domingo, 25 de fevereiro de 2024

Uma Memória de Artur Jorge

 Uma Memória de Artur Jorge


Em Julho de 1968, em Coimbra no terraço da República dos Pyn-guyns, minha festa de formatura em Direito.  Na mesa ao lado de Joaquim Namorado, Artur Jorge [ Ninho dos Matulões] bebe; a seu lado, a "sua" Florinda pensa. Com o Rui Martins[ Trunfé-Kopos] a separá-lo de Joaquim Namorado , Alberto Martins [ Pyn-Guyns ] não deixa que lhe vejamos a cara. Em pé, ao fundo, acendendo o seu cigarro , meu pai António Namorado observa.

Nesta casa , lugar icónico da crise académica do ano seguinte, muito se congeminou. Menos de dois meses depois dessa festa, numa reunião numa sala próxima, foi onde se pensou e decidiu a nova estratégia da luta estudantil, coluna vertebral da crise que eclodiu em 17 de Abril do ano seguinte. E o Abril da "malta", com as capas negras do sonho rodeando-nos, soube chamar por um outro Abril , imenso e sem margens, inventor de futuros, que chegaria em 1974 pela sagrada mão da liberdade que soube guiar como sempre o povo. O tempo dos abutres esmoreceu. A festa nunca mais será cercada.
Tudo isso estava já escrito nessa festa . Mas nós ainda não sabíamos.
  

1 comentário:

Joreels disse...

Great post! I liked your approach to the topic. Excited to read more from you.