sexta-feira, 11 de maio de 2018

Dois pontos de um soneto em prosa


        


 Dois pontos de um soneto em prosa


Ponto Um-

Ontem, a luz de um sol negro e profundo aprisionou-os numa aventura outonal. Hoje, sofrendo talvez ainda as pétalas frias desse outono, descansam desesperadamente num inverno que cultivam melancolicamente como se fosse o futuro.
O marulhar seco dos poderes, a cólera surda dos oprimidos, a palidez sufocada das ruas e os oceanos abertos do futuro desfilam indiferentes. Uma guitarra triste celebra os corações arrependidos.
Os povos erguem-se magnificamente dispostos a errar. Os amanuenses da política, breves cães de guarda, percorrem suas pobres ideias gastas como se estivessem parados num apeadeiro sombrio, dizendo aos comboios para não passarem.

Ponto Dois –

Miam como gatos, caminham como gatos, arranham como gatos. Garantem-nos que são cães. Devemos acreditar?

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