Os senhores comentadores mais atentos informaram, com a inteligência que se lhes reconhece, que alguns Hospitais - Empresas deram prejuízo, embora não tenham deixado de acender uma tímida luz de esperança, ao informarem que um pequeno número trilha já a senda do lucro.
Algo preocupado um Senhor Administrador Hospitalar, por mais contas que faça,só vê que se possa poupar mais alguma coisinha, mandando os médicos para o mais fundo da província. Os médicos realistas não estão de acordo. Efectivamente, para quê desperdiçar médicos onde não há doentes que possam rentabilizar a sua presença?
Aliás, um deles afirmou peremptoriamente que o grande mal da saúde em Portugal são os administradores hospitalares, uma vez que ainda não têm como absolutamente certa a diferença entre um hospital e uma fábrica de cortiça. Os enfermeiros, pelo seu lado, estão justamente ofendidos por não lhes terem dado a importância suficiente para os acusarem de alguma coisa. Os outros técnicos de saúde não têm ainda a força suficiente para se sentirem ofendidos.
Quanto aos doentes, o excesso de parcialidade com que encaram a respectiva saúde, a paixão que põem na vontade de deixarem de estar doentes,não permite considerá-los como interlocutores cientificamente relevantes.
Atento ao risco de confusão, o Sr. Ministro da Saúde mandou, em tempo, elaborar um rigoroso estudo a uma credenciada multinacional, cujo índice de objectividade está bem patente no facto de os seus especialistas mais reputados ignorarem tudo sobre os cuidados de saúde em Portugal. Talvez por isso mesmo, nas altas esferas do Ministério espera-se deles a revelação luminosa de uma equação que definitivamente indique com objectividade a duração aceitável de uma doença em Portugal.
Aliás, sabe-se já que, em relatório preliminar, fazendo jus a esse saudável distanciamento,um destacado consultor da empresa americana "Sun and Money" apresentou três possíveis soluções ao Sr. Ministro:
1º Curar os doentes com mais celeridade, fazendo pagar uma taxa moderadora de importância crescente a todos os que se não curem num máximo de três dias úteis;
2º Eutanasiar os portadores de doença, cuja gravidade seja susceptível de implicar um investimento excessivamente prolongado para a sua cura;
3º Externalizar para a esfera de acção das bruxas e dos curandeiros as maleitas mais persistentes. A terceira hipótese tem a grande vantagem de o Estado não comparticipar nesse tipo de despesas, que aliás, nem são dedutíveis no IRS.
Os serviços competentes já asseguraram ao Sr. Ministro que todas as equações utilizadas estavam matematicamente impecáveis.
O Sr. Ministro está a reflectir sem preconceitos em tão científico artefacto, pois, como sabemos, não há modernidade que lhe escape.
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
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1 comentário:
Bem aparecido RN!
Vou passar a ser um visitante mais atento,assim que terminar este períoddo de férias.
Até lá...
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