parecendo recusar-se a prosseguir
mas à orquestra dos povos
aportou um novo violino
a cólera mais justa vai ouvir-se
e os braços do destino vão abrir-se
colhendo a liberdade
[ Rui Namorado ]
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