As próximas eleições para a Câmara Municipal do Porto, pela
combinação da personalidade dos principais protagonistas com o tipo de apoio
político de que dispõem, vão ter um significado mais fundo do que a superfície
institucional dos resultados.
Se soubermos libertar-nos da espuma de cada uma das
candidaturas, talvez cheguemos a conclusões curiosas.
Menezes protagoniza a conquista do Porto por Gaia, a
humilhação profunda das elites
portuenses, desafiadas por um franco-atirador populista da outra margem. O
facto de neste caso ser usada a veste do PSD é um detalhe. O ajuste de contas
com Rui Rio, um sofisticado tempero pessoal que sublinha o desafio e potencia
a humilhação . O instinto felino de Menezes leva-o a não ser excessivamente
explícito na sua cruzada para o desaparecimento da cidade do Porto, por
diluição num vasto subúrbio de si
próprio, com cheiro a Gaia. Onde os miguelistas falharam , Menezes quer
triunfar. A invicta deixará de o ser. É esse o seu desígnio estratégico
Moreira é a resposta das elites empresariais envolta na
patine cultural de uns tantos letrados de que a direita, que se sonha como
civilizada, tanto gosta de exibir. Uma resposta sintomática, dada por patrões que
se julgam modernos e se dispõem a dispensar o seu habitual pessoal político,
que talvez os tenha desiludido em excesso, para optarem por se sentar , desta vez directamente,
nas cadeiras do poder. Sendo talvez um certo receio pela insubtileza dos seus
políticos , é também alguma arrogância
directa do poder económico, convencido
que já pode dispensar a mediação dos seus núncios políticos.
Pizarro, persistente e discreto, vai procurar ser o tribuno
do povo portuenses, da classe média
republicana massacrada pela crise. Munido de um currículo político
suficiente para não ser considerado insignificante, um currículo que ao longe
parece cinzento mas que ganha cor e consistência à medida que o olhamos melhor,
procura mostrara-se à altura de um projecto que ele se esforça por mostrar que
é o verdadeiro centro
da sua ambição. É o nome liderante de uma área política que tem andado
esmorecida nos últimos tempos e a única possibilidade efectiva de impedir que
uma qualquer das direitas acima mencionadas continue a encerrar o Porto na
pequenez da sua sombra, capturando-o para uso egoístico dos seus interesses.
As outras candidaturas de esquerda, subjectivamente, são
expressões naturais e legítimas das áreas políticas que representam; mas,
objectivamente, são dois blocos de cimento atados ao pescoço de Pizarro que o
obrigam a um suplemento de esforço para se conseguir manter á superfície e
lutar pela vitória. Subjectivamente, concorrem para uma expressão completa da
cidadania portuense; objectivamente, são importantes bóias de salvação
oferecidas ás direitas portuenses.
Com Menezes, a aristocracia populista de Gaia tenta o cerco
do Porto, vinda de fora. Com Moreira, a aristocracia aristocrática tenta o
cerco do Porto, vinda de dentro.Com Pizarro , a invicta resiste.
1 comentário:
ENTÃO PARA QUE FORAM CRIADOS ESSES PARTIDOS?
A EXPRESSÃO ESQUERDA TEM DE TER CONTEUDO DE ESQUERDA|
A UNIDADE NA DIVERSIDADE É UMA COISA, OUTRA COISA É A DIVERSIDADE NA UNIDADE!
AO LONGO DOS ÚLTIMOS 50 ANOS SÓ VISLUMBREI RASTEIRISSE POR PARTE DA BURGUESIA INSTALADA. HOJE SER DO PS OU DO PSD VAI DAR NO MESMO, A CLASSE É A MESMA!
É TUDO UMA QUESTÃO DE CLASSE!!!
AS PESSOAS/PARTIDOS DA ÁREA GOVERNAMENTAL SÃO AS MESMAS.
O GRANDE PARTIDO DE ESQUERDA VIRÁ AO MUNDO QUANDO O TRABALHO VENCER O CAPITAL. E JÁ O VI MAIS LONGE!
RESPEITOSAMENTE DE "o cATRAIO"
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