sábado, 9 de fevereiro de 2013

A METÁFORA AUTÁRQUICA NO PORTO




As próximas eleições para a Câmara Municipal do Porto, pela combinação da personalidade dos principais protagonistas com o tipo de apoio político de que dispõem, vão ter um significado mais fundo do que a superfície institucional dos resultados.

Se soubermos libertar-nos da espuma de cada uma das candidaturas, talvez cheguemos a conclusões curiosas.

Menezes protagoniza a conquista do Porto por Gaia, a humilhação profunda  das elites portuenses, desafiadas por um franco-atirador populista da outra margem. O facto de neste caso ser usada a veste do PSD é um detalhe. O ajuste de contas com Rui Rio, um sofisticado tempero pessoal que sublinha o desafio e potencia a humilhação . O instinto felino de Menezes leva-o a não ser excessivamente explícito na sua cruzada para o desaparecimento da cidade do Porto, por diluição num  vasto subúrbio de si próprio, com cheiro a Gaia. Onde os miguelistas falharam , Menezes quer triunfar. A invicta deixará de o ser. É esse o seu desígnio estratégico

Moreira é a resposta das elites empresariais  envolta na patine cultural de uns tantos letrados de que a direita, que se sonha como civilizada, tanto gosta de exibir. Uma resposta sintomática, dada por patrões que se julgam modernos e se dispõem a dispensar o seu habitual pessoal político, que talvez os tenha desiludido em excesso,  para optarem por se sentar , desta vez directamente, nas cadeiras do poder. Sendo talvez um certo receio pela insubtileza dos seus políticos , é também  alguma arrogância directa do poder económico,  convencido que já pode dispensar a mediação dos seus núncios políticos.

Pizarro, persistente e discreto, vai procurar ser o tribuno do povo portuenses, da classe média  republicana massacrada pela crise. Munido de um currículo político suficiente para não ser considerado insignificante, um currículo que ao longe parece cinzento mas que ganha cor e consistência à medida que o olhamos melhor, procura mostrara-se à altura de um projecto que ele se esforça por mostrar que é o verdadeiro centro da sua ambição. É o nome liderante de uma área política que tem andado esmorecida nos últimos tempos e a única possibilidade efectiva de impedir que uma qualquer das direitas acima mencionadas continue a encerrar o Porto na pequenez da sua sombra, capturando-o para uso egoístico dos seus interesses.

As outras candidaturas de esquerda, subjectivamente, são expressões naturais e legítimas das áreas políticas que representam; mas, objectivamente, são dois blocos de cimento atados ao pescoço de Pizarro que o obrigam a um suplemento de esforço para se conseguir manter á superfície e lutar pela vitória. Subjectivamente, concorrem para uma expressão completa da cidadania portuense; objectivamente, são importantes bóias de salvação oferecidas ás direitas portuenses.

Com Menezes, a aristocracia populista de Gaia tenta o cerco do Porto, vinda de fora. Com Moreira, a aristocracia aristocrática tenta o cerco do Porto, vinda de dentro.Com Pizarro , a invicta resiste.

1 comentário:

Anónimo disse...

ENTÃO PARA QUE FORAM CRIADOS ESSES PARTIDOS?
A EXPRESSÃO ESQUERDA TEM DE TER CONTEUDO DE ESQUERDA|
A UNIDADE NA DIVERSIDADE É UMA COISA, OUTRA COISA É A DIVERSIDADE NA UNIDADE!
AO LONGO DOS ÚLTIMOS 50 ANOS SÓ VISLUMBREI RASTEIRISSE POR PARTE DA BURGUESIA INSTALADA. HOJE SER DO PS OU DO PSD VAI DAR NO MESMO, A CLASSE É A MESMA!
É TUDO UMA QUESTÃO DE CLASSE!!!
AS PESSOAS/PARTIDOS DA ÁREA GOVERNAMENTAL SÃO AS MESMAS.
O GRANDE PARTIDO DE ESQUERDA VIRÁ AO MUNDO QUANDO O TRABALHO VENCER O CAPITAL. E JÁ O VI MAIS LONGE!

RESPEITOSAMENTE DE "o cATRAIO"