O vento sopra rijamente como se quisesse arrancar-nos.
Só os sonhos parecem reais, ligando-nos ao futuro.
Essa palavra quotidiana e solene que parece escapar-nos,
Embora seja a nossa mais íntima raiz.
Os pesados rinocerontes de uma razão perdida
Sonham com a nossa melancolia,
Com este violino de amargura atravessado na garganta,
Com este soluço de medo que nos quer prisioneiros.
Dirigem-se para oriente como se soubessem para onde vão,
Mas de fato dão já os passos dispersos que anunciam
naufrágios.
Uma noite de veludo deposita-se profundamente nas nossas
mãos,
Como se fosse adormecê-las para sempre.
Por isso o nosso voo parece interrompido,
Como se as asas do tempo lhe faltassem.
Alguém tapa apressadamente o horizonte com um muro de cinza,
Para nos dar a ilusão de que o perdemos.
Esqueletos sombrios entram em nossas casas,
Anunciando rigorosamente a desgraça.
O sol põe-se como se apodrecesse
E cada manhã nasce cansada.
Deveremos apenas abrir alas, enquanto o rinoceronte passa
sobre nós?
Deveremos deixar as asas nas prateleiras do medo, tolhidas e
quietas?
Deveremos consentir no Outono das revoltas, respirando amargura?
Deveremos fugir no barco das palavras que renunciam ao
poema?
Este é um tempo de todas as perguntas,
Para que as flores do sonho e da cólera possam responder.
[ Rui Namorado]
5 comentários:
Caro Rui Namorado
Poucas vezes comento Poesia.
Sou vim à caixa de comentários para lhe pedir autorização para publicar num grupo do facebbok exte excelente poema.
Abraço
Rodrigo
Caro Rodrigo:
Agradeço o seu comentário e dou-lhe a autorização que amavelmente me pede.
Apenas gostaria que depois me dissesse em que grupo o publicou.
Cordiais saudações do
Rui Namorado
entao palhaço disseram-me que dp de andares a dizer mal do Nobre querias aderir ao MIL
não tens vergonha nao é, és um verme xuxa
Vi agora o comentário insultuoso de um corajoso anónimo. Pelo estilo, não me admirava nada que na sua juventude tivesse sido agente da PIDE. Essa canzoada que se esconde debaixo da mesa para ladrar só desqualifica as posições que sugere serem do seu agrado. Não lhe apago o comentário pelo que ele tem de revelador. Enfim, zoologias...
Não me enganei: um cãozito pidesco tentou subir de tom no insulto, mostrando-se melhor em toda a extensão da sua pequena estatura moral.
E um insulto é o que há de mais fácil. Por exemplo, eu poderia responder: " Paneleiro é aquele que tu julgas que é teu pai". Mas não respondo. Deixemos a canzoada a continuar a ladrar anonimamente á lua. Está no seu papel...
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