Desta vez o animal escolhido através de mais um poema de Nicolás Guillen é a
LUA
Mamífero metálico. Nocturno.
Vê-se-lhe
o rosto comido por um acne.
Sputniks e sonetos.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Pela sua rica saúde!
Os senhores comentadores mais atentos informaram, com a inteligência que se lhes reconhece, que alguns Hospitais - Empresas deram prejuízo, embora não tenham deixado de acender uma tímida luz de esperança, ao informarem que um pequeno número trilha já a senda do lucro.
Algo preocupado um Senhor Administrador Hospitalar, por mais contas que faça,só vê que se possa poupar mais alguma coisinha, mandando os médicos para o mais fundo da província. Os médicos realistas não estão de acordo. Efectivamente, para quê desperdiçar médicos onde não há doentes que possam rentabilizar a sua presença?
Aliás, um deles afirmou peremptoriamente que o grande mal da saúde em Portugal são os administradores hospitalares, uma vez que ainda não têm como absolutamente certa a diferença entre um hospital e uma fábrica de cortiça. Os enfermeiros, pelo seu lado, estão justamente ofendidos por não lhes terem dado a importância suficiente para os acusarem de alguma coisa. Os outros técnicos de saúde não têm ainda a força suficiente para se sentirem ofendidos.
Quanto aos doentes, o excesso de parcialidade com que encaram a respectiva saúde, a paixão que põem na vontade de deixarem de estar doentes,não permite considerá-los como interlocutores cientificamente relevantes.
Atento ao risco de confusão, o Sr. Ministro da Saúde mandou, em tempo, elaborar um rigoroso estudo a uma credenciada multinacional, cujo índice de objectividade está bem patente no facto de os seus especialistas mais reputados ignorarem tudo sobre os cuidados de saúde em Portugal. Talvez por isso mesmo, nas altas esferas do Ministério espera-se deles a revelação luminosa de uma equação que definitivamente indique com objectividade a duração aceitável de uma doença em Portugal.
Aliás, sabe-se já que, em relatório preliminar, fazendo jus a esse saudável distanciamento,um destacado consultor da empresa americana "Sun and Money" apresentou três possíveis soluções ao Sr. Ministro:
1º Curar os doentes com mais celeridade, fazendo pagar uma taxa moderadora de importância crescente a todos os que se não curem num máximo de três dias úteis;
2º Eutanasiar os portadores de doença, cuja gravidade seja susceptível de implicar um investimento excessivamente prolongado para a sua cura;
3º Externalizar para a esfera de acção das bruxas e dos curandeiros as maleitas mais persistentes. A terceira hipótese tem a grande vantagem de o Estado não comparticipar nesse tipo de despesas, que aliás, nem são dedutíveis no IRS.
Os serviços competentes já asseguraram ao Sr. Ministro que todas as equações utilizadas estavam matematicamente impecáveis.
O Sr. Ministro está a reflectir sem preconceitos em tão científico artefacto, pois, como sabemos, não há modernidade que lhe escape.
Algo preocupado um Senhor Administrador Hospitalar, por mais contas que faça,só vê que se possa poupar mais alguma coisinha, mandando os médicos para o mais fundo da província. Os médicos realistas não estão de acordo. Efectivamente, para quê desperdiçar médicos onde não há doentes que possam rentabilizar a sua presença?
Aliás, um deles afirmou peremptoriamente que o grande mal da saúde em Portugal são os administradores hospitalares, uma vez que ainda não têm como absolutamente certa a diferença entre um hospital e uma fábrica de cortiça. Os enfermeiros, pelo seu lado, estão justamente ofendidos por não lhes terem dado a importância suficiente para os acusarem de alguma coisa. Os outros técnicos de saúde não têm ainda a força suficiente para se sentirem ofendidos.
Quanto aos doentes, o excesso de parcialidade com que encaram a respectiva saúde, a paixão que põem na vontade de deixarem de estar doentes,não permite considerá-los como interlocutores cientificamente relevantes.
Atento ao risco de confusão, o Sr. Ministro da Saúde mandou, em tempo, elaborar um rigoroso estudo a uma credenciada multinacional, cujo índice de objectividade está bem patente no facto de os seus especialistas mais reputados ignorarem tudo sobre os cuidados de saúde em Portugal. Talvez por isso mesmo, nas altas esferas do Ministério espera-se deles a revelação luminosa de uma equação que definitivamente indique com objectividade a duração aceitável de uma doença em Portugal.
Aliás, sabe-se já que, em relatório preliminar, fazendo jus a esse saudável distanciamento,um destacado consultor da empresa americana "Sun and Money" apresentou três possíveis soluções ao Sr. Ministro:
1º Curar os doentes com mais celeridade, fazendo pagar uma taxa moderadora de importância crescente a todos os que se não curem num máximo de três dias úteis;
2º Eutanasiar os portadores de doença, cuja gravidade seja susceptível de implicar um investimento excessivamente prolongado para a sua cura;
3º Externalizar para a esfera de acção das bruxas e dos curandeiros as maleitas mais persistentes. A terceira hipótese tem a grande vantagem de o Estado não comparticipar nesse tipo de despesas, que aliás, nem são dedutíveis no IRS.
Os serviços competentes já asseguraram ao Sr. Ministro que todas as equações utilizadas estavam matematicamente impecáveis.
O Sr. Ministro está a reflectir sem preconceitos em tão científico artefacto, pois, como sabemos, não há modernidade que lhe escape.
Para quem for a Paris
Musées parisiens : le choix de Marianne
Le 10/08/2007 à 23 h 59 - par Sarah Tuchscherer
Vous aimez les musées mais les galeries bondées du Louvre et d’Orsay vous font fuir ? Alors voilà pour les vacances une petite sélection de musées parisiens garantis 100% désertés (ou presque) mais qui méritent quand même une petite visite !
Musée du parfum Fragonard (1/3)
Au coeur du très chic quartier de l'opéra, l'hôtel particulier hébergeant ce musée du parfum ne détonne pas : normal, le bâtiment est l'oeuvre d'un élève de Garnier. A l'intérieur, le décor d'origine, cheminées, plafonds peints et stucs, est resté quasiment intact. Mêlé aux effluves venues de la boutique située au rez-de-chaussée, le tout crée une ambiance propice à un voyage dans l'univers cosy du monde du parfum.
Dans la première salle sont exposés des objets servant à l'extraction des essences, il existe trois procédés : l'enfleurage à chaud (également appelé macération) ou à froid et la distillation, le dernier étant le seul toujours utilisé de nos jours. Et tant pis si les explications sont succintes et assez confuses, après tout, on n'est pas à la cité des sciences ! La salle suivante rassemble divers objets de parfumerie : flacons, vases à onguent, trousses de toilette... Provenant de diverses aires géographiques (Allemagne, France mais aussi Grèce, Egypte) et de diverses époques (de la Rome antique au XVIIIème siècle), ils rappellent que le parfum n'est pas qu'un outil de séduction : sa fonction religieuse (ils faisaient office d'offrande aux dieux dans la plupart des civilisations antiques) ainsi que les vertus thérapeutiques (ils permettaient aux jeunes filles trop serrées dans leurs corsets de recouvrer leurs esprits) sont également évoquées. Puis vient l'époque de la commercialisation “de masse” et le début de ce qu'on pourrait appeler le marketing, bien loin cependant de nos codes actuels comme en témoigne la présence parmi les diverses étiquettes et affiches exposées d'un certain Docteur Laurent et de ses produits : le “savon au jaune d'oeuf” et le “Goudron de Norvège”. En fin de parcours, ce sont les essences, d'origine végétale ou animale telles le musc ou le castoréum qui sont à l'honneur. Une carte nous indique que si la vénérable maison use de produits de la région de Grasse (fleur d'oranger, mimosa, jasmin, lavande, violette...), elle en importe aussi de contrées plus lointaines (cardamome et fèves de Tonka d'Amérique du Sud, citronnelle et patchouli d'Asie, coriandre et sauge de Russie ou encore eucalyptus d'Australie). La présence d'un orgue à parfums permet d'imaginer le travail des “nez”, ces professionnels du parfum chargés d’assembler les senteurs. Sans surprise, la visite se termine dans la boutique du parfumeur où vous trouverez un grand choix de coffrets de luxe.
Musée du parfum
Rue Scribe, métro Opéra
Ouvert du lundi au samedi de 9h à 18h, dimanche et jours fériés de 9h30 à 16h
Le 10/08/2007 à 23 h 59 - par Sarah Tuchscherer
Vous aimez les musées mais les galeries bondées du Louvre et d’Orsay vous font fuir ? Alors voilà pour les vacances une petite sélection de musées parisiens garantis 100% désertés (ou presque) mais qui méritent quand même une petite visite !
Musée du parfum Fragonard (1/3)
Au coeur du très chic quartier de l'opéra, l'hôtel particulier hébergeant ce musée du parfum ne détonne pas : normal, le bâtiment est l'oeuvre d'un élève de Garnier. A l'intérieur, le décor d'origine, cheminées, plafonds peints et stucs, est resté quasiment intact. Mêlé aux effluves venues de la boutique située au rez-de-chaussée, le tout crée une ambiance propice à un voyage dans l'univers cosy du monde du parfum.
Dans la première salle sont exposés des objets servant à l'extraction des essences, il existe trois procédés : l'enfleurage à chaud (également appelé macération) ou à froid et la distillation, le dernier étant le seul toujours utilisé de nos jours. Et tant pis si les explications sont succintes et assez confuses, après tout, on n'est pas à la cité des sciences ! La salle suivante rassemble divers objets de parfumerie : flacons, vases à onguent, trousses de toilette... Provenant de diverses aires géographiques (Allemagne, France mais aussi Grèce, Egypte) et de diverses époques (de la Rome antique au XVIIIème siècle), ils rappellent que le parfum n'est pas qu'un outil de séduction : sa fonction religieuse (ils faisaient office d'offrande aux dieux dans la plupart des civilisations antiques) ainsi que les vertus thérapeutiques (ils permettaient aux jeunes filles trop serrées dans leurs corsets de recouvrer leurs esprits) sont également évoquées. Puis vient l'époque de la commercialisation “de masse” et le début de ce qu'on pourrait appeler le marketing, bien loin cependant de nos codes actuels comme en témoigne la présence parmi les diverses étiquettes et affiches exposées d'un certain Docteur Laurent et de ses produits : le “savon au jaune d'oeuf” et le “Goudron de Norvège”. En fin de parcours, ce sont les essences, d'origine végétale ou animale telles le musc ou le castoréum qui sont à l'honneur. Une carte nous indique que si la vénérable maison use de produits de la région de Grasse (fleur d'oranger, mimosa, jasmin, lavande, violette...), elle en importe aussi de contrées plus lointaines (cardamome et fèves de Tonka d'Amérique du Sud, citronnelle et patchouli d'Asie, coriandre et sauge de Russie ou encore eucalyptus d'Australie). La présence d'un orgue à parfums permet d'imaginer le travail des “nez”, ces professionnels du parfum chargés d’assembler les senteurs. Sans surprise, la visite se termine dans la boutique du parfumeur où vous trouverez un grand choix de coffrets de luxe.
Musée du parfum
Rue Scribe, métro Opéra
Ouvert du lundi au samedi de 9h à 18h, dimanche et jours fériés de 9h30 à 16h
Folha de S.Paulo :O mesmo animal numa outra língua
EUA
Republicanos querem que senador renuncie
DA REDAÇÃO
O senador dos EUA Larry Craig pôs sua carreira em risco após ter admitido culpa em uma acusação de assédio a um outro homem. O republicano foi pego em flagrante num aeroporto de Minnesota em junho.
Craig, 62, foi afastado pela liderança do partido de postos importantes em comissões parlamentares e ouviu o pedido de três de seus colegas republicanos no Senado para que renunciasse. Eleito pela primeira vez para o Senado em 1990, o senador veio a público anteontem afirmando ter se precipitado ao confessar culpa e dizendo não ser gay.
Republicanos querem que senador renuncie
DA REDAÇÃO
O senador dos EUA Larry Craig pôs sua carreira em risco após ter admitido culpa em uma acusação de assédio a um outro homem. O republicano foi pego em flagrante num aeroporto de Minnesota em junho.
Craig, 62, foi afastado pela liderança do partido de postos importantes em comissões parlamentares e ouviu o pedido de três de seus colegas republicanos no Senado para que renunciasse. Eleito pela primeira vez para o Senado em 1990, o senador veio a público anteontem afirmando ter se precipitado ao confessar culpa e dizendo não ser gay.
No Corriere della Sera: Um outro animal- o avesso
Senatore Usa antigay nei guai per molestie Larry Craig, repubblicano della destra religiosa, arrestato e condannato a dieci giorni con la condizionale STRUMENTIVERSIONE STAMPABILEI PIU' LETTIINVIA QUESTO ARTICOLO
Larry Craig (Reuters)
WASHINGTON - Dall'odio verso i gay a un'accusa per molestie sessuali a un poliziotto. Un senatore americano è stato arrestato in un bagno di un aeroporto del Minnesota per condotta oscena. Il senatore Larry Craig (repubblicano dell'Idaho) era stato arrestato l'11 giugno scorso all'aeroporto di Minneapolis da un agente in borghese dopo che il parlamentare lo aveva abbordato nel bagno maschile dell'aeroporto. Il senatore si era dichiarato colpevole alcuni giorni fa di comportamento «disordinato» all'aeroporto, ma solo adesso è emerso il vero motivo del suo arresto.
CHI È CRAIG - Craig, 62 anni, sposato, tre figli, ha diffuso un comunicato affermando che alla base dell'incidente dell'aeroporto «c'era un malinteso». Durante l'interrogatorio allo scalo, dopo l'arresto, il senatore aveva consegnato al poliziotto in borghese un biglietto da visita, che lo identificava come membro del Congresso, chiedendo: «Cosa pensi di questo?». Ma il poliziotto non aveva fatto marcia indietro. Il senatore era stato poi rilasciato e condannato a una multa di 500 dollari e a dieci giorni con la condizionale.
Il politico, che ha sempre sostenuto il divieto al matrimonio gay, ha votato contro l'inclusione della violenza omofoba nella legge sugli hate crimes e appartiene politicamente alla destra religiosa americana. Faceva parte inoltre dello staff per l'elezione del candidato presidente Mitt Romney, ma si è dimesso dopo lo scandalo.
29 agosto 2007
Larry Craig (Reuters)
WASHINGTON - Dall'odio verso i gay a un'accusa per molestie sessuali a un poliziotto. Un senatore americano è stato arrestato in un bagno di un aeroporto del Minnesota per condotta oscena. Il senatore Larry Craig (repubblicano dell'Idaho) era stato arrestato l'11 giugno scorso all'aeroporto di Minneapolis da un agente in borghese dopo che il parlamentare lo aveva abbordato nel bagno maschile dell'aeroporto. Il senatore si era dichiarato colpevole alcuni giorni fa di comportamento «disordinato» all'aeroporto, ma solo adesso è emerso il vero motivo del suo arresto.
CHI È CRAIG - Craig, 62 anni, sposato, tre figli, ha diffuso un comunicato affermando che alla base dell'incidente dell'aeroporto «c'era un malinteso». Durante l'interrogatorio allo scalo, dopo l'arresto, il senatore aveva consegnato al poliziotto in borghese un biglietto da visita, che lo identificava come membro del Congresso, chiedendo: «Cosa pensi di questo?». Ma il poliziotto non aveva fatto marcia indietro. Il senatore era stato poi rilasciato e condannato a una multa di 500 dollari e a dieci giorni con la condizionale.
Il politico, che ha sempre sostenuto il divieto al matrimonio gay, ha votato contro l'inclusione della violenza omofoba nella legge sugli hate crimes e appartiene politicamente alla destra religiosa americana. Faceva parte inoltre dello staff per l'elezione del candidato presidente Mitt Romney, ma si è dimesso dopo lo scandalo.
29 agosto 2007
2ª visita ao grande zoo
Segundo dia, segundo poema extraído de " O Grande Zoo", de Nicolás Guillen. Hoje o animal é conhecido. Ataca milhões de seres humanos.
A Fome
Esta é a fome. Um animal
todo olho e caninos.
Nada o engana ou distrai.
Nunca se farta à mesa.
Não se contenta
com um almoço ou jantar.
Anuncia sempre sangue.
Ruge como leão, agarra como gibóia,
pensa como pessoa.
O exemplar que aqui se mostra
foi caçado na Índia (subúbios de Bombaim),
todavia existe em estado mais ou menos selvagem
em muitas outras partes.
Não se aproxime.
A Fome
Esta é a fome. Um animal
todo olho e caninos.
Nada o engana ou distrai.
Nunca se farta à mesa.
Não se contenta
com um almoço ou jantar.
Anuncia sempre sangue.
Ruge como leão, agarra como gibóia,
pensa como pessoa.
O exemplar que aqui se mostra
foi caçado na Índia (subúbios de Bombaim),
todavia existe em estado mais ou menos selvagem
em muitas outras partes.
Não se aproxime.
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Um primeiro passo
Este blog foi buscar o seu nome a um livro de poemas de Nicolas Guillen publicado em versão portuguesa em 1973, pela editora centelha de Coimbra.
Lembremos um dos seus poemas dedicado a um dos animais existentes nesse grande zoo:
Guitarra.
Foram caçar guitarras,
em noite de lua cheia.
E trouxeram esta,
pálida, fina, esbelta,
olhos de inesgotável mulata,
cintura de madeira aberta.
É jovem, mal voa.
Mas já canta
quando ouve noutras jaulas
entoar sons e cantigas.
Tem na jaula esta inscrição:
"Cuidado: sonha".
Lembremos um dos seus poemas dedicado a um dos animais existentes nesse grande zoo:
Guitarra.
Foram caçar guitarras,
em noite de lua cheia.
E trouxeram esta,
pálida, fina, esbelta,
olhos de inesgotável mulata,
cintura de madeira aberta.
É jovem, mal voa.
Mas já canta
quando ouve noutras jaulas
entoar sons e cantigas.
Tem na jaula esta inscrição:
"Cuidado: sonha".
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