Este governo, politicamente, é um pigmeu que executa os rituais mais básicos da vulgata neoliberal como quem segue os ditames sagrados de uma religião imaginária. Na Europa, continua a servir as bicas aos patrões, embora seja tratado com a bonomia de quem partilha com eles o garrote que assombra o velho continente: o partido popular europeu.
Mas hoje excedeu-se, anunciando uma provocação grosseira: decidiu acabar com os feriados do 5 de outubro e do 1º de dezembro. Não é tempo de desmascarar em detalhe a ideologia retrógrada que preside a toda a lenga-lenga em torno dos feriados, que no fundo apenas esconde uma aposta cínica na humilhação simbólica dos trabalhadores, dos republicanos e dos portugueses que gostam de não ser espanhóis.
As provocações grosseiras não pedem argumentos que as contrariem. Às provocações grosseiras responde-se sem ambiguidades e com verticalidade. Por isso, o PS tem que dar uma resposta à altura: sem blas-blas, sem hesitações, sem meias palavras. Ao abuso de maioria que a direita está a pôr em prática, só se pode responder na mesma moeda. A sobranceria não pode ser recompensada.
Por isso, se a direita levar até ao fim a provocação ensaiada, ao Partido Socialista só resta um caminho: declarar, desde já, solenemente, que logo que a direita perca a maioria na Assembleia da República, ocorra isso quando ocorrer, o PS proporá a restauração dos feriados do 5 de outubro e do 1º de dezembro.
Ou isso, ou um calvário de tergiversações, no decorrer do qual em cada dia a credibilidade do PS se arrisca a ir esmorecendo, mais e mais, até se reduzir a uma vaga sombra daquilo para que foi criado. Não nos deixaram uma terceira opção.
Talvez por isso, eu tive um sonho: desta vez o PS dá um murro na mesa!
6 comentários:
Lindo sonho !
Interessante porque é realizável!
Mas ainda é possível juntar mais ingredientes a esse sonho que o Povo tanto anseia: a verdade, actores dignos sérios e servidores da coisa pública, um plano que permita dar perspectivas de felicidade ao povo a quem têm juntado pobres sobre pobres, diminuir a despesa pública em esbanjamento de frotas de automóveis, em estudos e mais estudos milionários,proibir reformas acumuladas até um determinado limite, proibir que reformados até um determinado plafond exerçam trabalho remunerado, proibir gastos sumptuários como os que foram feitos na Assembleia da Republica, diminuir o nº. de deputados, reduzir Institutos, obrigar a que todos os Investimentos Públicos sejam objecto de estudo de rentabilidade, viabilizar leis que respnsabilizem todos os políticos pela decisões tomadas pelo governo e autarquias.
Esse é um exemplo pequeno do que o PS pode e deve apresentar aos portugueses com verdade, por que é exequível.
O PS tem que mostrar que servirá o Povo sem complexos, nem arrogâncias, nem sujeito a "polvos" instalados.
O PS tem que reconhecer erros e mostrar que é constituído por portugueses sérios e capazes.
O PS tem gente competente e honesta capaz de implementar um projecto de regeneração da democracia, da política no ineteresse dos portugueses.
Como disse Camões "falta realizar Portugal". Até quando? Somos capazes!
É uma provocação a todos os portugueses.
São as nossas datas fundadoras:da independência e da restauração da independência,para lá da Proclamação da República.
Mas a esta "tropa" do Poder,a independência já nada diz.
o PS está em POLVOROSA e dividido...
(em O JUMENTO, via http://Luminaria.blogs.sapo.pt / Propor a Restauração ...)
-------José Cabral :
99% CERTO... 1% ENGANADO...
Estou de acordo com 99% deste texto do Jumento.
Mas há um "engano" no 1% restante:
"... já que os militantes parecem aceitar as suas posições ...".
Não é verdade que os militantes aceitem a atitude "frouxa" de Seguro e muito menos a sua política comprometida com a da direita.
O PS está em POLVOROSA, há um debate (não muito interno) forte e vigoroso onde se trava uma luta de ideias com argumentos, com propostas, com críticas e com alguns insultos à mistura.
Há muitas posições ainda... e aparecem os "seguristas" dos 7 costados com grande parte do aparelho a apoiá-los, alguns apoiantes de Assis, e muitos mas
mesmo muitos militantes que nas eleições internas ou se ABSTIVERAM por não reconhecerem qualidade em nenhum dos candidatos, ou APOIARAM o Seguro e agora se sentem TRAÍDOS (estes últimos estão muio REVOLTADOS ).
Mas começam a cristalizar-se duas facções principais:
a do Seguro e seus apoiantes (alguns tipicamente à espera de fazerem carreira política) por um lado,
e a daqueles que querem um PS de ESQUERDA, forte na oposição à direita e ao seu governo
e que acham que é preciso construir uma alternativa já e não dar 4 anos à DIREITA para DESTRUIR o país.
Nada está decidido ainda... é uma luta fortíssima a que se está a travar no PS.
Os "seguristas" têm a vantagem de ter grande parte do APARELHO e de terem um líder claro (António José Seguro).
Os militantes que querem dar uma VASSOURADA no partido e posicioná-lo à esquerda e na oposição sem qualquer margem para dúvidas têm também duas vantagens
- a do número (são mesmo muitos) e a da força das suas ideias (que está a mobilizar cada vezmais).
Mas têm uma desvantagem:
ainda não surgiu ninguém capaz de os liderar.
Vai ser duro até porque de uma coisa podem estar certos:
o Seguro pode não fazer nada na oposição (e não faz) mas é muitíssimo activo a querer manter-se no poder no PS a todo o custo!
Os sonhos que tive ao longo do processo Ditaturial, de 1926 até 1974..?
Os sonhos que tive depois da Revolução dos Cravos..?
Tive muitos sonhos!
Hoje só tenho pesadelos horrendos!
Estava embarcado numa Fragata em Luanda no processo de transição, quando o entãp Presidente da Republica,Marechal Costa Gomes, falava na ONU...Bonito! Um português a falar no maior areopago do mundo! Que belo!
Nessa altura sonhava com a unidade da esquerda...
Como militar propunha, também eu, a aliança Povo/MFA!
Era sonho?
Era Utopia?
Os governos do PS vieram.
Os governos do PSD vieram também.
Ninguém pode negar os factos!
Não produzimos.
Não trabalhamos.
Nem mesmos os partidos da oposição, aqueles que depois da Constituição nunca mais o povo votou neles para o poder, também esses sao culpados, ou simplesmente se deixaram levar?
Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, perguntaram-me qual o governo que gostaria de ter, e eu respondi, Um governo PS+PC+CDE.
Para um regime antifascista e nacional.
Isto era um sonho...execuível
há época.
Penso continuamente na possibilidade de o ser ainda hoje!
Pelo menos quero acabar os meus dias a sonhar assim!
Veja-se a UGT- a CGTP mais os «galifões» e os direitinhas a sorrirem...tentando que o povo activo emigre lá para os confundós.
Com os merecidos respeitos do Adelino Silva
estão a tirar a identidade de um pais, são dois feriados que marcaram datas históricas e que devem ser assinalados por todos os portugueses.
Mas como o povo é sereno vai aceitar de mão beijada o que estes rapazoles politicos nos querem fazer, aliás desta vez esqueceram-se de fazer um referendo, pois seria o povo a decidir se queria ou não prescindir dos feriados em causa, aliás tinham tantas escolhas, mas preferiram apagar da história o que fez realmente história no pais.
Caro Rui
Acompanho-te no murro para ter mais força, mas esse murro terá de ser dado pelos que no PS defendem os valores de esquerda - que não são assim tantos José Cabral!
Como julgo que sabes, Rui, não apoiei o Assis nem o Seguro, este por ser claramente de direita e por nunca ter feito nada na vida a não ser viver à custa do PS, o Assis por demasiado comprometido com a acção desastrosa de Sócrates.
Poderás perguntar por que razão me mantenho militante do PS e eu não saberei responder, talvez por querer acreditar que ainda haverá entre nós capacidade para fazer do PS um partido de esquerda.
Comecemos pelo murro na mesa.
Abraço solidário do
António
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