segunda-feira, 14 de maio de 2018

Pela ópera se conhecem as gargantas!





Passemos por cima da questão de saber o que quer dizer o irrequieto Mendes, quando fala em pessoas que estão "a abandonar Sócrates". Concentremo-nos na parte da sua afirmação que assegura que elas o fazem por “calculismo” e não “por convicção”.

O  irrequieto Mendes formula desse modo um juízo valorativo sobre as raízes subjetivas desse “abandono”, garantindo que a “maior parte”, embora finja fazê-lo por “convicção”, realmente é movida por simples “calculismo”. Ou seja , a maior parte dos abandonadores são afinal meros hipócritas. Faz assim um juízo negativo de carácter

Conforme pode ter visto quem ouviu o programa, ele estava a referir-se  a quem no PS tomou posições públicas críticas em face dos comportamentos imputados a Sócrates, se eles se vierem a comprovar judicialmente.

Em que dados se poderá basear o irrequieto Mendes para ter proferido uma tal afirmação? Exaustivo inquérito aos abandonadores, amostragem estatística comprovada, confidências de agentes de uma qualquer polícia secreta ? Garantindo o bem informado comentador que, estando em causa uma maioria de hipócritas nem todos o são, pergunta-se  qual a percentagem maioritária em que ele  está a pensar? Cinquenta e um por cento de hipócritas ou noventa e nove? Isso ele não diz. Como aliás  não indica um único nome quer de convictos  quer  de calculistas. Mendes limita-se a insultar impessoalmente e a absolver também  impessoalmente.

As perguntas feitas são,  naturalmente, retóricas. É óbvio que o comentador Mendes se limitou a bolsar um palpite insultuosos contra  alguns membros do PS que não identificou, a partir de uma  mera convicção subjetiva, por mera impressão pessoal, sem se preocupar com qualquer deontologia comunicacional ou com a simples decência.

A sua pesporrência, no entanto, impediu-o de se aperceber que os termos e o conteúdo do que nesse aspeto disse, evidenciavam, por si sós, que não estávamos perante a expressão de uma verdade apurada, mas perante  uma simples  imputação arbitrária,  leviana, inverificável,  gratuita e insultuosa.

Essa figura,  a quem dão tempo de antena ao domingo em horário nobre numa estação televisiva, mostrou bem o que é : um propagandista  encapotado do PSD com atuação semanal  numa estação televisiva. 

Mas neste caso, muito para além dessa circunstância político-partidária, há que encarar o  detalhe marginal de que aqui falamos  como indício ou sintoma da parcialidade intelectualmente desonesta deste senhor. Para este irrequieto senhor é algo de natural  insultar gente indeterminada , sem ter sequer a coragem e a preocupação de os identificar pessoalmente, mas objetivamente  certo de que os emporcalharia em conjunto. E, não identificando ninguém, ficaria também a coberto de qualquer resposta.

Enfim, um grilo falante da direita enraivecida. Ou como se diz: pela ópera se conhecem as gargantas.

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