No dia em que se comemoram os duzentos anos do nascimento de MARX, resolvi publicar no meu blog um conjunto de sete poemas que o homenageiam. Foram publicados, pela primeira vez, no meu livro Sete Caminhos , editado pela Fora do Texto[Centelha] em Fevereiro de 1996. Era eu então deputado na Assembleia da República pelo Partido Socialista.
AO JOVEM
MARX
ousaste e viste
esse grito cercado que morria
cansado nas gargantas que o fechavam
ousaste e viste
esse grito cercado que crescia
liberto das gargantas que o calavam
abriste
a flor do fogo e a tempestade
e foi enorme tudo o que era simples
UMA VELHA FOTOGRAFIA DE MARX
Melancólico chega de outro tempo
trazendo no fundo dos seus olhos
um sopro
subtil de ternura
É apenas um homem que nos olha
arguto
abrindo as portas do mistério
E assim sabemos que no fim de tudo
paixão
é querer recomeçar
DE
MARX PARA ENGELS
Se um muro passasse
a meio de nós
uma parte de mim
estaria do teu lado
MARX
EVOCA ROSA LUXEMBURGO
Foste a rosa do vento repartida
entre
o sonho mais largo e a revolta
Em ti desabrochou a tempestade,
mas, na hora do medo e do terror,
colheu-te o teu destino e o cão da
História.
E no mais alto livro da memória
escreveu-se a triste dor do teu caminho.
MENSAGEM DE
MARX A TROTSKY
Os anos não morreram no teu peito.
Foste buscar o tempo, não esperaste.
Não esqueceste o futuro um só momento.
Ousaste a tua vida sem fronteiras.
Subiste a História como quem conquista.
Perdeste o teu olhar no horizonte,
rasgando cada dia mais além.
Não viste esse bolor que te envolvia,
sujo tempo das sombras que cercavam.
E tudo se perdeu, quando perdeste.
CARTA DE MARX A GRAMSCI
Ousaste as minhas ideias como se fossem
as tuas,
com esse rigor aberto dos mercadores,
dos poetas,
com esse sul nascido de palavras e de
estátuas.
Com teu extremo vigor, porém
tão leve,
rompeste o labirinto das ciladas.
Soubeste ser subtil, sendo inteiro.
Foste nós, pensando o outro lado.
Foste sonho dentro das ideias,
Política medida, verso a verso.
Em ti senti a própria liberdade
e fui ao fundo do que mais sonhei.
PENSAMENTO DE
MARX SOBRE GUEVARA
Uma asa de angústia no olhar
e
um sonho tão urgente que doía.
Seu largo coração aberto ao sul
sofria em si a dor de um continente.
Um puro diamante de revolta,
na solidão das Américas.