A verdadeira natureza do CDS e do PSD é a que aí está, na
miserável tentativa de aproveitamento político de quem morreu num incêndio de verão; nesse desbragado
saborear do roubo de armas num paiol do exército, que procuram somar rasteiramente
aos cidadãos que morreram.
Aflitos pelo esquálido apoio popular que lhe sugeriam as
sondagens, os “crísticos” do CDS e os “coelhosos”
do PSD agarraram-se a uma desgraça e a um roubo, como duas bóias de salvação, para
através delas poderem atacar e desgastar
o Governo.
Uma estranha alcateia de plumitivos graves, de inesperados
especialistas todo o terreno, de carpideiras zelosas e de hienas piedosas,
associa-se à direita encartada num enjoativo festival de imputações rápidas,
ansiosas por decretarem em praça pública o linchamento sumário deste governo.
Esta não é a sociedade que o povo de esquerda almeja, esta não é a nossa sociedade; por isso é
preciso melhorá-la, tornando-a outra. Isso não impede que seja nossa responsabilidade
responder com eficácia às adversidades que nela ocorram e construir uma solidariedade
que atenue o sofrimento das possíveis vítimas dos seus defeitos.
É nossa responsabilidade como partes
do povo de esquerda, como apoiantes deste
governo, como cidadãos que lutam por um futuro mais justo. E
naturalmente responsabilidade do nosso Governo, deste governo. Por isso, sendo
quanto a ele total a solidariedade que lhe devemos, é também total , em face dos
seus deveres, a nossa exigência.
Solidariedade e exigência eis o que devemos a este governo. Quanto à segurança das pessoas e quanto à segurança das armas. Estas vítimas,
quaisquer vítimas, os seus entes queridos e os seus amigos, merecem o nosso
respeito e a nossa tristeza. Não lhos regateamos. Merecem solidariedade e
apoio. Não podemos deixar que lhes faltem.
Mas não podemos sofrer
quando há vítimas por causa de um incêndio, mas ignorá-las se
morrerem às mãos da exclusão social gerada por uma sociedade desigual, às mãos
da pobreza. Queremos uma sociedade que faça diminuir todos os riscos para todos
os tipos de vítimas, não apenas para alguns. Não lamentamos algumas vítimas para
apagarmos a culpa de causarmos outras. Não ficcionamos o paroxismo
da indignação quanto às vítimas dos incêndios, para compensarmos a nossa defesa
de uma sociedade desigual que condena os mais desfavorecidos a uma exposição
permanente à desgraça.
A direita é a conservação das desigualdades que temos, da
injustiça estrutural da sociedade. Em muitos casos, chora no imediato por causa
das consequências a longo prazo do
modelo de sociedade que defende. A esquerda só tem razão de ser como
insurreição contra a injustiça e como solidariedade permanente em face das suas
vítimas. A direita, no caso em apreço, procura aproveitar-se da existência de
vítimas para conseguir o que não consegue de outra maneira. Em contraponto, o
dever deste governo, tal como de todo o povo de esquerda, é praticar uma solidariedade
plena em face das vítimas do incêndio, bem como de todas as outras vítimas e
pugnar para, no futuro, minorar acidentes e sofrimento.
O CDS , o PSD e a alcateia que os segue têm mostrado o que
são e quem são. Por isso, socialistas, gente do PS, não nos esqueçamos. Aprendamos de uma
vez por todas que com gente desta não se fazem acordos políticos. Nunca!
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