Homenagem
ao 25 de Abril
-
cinquenta anos depois
1.
Melancolia em Abril
As flores de Abril
já são conchas de pedra debruçadas no tempo,
violinos cansados pelos dedos antigos,
ou alarmes caindo
pelas escarpas do medo.
Mas os olhos em riste que desejam futuros
continuam escavando
sem os braços caídos.
Não deixemos que Abril seja folha caída
que o cortejo dos meses vai deixando para trás.
Não deixemos que Abril seja o tempo que passa
de si próprio perdido por não querer regressar.
Não deixemos que esqueça sua própria guitarra,
nem que fuja das ruas,
nem que seja saudade.
2.
A liberdade guiando o povo
Acenderam-se os cravos neste dia
numa festa de luz e alegria
e a liberdade saiu guiando o povo
pelos largos caminhos do futuro.
A Lisboa chegaram naus de esperança
vindas do sul do deslumbramento
e palavras de poetas foram ditas
em sonetos de audácia e movimento.
Cravos vermelhos nos jardina de Abril,
Capitães pela Pátria e liberdade,
cravos de sangue, cravos de combate,
flores do povo na eternidade.