segunda-feira, 22 de julho de 2024

MELANCOLIA EM ABRIL ?

 

Melancolia em Abril ?

Descobri por acaso no YOUTUBE uma excedente musicalização de um dos poemas que escrevi para homenagear os 50 anos da nossa revolução democrática  de Abril e que publiquei pela primeira vez em Abril passado neste mesmo blog [ O Grande Zoo] . Só tenho que me regozijar e agradecer.

Mas a minha dificuldade de navegação pelos labirintos internéticos abriu a porta a algumas perplexidades que, se de facto se justificarem, ficarão desfeitas se dermos como assente  que o poema musicalizado só foi publicado pela primeira vez em Abril passado. 

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 " Melancolia em ABRIL ?"

Eduardo Almeida, Fernando Marques Ensemble a Orquestra da TAUC interpretam, em estreia, «Melancolia em Abril?», música de Fernando Marques e João Ferreira, letra de Rui Namorado, com arranjo de Filipe Raposo.




quinta-feira, 25 de abril de 2024

 

Homenagem ao 25 de Abril

                 - cinquenta anos depois

 

1. Melancolia em Abril

 

As flores de Abril

já são conchas de pedra debruçadas no tempo,

violinos cansados pelos dedos antigos,

ou alarmes caindo  pelas escarpas do medo.

 

Mas os olhos em riste que desejam futuros

continuam escavando  sem os braços caídos.

 

Não deixemos que Abril seja folha caída

que o cortejo dos meses vai deixando para trás.

 

Não deixemos que Abril seja o tempo que passa

de si próprio perdido por não querer regressar.

 

Não deixemos que esqueça sua própria guitarra,

nem que fuja das ruas,

nem que seja saudade.

 

2. A liberdade guiando o povo

 

Acenderam-se os cravos neste dia

numa festa de luz e alegria

e a liberdade saiu guiando o povo

pelos largos caminhos do futuro.

 

A Lisboa chegaram naus de esperança

vindas do sul do deslumbramento

e palavras de poetas foram ditas

em sonetos de audácia e movimento.

 

Cravos vermelhos nos jardina de Abril,

Capitães pela Pátria e liberdade,

cravos de sangue, cravos de combate,

flores do povo na eternidade.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Memória de um dia limpo – 17 de Abril de 1969

 

Memória de um dia limpo – 17 de Abril de 1969

 

A sombra  do olvido não murchou

a glória sempre  aberta dessa dia.

 

A  saudade inventa o que é mais novo

na sombra da memória que sonhámos.

 

Foram  homens  de negro a desabar

no coração de espanto desse dia.

 

E um cerco de ferro foi lançado

num garrote de medo e crispação.

 

Os soldados da noite enegreceram

a sombra das palavras por dizer.

 

Mas houve uma palavra incendiada

dizendo-se na própria liberdade.

 

 e o sórdido milhafre ficou mudo

fechado em sua enorme solidão.

 

Um quadrado de raiva fez-se vento

e  os muros começaram a cair.

                                                           (17 de Abril de 2024)

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Um teimoso aleijão?

 Escrevi no meu FB em julho de 2019:

Num Estado de direito, respeitá-lo é um dever dos cidadãos que, em última análise, também os protege. Mas todo o edifício democrático se desmoronará, se antes de todos os juízes e os magistrados do Ministério Público não o respeitarem também escrupulosamente, em todas as circunstâncias. E que ninguém esqueça que a Constituição é a única fonte da legitimidade e do poder dos Tribunais que por força dela aplicam a justiça em nome do povo, por sua delegação; mas nunca em nome das corporações profissionais que os integram ou em sua representação.

Ou julgarão os integrantes das duas magistraturas que o simples ruminar lento dos manuais jurídicos, ao longo de um punhado de anos, os tornará santos e infalíveis, dispensando-os de qualquer controle ou escrutínio por parte de quem seja direta ou indiretamente escolhido por votos populares?

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Uma Memória de Artur Jorge

 Uma Memória de Artur Jorge


Em Julho de 1968, em Coimbra no terraço da República dos Pyn-guyns, minha festa de formatura em Direito.  Na mesa ao lado de Joaquim Namorado, Artur Jorge [ Ninho dos Matulões] bebe; a seu lado, a "sua" Florinda pensa. Com o Rui Martins[ Trunfé-Kopos] a separá-lo de Joaquim Namorado , Alberto Martins [ Pyn-Guyns ] não deixa que lhe vejamos a cara. Em pé, ao fundo, acendendo o seu cigarro , meu pai António Namorado observa.

Nesta casa , lugar icónico da crise académica do ano seguinte, muito se congeminou. Menos de dois meses depois dessa festa, numa reunião numa sala próxima, foi onde se pensou e decidiu a nova estratégia da luta estudantil, coluna vertebral da crise que eclodiu em 17 de Abril do ano seguinte. E o Abril da "malta", com as capas negras do sonho rodeando-nos, soube chamar por um outro Abril , imenso e sem margens, inventor de futuros, que chegaria em 1974 pela sagrada mão da liberdade que soube guiar como sempre o povo. O tempo dos abutres esmoreceu. A festa nunca mais será cercada.
Tudo isso estava já escrito nessa festa . Mas nós ainda não sabíamos.
  

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

LULA, OS CANICHES E O MUNDO

LULA, OS CANICHES E O MUNDO

 No quadro da reunião do G20, que ocorreu no Brasil, o Presidente  Lula teve reuniões bilaterais com o  Secretário de Estado dos USA, A. Blinken, e com o Ministro dos Estrangeiros da Federação Russa, S. Lavrov. Ambos se referiram muito elogiosamente ao Presidente brasileiro e destacaram a importância política do Brasil, manifestando grande interesse em estreitar relações com este país.

Alguns pequenos caniches políticos e comunicacionais continuaram , ainda que com embraço crescente, a morder toscamente nas canelas do dirigente político brasileiro. Para esses grandes especialistas em banalidades internacionais o Mundo continua a ser um lugar estranho.


segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Votos de um Bom Ano de 2024!

 


Votos de um Bom Ano de 2024!

Aqui vai este meu poema com os votos de um Bom Ano Novo, com um abraço de amizade

Acompanha-o uma evocação do tempo de Dali. 

Retribuo  também deste modo os votos de Boas Festas que recebi.

Rui Namorado

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Bom ano de 2024


Em modo subtil o tempo passa,

orvalho de tristezas e desastres,

incêndio de ousadias e audácias,

futuro desmedido, nunca exato.

 

Há um perfume novo a rodear-nos,

colhendo-nos  em todos os caminhos.

 

Nas ruas que nos levam pelo sonho

acendem-se jardins de encantamento.

Flor de movimento rumo à esperança,

a pérola do tempo desabrocha.

                              [Rui Namorado]